Capítulo XXVI

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>Maria

Aproveito que é sábado e vou começar a mudar as coisas para a casa nova. E com isto, eu seria a pessoa mais feliz do mundo neste momento senão fossem aqueles malditos envelopes! Não recebi mais nenhum mas sei que não vale a pena iludir-me e achar que não é nada porque aquelas fotografias não chegaram até mim do nada. Alguém me seguiu, tirou as fotos e enviou-mas e isto com certeza faz parte de algum plano que eu ainda não consegui entender!

Enfim, tento não pensar muito nisto no momento e começo a empacotar os meus poucos pertences, contratei uma empresa bem baratinha que vai trazer uma carrinha para me ajudar a levar tudo. Como são poucas coisas, vou conseguir levar tudo hoje e limpar o apartamento, depois amanhã arrumo as minhas coisas por lá e na segunda já posso entregar as chaves do antigo apartamento.

Felizmente nem tudo corre mal...

-Onde nós vamos mamã?- João pergunta-me quando saímos de casa- Vamos ao paque?- ele pergunta entusiasmado.

-Não, nós não vamos ao parque, mas a mãe tem uma surpresa para ti- digo enquanto olho repetidas vezes para trás, certificando-me que ninguém me segue. Não vejo ninguém suspeito, muito menos um homem moreno e tatuado como me falaram na empresa.

-Uma supesa? O que é?- ele pergunta curioso desviando a minha atenção novamente para ele.

-Nós vamos mudar-nos para uma casa nova!

-Uma bem gande? E com jadim? Eu vou podele ter um cão?- ele pergunta com os olhos a luzir.

-Hum, não. Vamos continuar a viver num apartamento, sem jardim e sem cão. Também não é muito maior que a nossa antiga casa, mas é mais bonita.

-Isso quer dizer que nós vamos morar com o Steve, mamã?

-O QUÊ!?- grito mais alto do que pretendia-Não. Claro que não! Que ideia é essa?- pergunto chocada.

-Ah, eu pensei que vocês namolassem, como aqueles casais da televisão- ele diz inocentemente.

-Não! Nada disso. Eu e Steve não namoramos- apresso-me a esclarecer ressaltando bem a parte do não.

-Ah, está bem. Mas a gente não vai viver com ele?

-Não- de onde é que ele foi tirar esta ideia? Desde quando o meu filho é tão perspicaz? Como é que seria se ele dissesse isto em frente de Steve? Sinto as minhas bochechas corarem de vergonha só de pensar nessa ideia...

...

-Pronto para ver a nossa casa nova?- pergunto para João antes de abrir a porta.

-Sim!- ele grita dando pulinhos animado.

Assim que abro a porta ele desata a correr lá para dentro sem nem esperar por mim. Ele corre a casa toda muito entusiasmado enquanto solta alguns gritinhos de felicidade.

Sorrio ao ver a careta surpresa (e fofa) que ele faz assim que abre a porta do seu quarto.

-Uau, mamã!- ele diz- Isso é tudo para mim?

-Sim. Tu gostas?- pergunto mesmo parecendo bastante óbvio pela sua carinha.

-Sim mamã! Olha tem uma cama gande só para mim- ele diz entusiasmado já que ele ainda dormia no berço- E as paredes são azuis! E tem muito espaço para eu brincar!

João continua a percorrer a casa e a enumerar todas as coisas que gostou. Ele está radiante. E sinto o meu coração apertar de tanta felicidade que eu sinto por poder finalmente dar uma vida mais ''normal'' ao meu filho.

Começo a fazer as limpezas enquanto ele se entretém a explorar todos os cantinhos da casa semi-mobilada. Meia hora depois a carrinha das mudanças chega e ajudam-me a descarregar algumas das coisas. Deixo João a brincar no seu quarto enquanto subo e desço o prédio várias vezes para carregar todos os sacos.

Subo as escadas uma última vez, com o último saco cheio de roupa depois de os senhores da mudança já terem ido embora e depois de eu ter pago, é claro.

Ao chegar ao apartamento deixo o saco junto dos outros no hall de entrada e fecho a porta.

Quando volto para a cozinha para acabar as limpezas deparo-me com um envelope em cima da bancada.

Nesse momento o meu coração falha uma batida.

Alguém entrou dentro do apartamento e...

-JOÃO!!- berro em pânico correndo rapidamente para o corredor e depois para o seu quarto, abrindo a porta de rompante.

-O que foi mãe?- João pergunta levantando-se do chão assustado.

Respiro fundo repetidas vezes. Está tudo bem. João está aqui., repito para mim tentando acalmar-me.

-Mamã?- ele chama de novo- Está tudo bem?

-Sim- respondo ligeiramente mais calma- Está tudo bem, anda aqui- digo puxando-o para mim para abraçá-lo.

Apesar de saber que está tudo bem com João, isso não muda o facto de que o meu perseguidor esteve dentro da minha casa. Pelo sim pelo não dou uma volta à casa e ainda vou até o corredor e escadas para ver se vejo alguém. Mas como é óbvio já não vejo ninguém.

Deixo João voltar para o quarto para brincar e tranco a porta de casa. E com medo do que possa conter desta vez, deixo o envelope de lado o resto do dia e continuo com as limpezas e as arrumações.

...

Ao fim do dia estou toda partida, limpar um apartamento inteiro sozinha é dose. E ainda assim não consegui acabar tudo, ainda falta arrumar muita coisa, mas pelo menos o mais pesado já está.

Para além de todo o cansaço físico tem ainda aquelas fotografias misteriosas para me atormentarem. Ainda não tive coragem de abrir o terceiro envelope. Decido que vou tomar primeiro um banho para relaxar e depois trato de abrir aquela porcaria.

É um medo irracional, como se eu não abrir aquilo fosse resolver o problema. Mas entro em pânico só de pensar no que é que aquele envelope pode conter lá dentro.

Como devem calcular o banho não me relaxou. E acabo por abrir o envelope de uma vez.

Mais fotos, desta vez fotos minhas a entrar e a sair da imobiliária. E ainda um papel dobrado a meio. Parece que finalmente o meu perseguidor decidiu dizer-me alguma coisa em vez de me ficar a ameaçar silenciosamente:  ''Hey, tu! Eu estou a segui-te''. Desdobro o papel e leio o seu conteúdo.

''Mudar de casa não adianta. Não vais conseguir despistar-me. Vais pagar-me o que deves. Em dinheiro, com a tua vida ou com a vida do teu filho''.


[Oi? Como assim? O que é que está a acontecer? Deixem os vossos palpites, e os  vossos votos também são muito bem vindos ;) ]

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