Nem Tudo são Rosas | COMPLETA

Capítulo XXXVII

>Steve

O fim de semana demorou para acabar, mas enfim é segunda-feira! Vou poder finalmente ver Maria e fugir aos interrogatórios da minha irmã. Infelizmente ao chegar ao escritório já tenho um cliente à minha espera e não posso ficar à conversa com Maria. Limito-me a cumprimentá-la com um bom dia e a sorrir-lhe, um sorriso com segundas  intenções que a faz corar. Mal posso esperar que a reunião acabe para poder ir ter com ela.

Mas querer não é poder, e mesmo sendo o chefe eu tenho as minhas responsabilidades portanto depois do cliente sair do meu escritório uns telefonemas importantes prendem-me ao meu escritório mesmo contra a minha vontade. 

A minha esperança surge quando oiço bater à porta.

-Posso?- ela pergunta abrindo apenas um pouco a porta.

-Claro- eu respondo sorrindo. 

Apresso-me a encerrar a chamada para poder falar com Maria enquanto caminha até mim com um lindo sorriso no rosto.

-Eu venho só entregar a pasta com os documentos para a reunião de hoje à tarde e avisar que a sala de reuniões já está pronta. Ah, e não te esqueças que a reunião é às 14h- ela diz estendendo-me a pasta.

-Eu... ham... Obrigado?- digo confuso.

Maria sorri ainda mais com a minha resposta e vira-se para sair da sala deixando-me para trás ainda demasiado chocado para dizer alguma coisa.

-Oh- ela diz virando-se antes de chegar à porta- Já me ia esquecendo disto- ela diz caminhando na minha direção.

Assim que chega à minha mesa debruça-se sobre ela, puxa a minha gravata e cola os seus lábios nos meus. Sou apanhado tão desprevenido que demoro alguns segundos até reagir. Quando finalmente consigo mexer os meus braços para segurar o seu rosto, ela afasta-se, sorri e vira-se para sair, não sem antes me provocar mais um bocadinho.

-Bom trabalho- ela diz piscando o olho mesmo antes de fechar a porta.

Eu deixo-me simplesmente cair para trás, enterrando-me na cadeira.  E é neste momento que eu me apercebo de que estou totalmente rendido aos encantos de Maria. Ela é tão sexy sem ser vulgar.  responsável e séria quando é preciso e ainda consegue fazer joguinhos comigo deixando-me totalmente sem graça!

Quando me preparo para levantar e ir atrás dela o meu telemóvel toca. Reviro os olhos frustrado, parece que mais uma vez vou ter de adiar os meus planos.

...

-Maria?- eu chamo ao sair do meu escritório ao fim do dia ao reparar que ele está parada apoiada na sua mesa.

-Sim?- ela reponde virando-se para mim e passando a mão no rosto para limpar uma lágrima.

-O que é que se passa?- digo preocupado e aproximando-me dela rapidamente.

-Nada, Steve. Está tudo bem- ela diz tentando sorrir.

-Maria- eu digo segurando o seu rosto.

-É só que...- ela respira fundo antes de continuar- Lembras-te de eu me ter despedido? Porque eu tinha outro trabalho?

-Sim- eu respondo incentivando-a a continuar.

-Eu acabei de receber um telefonema e... Eles já não querem que seja eu ficar com o lugar.

-Porquê? O que é que mudou?

-Eles receberam uma denúncia anónima há uns dias atrás sobre eu estar possivelmente envolvida com um traficante de droga. Eles demoraram para tomar uma decisão mas no fim decidiram contratar outra pessoa para o cargo pois não queriam ninguém com este tipo de problemas a trabalhar com eles. Não me deram mais pormenores, apenas que eu estou fora deste trabalho e que já encontraram outra pessoa para me substituir.

-Achas que tem alguma coisa a ver com aquele tipo que te andava a ameaçar?

-Não sei, mas é provável que sim.

-Mas está tudo bem, Maria, foi provado que tu és inocente, que foste a vítima no meio desta confusão toda. É só falar com eles.

-Não vale a pena, Steve.

-Como não?

-Eles já falaram com outra pessoa para o cargo, por muito que eu prove que tudo é mentira eles já não confiam mais em mim e não vão voltar a trás de novo.

-Não fiques assim. Está tudo bem- eu digo abraçando-a- Pensa positivo, assim nós vamos continuar a trabalhar juntos- eu digo para a animar.

-Sério?- ela pergunta afastando-se ligeiramente de mim para me poder encarar.

-Claro!

-Mas... Eu pensei que já estivesses à procura de alguém para me substituir e...

-Hm, não. Por acaso eu ainda não procurei ninguém para ocupar o teu lugar e mesmo que tivesse, eu voltaria atrás.

-Obrigada, Steve. Eu não sei o que faria sem ti.

-Tudo bem- eu respondo acenando- E o que é que queres fazer agora?

-Como assim?- ela diz confusa.

-Então, o nosso dia de trabalho já acabou pensei que talvez pudéssemos fazer alguma coisa.

-Bem, por esta hora eu tenho de ir buscar João à escola- ela diz olhando para o relógio.

-Hm, ok...- eu digo pensando em qual desculpa vou inventar para passar mais tempo com ela porque parece que ela me está a despachar- E como é que ele está?

-Bem. Ah, e acreditas que no sábado ele fez um desenho nosso? Ele desenhou-nos no parque onde nós fomos da outra vez.

-A sério? Depois tens de me mandar uma foto disso, eu adoraria ver.

-E então porque é que não vens lá a casa ver?

-Agora?- eu pergunto apreensivo.

-Porque não?- ela responde como se fosse óbvio- Podes jantar connosco também. Se quiseres, claro. Se bem que eu aviso desde já que não sou grande cozinheira!

-Parece-me uma ótima ideia! Mas podemos passar por algum sítio para comprar o jantar, se preferires, assim não tens de cozinhar.

-Isso seria perfeito!- ela responde sorrindo.

Perfeito é poder estar contigo, eu penso mas não tenho coragem de dizer, parece-me demasiado lamechas.

-Vamos então?- eu pergunto oferecendo a minha mão.

-Claro!- ela responde segurando a minha mão.

Caminhamos lado a lado até ao elevador, passamos pelo átrio, descemos a escadaria principal, andamos pelas ruas até à escola de João e em nenhum momento as nossas mãos se separam. A não ser no momento em que ela abraça João que sai da escola a correr direto para os seus braços.

-Então campeão?- eu digo bagunçando o seu cabelo.

-Steve!!- ele diz animado estendendo os braços para me abraçar também.

No momento em que os meus braços envolvem o seu corpo e os seus o meu pescoço, o meu olhar e o de Maria cruzam-se. E o sorriso que ela deu nesse momento eu nunca vou esquecer.