Capítulo XVIII

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>Steve

-Eu vou bincar ali tio Ive!- James diz animado enquanto aponta as diversões do parque.

-Está bem mas não saias de perto de mim!- grito mas tenho quase a certeza que ele não ouviu visto que já está a correr em direção aos outros miúdos.

Faço sinal com a cabeça para o segurança se aproximar mais dele, nunca se sabe o que pode acontecer, numa família rica como a nossa todo o cuidado é pouco. Fico a observá-lo ao longe a brincar com as outras enquanto espero que minha irmã me traga o meu café.

  -Steve- oiço chamar- Por aqui?- pergunta Maria enquanto me viro.

-Maria- digo observando-a. 

Ela está bastante diferente do habitual. Com o cabelo solto e ondulado e um vestido florido parece mais nova e mais bonita também.

Ela olha-me curiosa e constrangida ao mesmo tempo. 

 -Eu vim com o meu sobrinho- esclareço por fim.

-Ah- ela limita-se a dizer.

  -Deves ter vindo com o teu filho, não?- pergunto olhando à volta tentando localizar o filho dela. 

 -Sim, ele está ali a jogar à bola- ela responde apontando com a cabeça para um pequeno grupo de rapazes que jogam à bola.

-Hu-hum- respondo ainda observando o jogo deles.

  -Já agora, a tua mãe gostou do presente?- ela pergunta de repente fazendo-me desviar o olhar para ela.

 -Sobre isso, ela adorou! Sério, ela gostou tanto que se chegou a emocionar quando lhe disse o significado das flores. Devias estar lá para ver a reação dela!

-Fico muito feliz que ela tenha gostado.

-Obrigada pela ajuda.

-Já disse que não precisas de agradecer.

-Ainda assim eu...

  -Steve! Ajuda-me aqui- a minha irmã interrompe.

Apresso-me a agarrar os cafés porque se não ia tudo parar ao chão, porque a minha irmã é simplesmente a pessoa mais desastrada do mundo. Acreditem.

Ela parece finalmente reparar em Maria à minha frente e olha-me sugestivamente. Com toda a certeza que Amora está a dar uma de casamenteira pensando que Maria é alguém especial na minha vida. Sim, porque ela e a minha mãe ainda não desistiram da ideia de que eu tenho de casar.

-Amora, esta é a Maria. Maria, é a Amora, a minha irmã- faço as apresentações.

-Olá! É um prazer conhecer-te- a minha irmã diz muito simpática.

-O prazer é todo meu- Maria responde levemente corada. Ela com certeza está bastante constrangida.

Como ninguém fala mais nada instala-se um silêncio bastante desconfortável entre nós.

-Eu interrompi alguma coisa?- a minha irmã acaba por perguntar. Ela com certeza está a pensar em coisas que não existem.

-Não- apresso-me a responder, enquanto Maria faz exatamente a mesma coisa.

Definitivamente, a minha irmã vai ficar a pensar coisas erradas.

-Bem é melhor eu ir indo...- Maria diz visivelmente atrapalhada.

-Oh, não! Porque não ficas connosco? Ou então podias vir almoçar lá a casa, não era Steve?- minha irmã sugere.

Dá para ser mais inconveniente? Sério, minha irmã não tem noção dos limites quando o assunto é casar-me. O que é que Maria vai ficar a pensar?

-Não. Obrigada pelo convite, é muito amável, mas eu não posso- Maria tem o bom senso de responder.

-Oh, uma pena. Numa próxima talvez...- Amora insiste.

O ambiente podia ficar novamente bastante desconfortável, mas então uma criaturinha muito fofa aproxima-se de Maria.

-Mamã- o menino chama- Vamos pala casa? Eu tenho fome- ele diz fofamente.

-Sim, meu querido, vamos já- Maria responde agarrando-o ao colo- Bom, foi um prazer conhecer-te, Amora. Eu agora tenho de ir. Até amanhã Steve.

-Adeus- minha irmã responde.

Enquanto eu não conseguido falar nada, fico apenas observando Maria e o filho. Quase parece uma daquelas cenas de filme da família perfeita, a não ser pelo facto de eu saber que a história deles é tudo menos perfeita. 

-Ei!- minha irmã diz estalando os dedos à frente dos meus olhos.

-Hã?- respondo.

-Hipnotizado, maninho?- a minha irmã provoca.

-Que ideia foi a tua de convidar Maria para ir almoçar lá a casa? Ela é a minha secretária!

-Secretária? Ahhhhh, desculpa como tu a apresentaste apenas como Maria eu não sabia que ela era a tua secretária. E vocês pareciam cúmplices, eu achei que...

-Achaste mal!- eu respondo irritado.

-Também não precisas de ficar assim, não foi nada demais!

-Como não? Tu convidaste a minha secretária para almoçar lá em casa como se ela fosse uma amiga íntima da família!

-Ok, tens razão, eu não o devia ter feito, peço desculpa. Mas vocês estavam os dois muito cúmplices e achei que estivesse a rolar alguma coisa entre vocês. E como tu nunca terias coragem de a convidar para ir lá a casa, eu decidi fazê-lo por ti.

-Amora, tens que parar com essa tua mania de me querer juntar com alguém. É sério.

-Tudo bem. Ela é casada?

-Quem?- pergunto confuso.

-A Maria- ela revira os olhos como se fosse óbvio.

-Não sei...- digo pensativo.

Agora que penso nisso, sei que o pai do filho morreu, mas ela pode estar com outro. Nunca reparei se ela tinha aliança, mas duvido que seja solteira.

-Ela não está com o pai do filho?- Amora pergunta curiosa.

-Não, ele morreu- respondo cauteloso devido a toda a história complicada da minha irmã.

-Oh- ela diz simplesmente- O filho dela é uma graça, não achas?

-Sim- respondo pensando na imagem de Maria com ele no colo- Apesar de nem o ter conhecido direito. Mal ele chegou ela foi-se embora, porque alguém foi muito inconveniente- digo em tom acusador.

-Tu querias que eles ficassem connosco mais tempo, era?

-Amora. Para- eu digo sério.

-Qual é! Ela é linda que dói, vocês parecem dar-se bem...

-E daí? Ela é minha funcionária, tem um filho, uma história complicada. Achas que eu vou dormir com ela e descartá-la depois?

-Óbvio que não! Mas uma relação séria, quem sabe?- ela insiste encolhendo os ombros.

-Tu sabes bem que eu não estou à procura de uma relação séria.

-Tudo bem, mas olha que o amor não avisa...

-Amora, para, por favor! Eu não gosto da Maria desse jeito! Ela é bonita, simpática, determinada, uma mãe incrível, mas eu não estou interessado nela, ok?

-Podes dizer o que quiseres. Mas o sorriso que eu vi na tua cara quando Maria agarrou o filho diz o contrário.

Não respondo e a conversa acaba por ali. Mas infelizmente a imagem de Maria com o filho ao colo não me sai da cabeça durante todo o dia. Gostava de ter falado mais com ela hoje, quem sabe assistir a mais momentos fofos entre ela e o filho. Começo a pensar seriamente se o convite que a minha irmã fez seria assim tão má ideia. Não que eu queira que ela vá lá a casa, mas gostava de passar mais algum tempo com ela sem ser no trabalho. Conhecê-la melhor e quem sabe desvendar todos os mistérios que o seu semblante preocupado esconde...

Nem Tudo são Rosas | COMPLETAOnde histórias criam vida. Descubra agora