Capítulo XXVIII

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>Maria

Os dias que se seguiram àquele telefonema foram uma correria! Entre acertar todos os detalhes do meu novo emprego, informar-me bem sobre a proposta que estaria a aceitar, assinar contratos, planear a construção da florista e ainda trabalhar como secretária na empresa, não deu tempo para mais nada. Incluindo ir à esquadra fazer queixa. É eu sei, é bastante irresponsável da minha parte, mas eu juro que não deu mesmo tempo!

Agora, depois de todas as burocracias tratadas, é hora de me despedir na empresa. Por lei, sou obrigada a avisar com um mês de antecedência que vou sair, portanto ainda me resta mais um mês de trabalho por lá.

E despedir-me não poderia ser mais fácil: é só entregar uma carta de demissão nos recursos humanos. Mas depois do que aconteceu entre mim e Steve, parece-me mal ele ser avisado pelos recursos humanos que eu vou sair da empresa. Portanto, eu decidi falar com ele primeiro e explicar-lhe a situação. Mas, é claro que as coisas não podiam ser tão simples assim! Porque depois de ter recusado o seu pedido para um encontro, ele ficou mais distante, frio e rude comigo. Não vou mentir, dói depois de tudo vê-lo tratar-me assim, mas também tenho plena noção que a culpa é, em grande parte, minha.

No entanto, apesar de mais distantes nos últimos tempos, eu ainda acho que devo falar com ele primeiro e sinceramente acho que ele vai entender se eu explicar a situação e ficar menos magoado com a minha decisão.

Sim, magoado, porque ele realmente parecia magoado no outro dia com o meu não.

E eu não quero de forma alguma magoá-lo, ele estava a ser uma pessoa incrível comigo antes de eu estragar tudo. Se o arrependimento matasse, eu já não estava mais aqui! Sério, ele parecia tão mal no outro dia e dói vê-lo tratar-me com tamanha indiferença.

É, talvez eu me tenha apegado a ele um bocadinho mais do que o aconselhável para não sofrer feito trouxa.

Tudo se resume então em um ódio inicial, uma lenta aproximação entre nós que deu lugar a alguns bons momento e outros bem constrangedores também, um problema sem jeito nenhum que nos levou de volta à estaca zero, ou pior do que isso, porque agora ele trata-me com indiferença. E é isto. Apenas isto, porque agora ao que parece vamos separar-nos. Assim que eu me despedir da empresa vai ser o fim.

E o fim do quê? De nada. Porque, na verdade, nada chegou realmente a acontecer entre nós. E agora é aquele momento em que o arrependimento bate bem forte porque sei que algo mais podia ter acontecido e fico a pensar nos e se?. Muita coisa podia ter corrido mal, mas depois penso em tudo de bom que podia ter acontecido. Nem que nós só saíssemos algumas vezes e depois ele me deixasse, o que importa é que eu teria aproveitado, teria vivido um pouco. 

Ok, tudo bem! Eu admito: talvez eu esteja MUITO apegada a ele, MUITO arrependida e com MUITA vontade de passar mais tempo com ele.

Depois desta enrolação toda, eu acho que já é tempo de ganhar coragem, levantar-me da cadeira e ir falar com ele.

-Sim?- ele responde assim que bato à porta.

-Posso?- pergunto entreabrindo a porta.

Ele limita-se a acenar e continua a prestar atenção nos papéis em cima da sua mesa.

-Eu gostaria de falar contigo- digo fechando a porta e aproximando-me dele.

Ele parece fechar ainda mais a cara com a minha fala, mas como não diz nada eu prossigo:

-Eu vou demitir-me da empresa- digo de uma vez.

-Como?- ele pergunta chocado levantando repentinamente a cabeça.

Nem Tudo são Rosas | COMPLETAOnde histórias criam vida. Descubra agora