Não dormi nada noite passada. Sonhava constantemente que morria de todas as formas possíveis: Quedas, perfuramentos, espancamentos, auto-combustão entre outras coisas dolorosas e nada convencionais. Desse exato modo que meu dia começou, parecia que tudo à minha volta queria me matar.
Acordei às 5:40 AM e vesti as roupas para trabalhar. Sempre que vou calçar meus sapatos eu os bato no chão para tirar qualquer animal peçonhento lá de dentro, caso haja, claro. Isso era mais um tipo de ritual matinal do que qualquer coisa. Era muitíssimo pouco provável haver algum "corpo estranho" habitando o sapato. Mas não dessa vez. Imediatamente quando os bati no chão, dois escorpiões amarelos caíram. Levei um susto, mas os esmaguei com os próprios calçados. Pensei ser muito azar de minha parte.
Enfim, saí de casa para pegar o ônibus e ter outro dia duro de trabalho. Enquanto estava no ponto, notei que tinha esquecido o dinheiro da minha passagem. Essa minha memória tem andado tão ruim ultimamente. Fui para casa novamente, peguei o dinheiro e voltei para aguardar o ônibus. Ao chegar lá, percebi que as pessoas estavam me observando de um modo meio estranho. Pareciam me encarar de alguma forma, enquanto uma sensação de que algo estava errado tomava conta de mim.
Dando graças a Deus pela chegada do ônibus, eu entrei e me sentei em um lugar próximo à janela (como o de costume). Durante a viagem fui pensando no que poderia estar acontecendo comigo, quer dizer, não me lembro de ter praguejado nenhum santo ou rachado espelhos. Sentia como se houvesse algo errado há tempos, bem errado. Meu raciocínio foi subitamente interrompido no momento que o semáforo ficou vermelho e o ônibus parou, no momento em que vi aquele ser pela janela embaçada. Sem cor, sem boca, sem vida. A única coisa que existia em sua face eram seus olhos, olhos bem vermelhos. De alguma forma, ele conseguia falar comigo. Era como se aquela voz penetrasse em minha mente.
"Morte" ela dizia.
O medo me atingiu de tal forma que fiquei paralisada. Que droga era aquilo afinal?
E antes que me desse conta, o semáforo abriu e o ônibus andou. Fiquei pensando naquilo o tempo todo. Seria o resultado daquela noite mal dormida?
Desci no meu ponto. Só precisava andar mais algumas quadras até chegar ao meu trabalho. Mas a cada passo que eu dava, aquilo aparecia. Sempre repetindo "morte". Acabei atravessando a rua e, como me distraí com aquela coisa, quase fui atropelada por um carro. Um carro que veio de lugar nenhum, diga-se de passagem.
Enfim cheguei a meu destino. Tudo pareceu correr muito bem no escritório: sem monstros e sem atropelamentos também. Quer dizer, muito bem até a hora do almoço. Fui tomar meu café, como de costume, e então notei que meus colegas me olhavam de uma maneira um tanto estranha. Ignorei aquilo na hora e dei a primeira golada. Grande erro. Não era café aquilo que bebi. Era algum tipo de ácido. Em meio à dor, aquela sensação correu por mim novamente, aquela sensação de que algo não estava certo. Eu não aguentei. Gritei muito, muito mesmo, perguntando o porquê de todos estarem fazendo aquilo comigo. Então, naquele exato momento, os rostos deles começaram a mudar. Em um instante todos tinham se transformado naquele ser horrendo que me perseguia.
Meu Deus.
Antes que pensassem em atacar, eu, sendo guiada pelo medo, corri.
Corri para a janela mais próxima e de lá me atirei. Não deixaria nem um deles colocar as mãos em mim. Nem um.
E durante a queda, durante aquela fração de segundos no ar que logo acabaria, levando-me ao chão; lembro o que me deixou desconfortável o dia inteiro:
Não tenho me lembrado de tomar meus remédios para esquizofrenia já faz um mês.
Essa minha memória tem andado tão ruim ultimamente...

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NÃO DURMA... (CONCLUÍDO)
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