O Primeiro Passo

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                Um par de olhos azuis e outro de olhos escuros, estão me olhando como se eu tivesse parido algum dejecto pelo orifício impenetrável. É mesmo, me olham como se minha cara tivesse pintada de merda e não conseguem desviar, quando na verdade estão há uma semana inteira curiosos em saber o que a megera foi fazer na nossa empresa.

Estamos na casa de nossa mãe naquele sábado que deveria ser glorioso. Eu tenho meu luxuoso apartamento no topo de um Aranha céus e Beau possui uma moradia ideal para as festas que adora dar. Na verdade, enquanto me encara, eu lembro de como costumava provocá-lo dizendo que não era nosso irmão pelas características diferentes e também pela forma como devorava qualquer prato que lhe pusessem na frente. Era um glutão nato, aquela boca de Pac Man devorava até a panela junto.

Então quem estiver interessada nele, lembre-se que é pela barriga que o vai fisgar. Mentira! No máximo se for o tipo dele, vai comer você além da sua comida e escapar entre seus dedos como água. Ao menos posso afirmar que ficará muito molhada.

Ivy, desde pequeno, nós é que tínhamos que o obrigar a comer. Jogos e músicas infantis que o fizessem abrir a maldita boca, só mamãe tinha tempo para tantos mimos, talvez por isso até hoje ainda viva com ela. Está para nascer quem o vai tirar das saias da dona Amanda.

— E então? — Beau até parece interessado em saber, mas não era como se fosse mudar alguma coisa em sua vida se eu não contasse. Nossa mãe se aproxima para reabastecer o prato do filho querido. — Obrigado, minha rainha.

— Eu não quero mais. — Impeço-a de encher meu prato com mais ovos mexidos com chouriço. Na verdade, por volta dos dezoito anos recebi a visita de algumas curvas da felicidade e se não prestasse atenção na alimentação podia passar de gostoso para gorduroso.

E eu não tinha esse interesse.

— Nada. — Finalmente respondo à Beau. Termino de beber meu café e olho para o meu irmão mais novo que mesmo sentado na outra ponta da vasta mesa, tem aqueles olhos acusadores fixos em mim. Ele quer saber, é curioso demais para se manter à margem. Não costumamos ter segredos entre nós, quase como um pacto, e é isso que mais incomoda Ivy.

Mas eu não quero explicar a Requisição Sacana que recebi, ainda mais tendo que a selar com um casamento absurdo – o qual diga-se de passagem espero conseguir contornar até a data – E levantar assuntos que já tínhamos enterrado no passado. Sabia que iriam entrar em pânico se lhes contasse que estava a ser chantageado por causa de algo que julgávamos muito bem resolvido.

— Tudo bem, você é que sabe. — Beau sabia que eu preferia omitir do que mentir, mas seu celular tocou e revirou os bonitos olhos iguais a piscina que refletia o bonito céu lá do lado de fora. O colocou no silêncio. — Cocktail da Solidari mais tarde?

— Você acaba de chegar de uma noite de festa! — Nossa mãe resmungou. Ainda estava junto do fogão que não deixava ninguém encostar mesmo possuindo um vasto leque de empregados disponíveis na mansão.

Sacana Profissional - Knox Steel #1Onde histórias criam vida. Descubra agora