Capítulo 8

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Um feliz casal, não muito jovem se abraçava em um canto pouco iluminado; na saída do túnel da estação Santa Cecília. .

Quando de repente um barulho os colocou em guarda, atrapalhando a troca de carícias e fazendo que ambos se escondessem de uma maneira suspeita; atrás de um dos pilares de sustentação da estação. Dois vultos com os rostos cobertos passaram e se posicionaram a uns seis metros, em outro canto escuro, próximos a uma lixeira. O casal mal respirava para não serem percebidos, e de bônus ouviram todo o diálogo daquela dupla sinistra, graças ao silêncio do local que dominava o lugar.

-- Tudo perfeito e no tempo previsto – falou o bandido, que havia acabado de assassinar o policial, sua voz agora estava anasalada e mais parecia com a voz de um papagaio.

-- Por que você não para de falar deste jeito, sabia que isso irrita? - disse isso mais por nervosismo da situação que presenciou.

-- Desculpe – mudou a voz para um tom bem mais grave – Passei tanto tempo treinando que acostumei a falar desse jeito, sempre acontece isso, às vezes passo dias falando com outra voz.

-- E por que cargas d água não usa a sua voz ao invés dessa também. Você quer me irritar. Com essa voz parece que engoliu um besouro.

-- Pare de ser tão irritante. Pensa que não sei por que está tão nervoso? Você já sabia cada detalhe do plano. Não gostei de assassiná-lo mais era necessário e fazia parte do plano, alguém tem que pagar o pato. Então sossegue e vamos logo tirar essas roupas, estamos quase no limite de nosso horário – disse isso e imediatamente tirando o capuz e as calças.

A palavra assassinato fez o casal escondido tremer.

-- Tenho que tomar uma atitude. – sussurrou para a companheira ao mesmo tempo em que tirava o celular do bolso.

-- O que vai fazer? – sussurrou assustada – Não faça isso, eles vão nos ver – puxou o companheiro mais para sombra.

-- Apesar de tudo que farei essa noite e de minha traição constante; assassinato é uma coisa que não posso aceitar – esticou um pouco o braço, focalizando um dos bandidos na tela do aparelho, apertou o botão, o baixo ruído emitido do aparelho ecoou no silêncio fazendo os criminosos se voltarem na provável direção, mas, nada viram.

-- Tem algo suspeito aqui. - afirmou mudando sua voz novamente – Vamos dar o fora, ainda temos trabalho. - pegou os pertences inúteis e jogou na lixeira, apertou firme contra o peito o estojo roubado, colocou-o sob as novas vestes e subiu a escadaria correndo. Foi seguido por seu companheiro assim que ele terminou de se trocar.

Esperaram alguns minutos antes de sair do esconderijo. Quando saíram, muito irritada e assustada a mulher começou a falar.

-- O que pensa que fez? Eles podiam ter nos visto e nada os impediria de nos matar também aqui mesmo. - suas mãos tremiam incansavelmente.

-- Eu tinha que fazer algo. É um dever tirar esses marginais de circulação – explicava com visível indignação -Vários companheiros de trabalho morreram nas mãos de gente assim, vai saber se não foi outro que morreu agora.

-- Desculpe! Sei o que quer dizer. Mas... Como vai entregar isso, sem ter que explicar o que fazia aqui nesse lugar – cuidar da boa imagem do amante já era um hábito.

-- Ainda não sei. Quem sabe você não pode fazer isso?

-- Claro e na primeira oportunidade os bandidos acabam comigo. Não senhor não vou me meter com isso.

A maldição das irmãs da morte.Onde histórias criam vida. Descubra agora