Capítulo 6 - 1933

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Revirei na cama pela decima vez hoje, estava com sono e irritada, tinha passado a noite em claro redesenhando hieróglifos, mas, o caderno da minha mãe não me diria nada mesmo se fossem letras. Os desenhos retos e diagramicos não tem muito a se parecer com as curvas constantes do livro que Noah tem lido comigo.

Me pergunto para que minha mãe teria um caderno embolados dentre os vestidos, eles não são uteis a menos que você saiba escrever e mulher alguma sabe. Me pus de pé, o estabulo fica duas horas de caminhada, se o sol sair de casa antes de mim não volto antes do Greff mimado vir ler mais.

Vesti os vestidos e as jaquetas, calcei as meias e corri pela casa a procura das minhas botas que não as encontrava em canto nem um

- Você viu minhas botas? – perguntei exaltada a quem pudesse ouvir da outra sala, as paredes finas da casa ajudavam nisso, todos se sentiam convidados a responder. A nova casa já não tinha teto pendente ou portas fora das dobradiças, mas era excessivamente grande.

Virei à direita na cozinha, Amber sorriu – Vi sim... estão nos pês do Ismin, papai o deixou usar, as minhas estão lá em cima – ofereceu.

Ismin e o mais novo de nós, ele e filho da tia Amélia, que sumiu uns anos atrás... o mais importante: ele sumiu com as minhas botas. As botas de Amber são muito grandes para mim, além de ter furos em muitos lugares. Normalmente Ismin ficaria em casa enquanto eu e Amber iriamos domar os cavalos, mas com Amber gravida ela fica em casa cozinhando e o Ismin passou de chef de cozinha a aprendiz de roca.

Todo o trabalho do estabulo agora se concentra em mim, com estas botas não sei se vou fazer muito. Peguei uma bota de minha mãe, ela estava tão ruim como a e Amber, mas ao menos cabe. Dizem que da má sorte usar roupas de mortos, já vou usei seu vestido no casamento de Amber, não deve ter problema em usar os sapatos também.

A estrada até o estabulo não e carroçável nos meses de chuva, muito menos nos dias de chuva. O imponente Gyoza não seria usado até o verão, então tenho tempo para doma lo. Por hora acho que nos dois merecemos um pouco de descanso. Depois de limpar me deitei no chão esperando a chuva passar. Noah Greff não viria com o livro num temporal desses.

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Quando acordei já era noite.

Noah nunca veio, ninguém veio.

Hoje eu descobri que isto e na verdade um diário. Me falta muito por entender ainda, mas obrigada por deixar isso para mim, mama.

Pelas folhas que deixei cair costuro aqui meu diário.

Eu nasci, eu chorei.

Eu morri, eu sorri.

Eu vivi.

Eis aqui meu testamento.

Obrigada por me mostrarem minhas raízes.

Álya - El Azabache [COMPLETA EM RASCUNHO - 1° ARCO] Onde histórias criam vida. Descubra agora