Prólogo

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"Crianças, durmam já passa da hora!" bradou a mãe enfurecida com dois garotinhos idênticos, loiros e pálidos que estavam em pé a sua frente, com os lábios em um sorriso e inocente e as mãos nas costas rogavam por brincar mais tempo, mesmo que o sol já tenha passado da linha do horizonte e mal possam ver a ponta do próprio nariz.

Jasmim estava preocupada. Já era tarde e seu marido não chegava. Jorge estava nas plantações de trigo o mês de colheita tinha acabado de começar quando descobriram o bebê. Passou a mão na barriga, ela tinha a sensação de que seria mãe de uma menina e internamente já tinha lhe dado um nome, Akla, semelhante ao nome que a pequena irmã do seu marido levava, mas individual o bastante.

Voltou o olhar para os seus dois pequenos, eles eram jovens, mas queriam ajudar principalmente se isso os tornasse em cobertas lama poeira e carrapichos. Tinham passado o dia espantando pássaros nas plantações.

Ela não podia trabalhar na colheita com sua recente gravidez, agora se dedicava a tecer. Os dois meninos nunca tinham trabalhado, mas tratavam de cuidar do irmão antes mesmo dele vir ao mundo. O dinheiro era apenas mais abundante que a comida, que vinha a poucos e poucos.

Mesmo os corajosos precisam purificar as lutas, o que pra eles quer dizer banho. A contragosto os tomou pelas mãos à modo de que não fugisse e os lavou rapidamente. A água estava fria. Ela sentia suas mãos congelarem. Tomando o primeiro da tina ela o secou e imediatamente depois pegou o segundo em um gesto robótico. Lavando seu cabelos, mãos e pernas com cuidado.

Ambos mantinham o olhar esperançoso pelo pedido mudo feito minutos antes, mas ela não deixaria que saíssem a brincar tão tarde, muito menos agora que estavam limpos em suas camisolas. Ela quase podia sentir o gosto salgado de lágrimas em si, iria chorar junto as crianças.

Nos primeiros meses dos seus garotos ela esteve, sim, sentimental, mas não tanto como agora, isso só confirmava sua hipótese de ser uma garota. Uma garota seria muito mais sensível do que àquilo que estava acostumada. Como mulher adulta ela se esquecer da emotividade de menina que agora sua bebé recém nomeada Akla traria.

Antes que a mãe notasse um par de braços a envolveu e ela relaxou um pouco, os gêmeos a tinham tentado em paciência durante todo o dia, mas agora que Jorge chegará eles aquietariam. "Ora Jasmim, deixe que brinquem, logo serão homens" justificou com o mesmo sorriso maroto que os garotos. A mãe se encolheu numa prece silenciosa por paciência, ritual que sempre fazia. Se sentiu apagada pelo abraço, o choro se foi e o mundo parecia fazer mais sentido, mas agora ela tinha raiva.

Vendo a reação da mãe que estava prestes a irritar-se os meninos ainda risonhos se aproximaram do pai, se entre olharam e pediram num uníssono perfeito "Papai, conte-nos sobre tia Álya novamente", seu pai adorava esta história tanto como eles e isso animaria a casa novamente, sabiam eles.

"Minha irmã era uma menina de cabelos negro-azabache, ela tinha o sorriso belo como da como vossa mãe e escrevia como ninguém na cidade tinha visto antes, uma Dompteur como a mãe dela e como eu" A isto Jasmim sorriu como quem entende a deixa "Nem uma garota podia escrever, os adultos diziam, mas a menina não dava ouvidos e escrevia, escrevia, escrevia. Mas um dia ela foi pega." Jorge movia as mãos teatralmente enquanto aninhava os garotos em seu colo, os meninos vibravam prendendo a respiração na história tão bem conhecida.

"Eu, esperto, descobri as notícias antes mesmo do sol levantar-se e fui rápido como um tufão em contar a Álya que dormia embolada em cima do meu monte de feno o qual eu nem mesmo pude usar na noite anterior, em vista da sua presença." Murmurou, ele ainda se sentia ressentido de não passar bem aquela noite, tem péssimas lembranças dos dias seguintes e acredita que teria sido mais fácil com uma noite bem dormida. Todos sabiam que Jorge cedia tudo a irmã mais jovem. "Em pouco tempo ela com suas peripécias inventou um plano, ouçam com atenção." repetiu o conto quase de forma cantada, como sempre.

"Álya me entregou uma muda de roupas do pai, social demais para uma fuga, ergui a sobrancelha em busca de informação más recebi um sorriso ladeado. Minha irmãzinha era inteligente e nisso tenho confiança, mas temo que esteja a ponto de matar tanto a nós como ao jovem William, meu irmão que ficou, William era tão chato como Seamus!" exclamou erguendo o menino carrancudo que começou a esbanjar gargalhadas enquanto o outro se chegava mais a mãe e a fogueira.

"Suspirei lentamente para não alertar a imaginação fértil de Álya enquanto vestia as roupas, agora pareço um nobre prussiano. E não um camponês da Nova Prússia, ninguém questiona um prussiano, muito menos um forte e aparentemente inconsequente. Aos poucos compreendia o plano." Disse agora em falso tom professoral quase sério.

"Ao virar a vi Álya, minha irmãzinha estava vestida com um dos vestidos de Renée, mãe dela, bela, muito parecida com vossa avó a quem nunca conheceu. Mesmo que eu não estivesse a caráter como ela isso era bom, essa pequena vila não tinha escravos por não ter ninguém com dinheiro o bastante, exceto, quiçá, algum dos nobres más para eles a situação de servidão e vassalagem e bem mais proveitosa, assim poderíamos nos passar por jovens ricos e nobres, ao menos eu o faria." Continuou com o tom de explicação agora dois tons mais escuros, com a voz claramente nublada pela saudade.

"Álya me tomou pela mão eu montei duas malas, uma pra mim e outra pra ela enquanto Álya o corcel negro, seu favorito e o selou" Ditou "Subimos ambos fomos em direção à saída de Abgetreten. "

"Em um dia e meio eu e a minha irmã nos separamos na entrada de Kilimpiro, ela me mandou seguir para a cidade, e disse que encontraria como ir, eu nunca mais a vi. Passei uma semana vestindo as mesmas roupas sujas com as que passei o dia viajando, ela levou a minha mala e me deixou os vestidos. Vestidos e dinheiro. Eu nunca consegui devolver" ela sabia que devia muito a Álya, graças ao seu dinheiro ela pode se casar com um homem muito honrado por quem se apaixonou.

Ele continua, "Mas foi assim como conheci sua mãe, filha do padeiro, e foi assim que tive vocês garotos, Valentim e Seamus. Eu os amo como a minha própria vida." Ele terminou com a mesma paixão de sempre, é, os contos da vida nunca perdem o gosto de brumas.

Álya - El Azabache [COMPLETA EM RASCUNHO - 1° ARCO] Onde histórias criam vida. Descubra agora