Em 1936 Órion morreu de causas naturais.
Não existe outro jeito de dizer isso senão pela pena que ele me ensinou a segurar. Pelo sangue do cordeiro eu clamo a alma do meu mestre que não morreu, o mataram.
Eu o matei, o matei por desgosto. O matei ao me juntar a Noah, o matei por sair cedo e voltar tarde e o matei naquele dia que disse que ele nunca mais me veria. Eu estava certa, apenas não sabia disso ainda. E agora não posso mais escrever, mesmo já tendo penitência o bastante resolvi rezar ave marias até desmaiar de sono.
Ainda rezava a quinta penitência no meu rosario barato de contas de madeira de pinho quando me dou conta de uma pedrinha envolta por papel e amarrada numa fita de cetim azul. Noah não consegue ser discreto mesmo em comunicações tão rudimentares.
Desenrolei a pedra apenas para encontrar poucas palavras. "Encontrei um nome pra ti, abra a carta que está debaixo do travesseiro"
Na carta Soren descrevia alegremente como tinha feito Rubens entrar e esconder a carta e colocar a pedra. Nem imagino o que teria acontecido ao pequeno Rubens se o tivessem visto com a carta, provavelmente teria a orelha presa ao Pelourinho ainda hoje. Me arrepiei e continuei lendo. Ele falava sobre o dono do meu novo nome "um garoto do último ano da academia cuja família caiu em desonra e que por isso não tinha dinheiro para terminar seus estudos" parecia bom. Ela pulou pras últimas linhas tenho consciência que nesse entremeio o menino falaria sobre como ele estava feliz na academia "Seu novo nome é Soren, use com discrição. Duvido que alguém aí da o procure, mas é bom ter cuidado. Está em divida comigo, vou cobrar, viu?
Seu melhor amigo e fiel servo, Noah"
Se o menino tinha sumido então Álya poderia usar seu nome alegando que o menino, em vergonha a usava como garota de recados para suas obras e vontades. Seria o plano perfeito, se não fosse pela maldita dívida com o pequeno nobre que ela chama de amigo. Bem, seria um longo ano.
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Álya - El Azabache [COMPLETA EM RASCUNHO - 1° ARCO]
Tarihi KurguEu simplesmente amo a vida e tudo o que ela oferece, pois sempre terá uma lição que pode ser aprendida. Eu amo escrever, no entanto sou proibida. No país machista onde chamo de lar, as mulheres são impedidas de escrever e, por conta disso, estou sen...