A Última Gaunt [EM HIATO]

3. A Copa Mundial de Quadribol

 — 𝓔stá com tudo aí, filha? Tem certeza? Não quer conferir de novo? — Gale apenas assentiu impaciente. — Se cuide. Não saia sozinha. E seja educada.

— Sim, mamãe. Eu não sou mais uma criança, sei me cuidar. Por Merlin, você não costumava ser assim em Nova Iorque.

— Você não costumava sair em Nova Iorque. — Gale deu de ombros com um sorriso e abraçou a mãe, despedindo-se e saindo na porta atrás do tio e dos primos.

— Frank, cuidado com as crianças! — Tina gritou da janela. — Não os perca!

— Mamãe, eles são adolescentes, não sapos de chocolate. — Frank disse, acenando e apressando o passo.

Era ainda tão cedo que a lua brilhava no céu, apesar do sol já estar dando indícios de que nasceria em breve, mas Gale estava feliz da mesma forma porque estavam indo assistir a Copa Mundial de Quadribol. Seu tio, Rolf e Arturo haviam passado na casa de seus avós para lhe buscarem para pegar a Chave de Portal que os levaria até o local. Os quatro vestiam roupas de trouxas e Gale estava reclamando por ter de fazer aquilo pela segunda vez em tão pouco tempo.

— Eu queria mesmo é que a Inglaterra tivesse passado para a final, eu estaria muito mais empolgado para ir. — Rolf disse calmamente, enquanto eles atravessavam a ponte medieval de Piddletrenthide.

— Você precisa de mais motivos para estar empolgado? — Arturo parecia que explodiria em fogos de artifícios a qualquer momento de tão excitado. — Você verá a final da Copa e ainda poderá um dia contar para os seus filhos e netos que viu Vítor Krum jogar! A Inglaterra deu um vexame, não podemos ficar lembrando disso quando teremos a fantástica Irlanda.

— Vexame? — Gale perguntou, lamentando estar alheia, já que não acompanhava tanto quadribol nos Estados Unidos, pois Quadpot era mais popular. — O que aconteceu?

— Perdeu para a Transilvânia. — Frank falou, entrando na conversa.

— Você esqueceu do detalhe mais importante, pai! — Arturo exclamou. — Por trezentos e noventa a dez. Foi terrível.

— Arturo! — Frank cochichou. — Você pode falar mais baixo? São cinco horas da manhã! Os trouxas estão dormindo.

— Desculpe, papai. — Ele sussurrou e voltou-se para Rolf: — Eu tenho certeza que Krum pegará o pomo, mas não sei quanto à Irlanda... A equipe está indo muito bem.

— Você acha que eles podem ganhar então?

— Talvez. Quem sabe? Seria fantástico! Eu adoraria que durasse cinco dias como da última vez... ou mais!

— Ah, Arturo, não diga isso. — Gale sussurrou. — Quadribol é o máximo, mas você não teria nada melhor para fazer por cinco dias?

— E o que poderia ser melhor que assistir quadribol? — Ele respondeu, os olhos claros brilhando no escuro. — Só mesmo jogar.

Ela ignorou a excitação do primo e apertou o passo para ficar ao lado de seu tio, que também vestia roupas trouxas e parecia não se importar com isso.

— Tio Frank, onde está acontecendo a copa?

— Bem, o Departamento de Jogos e Esportes Mágicos encontrou uma charneca deserta e instalou o maior número de precauções anti-trouxas possível. — Ele explicou. — O que foi difícil mesmo foi a organização. Afinal vêm uns cem mil bruxos para a Copa Mundial e, é claro, não temos nenhum local mágico grande o bastante para acomodar todos. Há lugares em que os trouxas não conseguem penetrar, mas imagine acomodar — ou tentar — cem mil bruxos no Beco Diagonal. O Ministério inteiro vem trabalhando nisso há meses; mesmo sua tia que está no Departamento de Acidentes e Catástrofes Mágicas. Primeiro teve-se que escalonar as chegadas. Quem comprou entradas mais baratas teve que chegar duas semanas antes. Um número limitado tem usado os transportes dos trouxas, mas não podemos ter gente demais entupindo-os. Alguns aparatam, naturalmente, o que eu faria se não fosse por vocês. Mas tem-se que escolher pontos seguros para esses bruxos aparecerem, bem longe dos trouxas. Para os que não querem ou não podem aparatar, usa-se os portais, que é como iremos. Já conhece, não é? — Ela assentiu. — Então, foram instalados mais de duzentos. O mais próximo de nós fica em Puddletown.