25. Não se Acostumar

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 ℰi, caiu da cama, Scamander? — Gale se sobressaltou ao ouvir a voz de Cedrico Diggory às suas costas. Ela estava descendo sozinha em direção ao Lago Negro e, como Cedrico apontara, era mais cedo que o necessário para estar ali. A maioria dos alunos ainda estava se arrumando nos dormitórios ou tomando o café da manhã no Salão Principal, mas Gale, que passara a noite em claro, já estava indo procurar um lugar na arquibancada disposta para a segunda tarefa do Torneio Tribruxo.

— Ced! — ela virou-se e sorriu, cansada. — Sozinho hoje?

— Sim — deu de ombros. Olhando para ele, Gale reparou em suas bochechas perfeitamente coradas e no sorriso ansioso que estampava seu rosto. — Acordei antes dos meninos, e Cho... não sei, na verdade. Não a vi ainda hoje, talvez tenha se atrasado para o café. — Cedrico ficou pensativo nesse momento, imaginando onde sua namorada poderia estar, mas ao olhar para sua amiga ao seu lado, viu que ela não parecia nada normal. — E você? Não costuma estar sozinha também, e está parecendo cansada... está tudo bem, Gale? Skeeter não lhe atormentou de novo, atormentou?

Com os olhos fixos na grama molhada sob seus pés, Gale deu uma risada fraca e sem humor. Levantou seus olhos rapidamente para Cedrico e viu que ele parecia realmente preocupado com ela, por isso forçou um sorriso, e encarou o horizonte. Uma névoa cobria os jardins de Hogwarts, tanto pelo horário cedo da manhã quanto pelo frio que ainda alojava a Grã-Bretanha.

— Está tudo bem sim, tive uma breve conversa com Skeeter dia desses, em Hogsmeade. — disse, e, com o canto do olho, viu que Cedrico sorriu, sem mostrar os dentes, e olhou para frente, como ela. Gale tratou de animar-se, ou pelo menos fingir, afinal seu amigo estava prestes a realizar mais uma tarefa do torneio, e não podia estar com mais uma preocupação (no caso, ela). — Mas isso não é o mais importante agora! Você está preparado para arrasar lá embaixo, Diggory?

Um olhar desafiador se estabeleceu no rosto da garota, que fez Cedrico gargalhar pela primeira vez no dia. Sua risada era como música, e isso fez com que Gale se sentisse mais leve verdadeiramente. Ele deu de ombros, e deu mais alguns passos enquanto pensava na resposta.

— Acho que estou. Teremos que ficar uma hora embaixo d'água, sabia?

— Ouvi uma coisa ou outra.

— Pois é. — Cedrico arregalou um pouco os olhos. — Parece loucura, mas o que posso fazer? O cálice me escolheu...

— Está arrependido? — Gale franziu a sobrancelha, curiosa. Seu amigo não parecia ter se arrependido em momento algum por ter se inscrito no torneio, essa era a primeira vez que ele dava essa impressão.

— Não! — Cedrico exclamou rapidamente. — De forma alguma! Essa é a maior honra da minha vida, Gale. Representar Hogwarts nesse torneio, ter sido escolhido entre tantos... isso já é uma grande vitória!

Gale sorriu e olhou para o garoto ao seu lado, evidentemente mais alto e maduro. O coração de Cedrico era tão bom que poderia ser usado para fazer uma varinha poderosíssima, assim como a sua, que possuía o núcleo de fibra de coração de dragão.

Eles chegaram até o picadeiro improvisado, e a ansiedade do lufano parecia estar prestes a explodir; estava, sem dúvidas, muito mais presente que minutos atrás, quando eles se encontraram. Consciente que, no momento, o problema de seu amigo era maior que o dela, Gale colocou-se à frente de Diggory quando ele parou com as mãos no bolso perto da pequena plataforma erguida para os campeões. Cedrico sorriu nervosamente, mas Gale tombou levemente a cabeça e acariciou o braço dele, lhe presenteando também com um sorriso.

— Fique tranquilo, Ced. — ela mesma estranhou como sua voz estava calma; Cedrico Diggory despertava esse efeito. — Ninguém nesse lugar é mais preparado para isso do que você. Sei que se sairá bem.

A Última Gaunt [EM HIATO]Onde histórias criam vida. Descubra agora