19. O Segredo Espalhado

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𝓣ina Scamander limpou a fuligem do roupão que usava ainda por sobre o pijama e saiu de dentro da lareira arrumando o cabelo, que usava curto desde sua juventude.

Lumus. — murmurou. Olhou ao redor da sala escura e perguntou-se há quanto tempo não entrava na casa de alguém na calada da noite, sem ser convidada. Provavelmente desde que se aposentara do cargo de auror.

Ela subiu as escadas rapidamente e parou na porta do maior dos três quartos da casa, que pertencia a Alene. A porta do quarto estava aberta, como costume que ela adquirira depois que Gale nascera, para ter certeza de que sempre ouviria se a menina a chamasse. Tina suspirou e sorriu ao ver a filha dormindo tranquilamente, virada de lado, com uma mão embaixo do travesseiro e a outra estendida em frente ao tronco. Um porta-retrato no criado-mudo mostrava ela e Althair, seu esposo, brincando com a filha de pouco mais de um ano.

Se aproximando de Alene, Tina lembrou-se do real motivo que a fizera ir até ali naquele horário e apressou-se em acordar a caçula.

— Alene, querida, acorde...

Com um salto, Alene sentou na cama e puxou a varinha escondida sob o travesseiro, apontando-a para Tina, que gritou para ela se acalmar.

— Mamãe? O que a senhora está fazendo? — Alene olhou para o relógio ao lado da cama que marcava seis horas da manhã e virou-se com uma expressão brava para a mãe.

— Antes que você reclame por eu ter lhe acordado, saiba que é algo sério e importante. É sobre Gale. — Tina adiantou-se.

— Gale? Está tudo bem com ela? Dumbledore avisou algo ao papai? — Ela pulou da cama, assustada, e vestiu um roupão, se protegendo do frio. — Lumus máxima!

Um ponto luminoso saiu da varinha rústica da mulher e, pairando sobre elas, iluminou o quarto.

— Não, não Dumbledore. — Tina pegou O Profeta Diário dentro do bolso e entregou à filha. — E, bom, acho que não podemos considerar que isso seja tudo bem.

Assim que os olhos de Alene bateram no jornal, Tina viu a mesma expressão que Newt vira no dela quando a ex-auror recebera o jornal: olhos arregalados, boca aberta e cada traço do rosto preenchido com pavor. Em seguida, ela sentou-se devagar na cama que estava atrás dela e acompanhou a leitura com os olhos muito rapidamente. Largou O Profeta Diário ao seu lado, respirou fundo e apertou a ponte do nariz com os dedos.

— Essa edição é de hoje?

— Sim, chegou há menos de uma hora em casa. Assim que a vi, viajei pelo pó de flu.

— Então a minha deve chegar logo também. E a de todo o resto da Grã-Bretanha. — Seus olhos desviaram para a foto do esposo no criado-mudo, como se suplicasse uma resposta. Tina percebeu.

— Querida, eu entendo que não é nada fácil. Acredite, para mim e para Newt também não foi, quando lemos. Mas você já passou por tanta coisa com Gale, e sempre conseguiram superar e resolver tudo da melhor forma possível. — Ao receber apenas silêncio como resposta, resolveu continuar. — Você é uma ótima mãe, Alene. E apesar de ter certeza que Althair seria um pai maravilhoso também se tivesse tido a oportunidade, você é mãe e pai da Gale, e faz suas tarefas sempre perfeitamente.

— Será, mamãe? Eu não tomei a decisão errada voltando para casa? Digo, as coisas estavam bem nos Estados Unidos.

— Ele não voltou, filha, então sim, você tomou a decisão certa. — Tina acariciou o cabelo dela, querendo poder simplificar a vida de sua caçula. — O que acha de eu preparar seu café da manhã enquanto você escreve para minha neta? Podemos toma-lo juntas.

A Última Gaunt [EM HIATO]Onde histórias criam vida. Descubra agora