337km | JIKOOK

Capítulo 6: Park Jimin

Aquela pergunta pegou Jimin de surpresa. Ele nunca havia pensado na possibilidade; nunca havia considerado que eles pudessem estar em um mesmo ambiente, frente a frente. Mas depois que esse pensamento surgiu, se tornou mais que uma necessidade. Alguns diriam que era loucura, outros diriam que era cedo demais. Jimin tinha uma certeza: era exatamente o que ele queria.

Depois de se perder em devaneios, decidiu que era hora de acordar. Jungkook aguardava uma resposta, a qual Jimin já tinha na ponta da língua. Ou na ponta dos dedos, no caso. Sua única preocupação era de que forma responder sem que parecesse muito desesperado - ou carente. Toda vez que pensava em digitar, acabava achando uma péssima ideia e reformulava tudo novamente. Minutos se passaram e ele ainda não sabia como soar empolgado, sem que estivesse se entregando.

Decidiu que utilizar o humor nessa hora poderia ser a salvação de um possível desastre virtual. Digitou, tomando todo o cuidado possível, o que ele achava que seria a melhor resposta.

Chat

[21:35] JIMIN: Eu esperava um convite mais formal, com letras cursivas em um papel bonito, envelope dourado e laços de fita. Mas vou dar uma chance para essa informalidade, porque o evento tem grandes chances de ser um espetáculo e tanto.

Apertou enviar, mas... Óbvio que o mundo conspiraria contra. Sem internet. Levantou da cama e foi desligar o roteador da tomada, aguardou dez segundos e ligou novamente. Nada. Repetiu o procedimento e foi até a geladeira tomar alguma coisa - sua boca já começava a ficar seca. Na volta, ligou novamente o roteador na tomada e aguardou. Nada. Pegou o celular e optou por ativar o 4G. Também nada. O desespero começou a tomar conta. Andava de um lado para o outro, se martirizando.

— Jimin, você é um imprestável! Inútil, desesperado e burro! — Ficar se culpando não ia resolver nada, mas era oque restara. — Por que essas coisas só acontecem comigo? POR QUÊ? — Sentiu vontade de jogar o roteador na parede, mas respirou fundo, tentando se controlar.

Procurou no celular o aplicativo de músicas. Selecionou uma, se jogou na cama e começou a encarar as paredes. Viu as rachaduras que subiam em direção ao teto, provavelmente por algum problema de umidade, já que em algumas partes a tinta descascava. Mais uma vez sentiu vontade de pintar tudo, mas desistiu em seguida. Achava desperdício de dinheiro investir em um local que não era seu. Por isso, desde que começou a morar naquele apartamento, preferia lotar as paredes de quadros, na esperança de que isso disfarçasse, nem que fosse um pouco, o desgaste do imóvel. Aproveitou que era cedo e começou a dar uma organizada na bagunça. Catou uma blusa jeans que estava pendurada na maçaneta, um par de meias embaixo da cama e mais algumas peças de roupas. - que não fazia a mínima ideia de como se espalharam pela casa inteira - e colocou todas no cesto, inclusive o que estava usando.

A máquina de lavar ainda batiam as toalhas. Por morar em um apartamento pequeno, sem espaço mo varal, o cesto parecia estar sempre cheio. Verificou o que mais estava fora de ordem e, depois de arrumar a casa da melhor forma que o cansaço permitia, foi tomar banho. Ajustou na temperatura mais quente, deixando a água bater na nuca e sentindo que aquilo aliviava tensão. Se o efeito era real ou psicológico, não saberia dizer, mas, para Jimin, era como terapia.

[...]

No dia seguinte, ao chegar à livraria, largou as coisas no balcão do caixa e saiu em busca de Hye. Deu uma olhada em volta, mas ela não estava em seção alguma. Retornou até os fundos da loja e entrou na porta que dava acesso ao depósito. Em um primeiro momento, o ambiente parecia estar vazio, até ele captar um pequeno movimento entre algumas caixas no canto direito. Como nunca houve problemas com ratos ali, aquilo só poderia significar uma coisa...