A ARTE ÁRABE

180 3 0
                                    


Os Arabescos

Em 622, Maomé se exilou em Medina, Madinat al-Nabi, ou cidade do profeta. De lá, graças à atuação dos sucessores do profeta, os califas, o Islamismo se expandiu rapidamente pela península, alcançando a Palestina, a Síria, a Pérsia, a Índia, a Ásia Menor, o Norte da África e a Espanha. A origem nômade dos muçulmanos não impediu que, após algum tempo, fossem estabelecidas e assentadas definitivamente as bases de uma estética própria desses povos.

Como isso envolveu um certo número de países, traços estilísticos dos povos conquistados foram absorvidos e adaptados, transformando-os em sinais de identidade. As cúpulas bizantinas são aplicadas nas mesquitas e a tapeçaria persa incorpora o colorido dos mosaicos.

O islamismo aboliu a arte figurativa, dando ênfase aos motivos geométricos e abstratos, surgindo os arabescos, combinando ornamentação com caligrafia. As letras gravadas numa parede recordam, a quem as contempla, que aquela é uma obra feita para louvar Deus.

Tapetes

Os tapetes e os tecidos têm um importante papel na cultura e na religião islâmicas. Com eles os nômades decoravam o interior das tendas e, à medida que se tornavam sedentários, seda, brocados e tapetes foram usados na decoração de seus palácios e castelos. No aspecto religioso, os tapetes são de fundamental importância, no aspecto funcional, pois o islamismo exige o crente, quando reza, não fique em contato com a terra.

Os tapetes fabricados antes do século XVI, chamados de arcaicos, eram verdadeiras obras de arte do artesanato, possuindo tramas com 80.000 nós por metro quadrado. Ganharam fama especial os tapetes da Pérsia por sua trama composta de nada menos que 40.000 nós por decímetro quadrado. Os artesãos mais importantes foram os das cidades de Shiraz, Tabriz e Isfahan, no Oriente, e Palermo, no Ocidente. Os motivos clássicos utilizados são os florais, caça, animais, plantas e geométricos.

Pintura

A pintura islâmica expressou-se através de afrescos, com raras obras em bom estado conservadas até hoje, e miniaturas. Os afrescos eram usados para decoração de paredes, com cenas de caça ou do cotidiano, semelhantes no estilo à pintura dos gregos, com influências das artes indiana, chinesa e bizantina.

As miniaturas foram usadas para exemplificar textos científicos e ilustrar obras literárias.

Arquitetura

As mesquitas islâmicas foram construídas, em sua maioria, num período compreendido entre os séculos VI e VIII. Todas elas seguem um modelo quadrangular básico, inspirado no modelo da casa do Profeta, em Medina.

Essa casa tinha um pátio no lado sul e duas galerias cobertas de palha, sustentadas por troncos de palmeira. Na área coberta, eram feitas as orações. As fontes do pátio eram usadas para abluções. A casa servia para reuniões de oração, discussões políticas, hospital e refúgio para os necessitados, funções estas que foram transferidas depois para as mesquitas e edifícios públicos.

A arquitetura das mesquitas não se limitou à simplicidade e à rusticidade da construção da casa de Maomé, mantendo-se, porém, a preocupação com a preservação de formas geométricas, como o quadrado e o cubo. A cúpula de pendentes, que tornou possível cobrir um quadrado com um círculo, foi amplamente utilizada na edificação das casas de oração.

As residências dos emires eram normalmente palácios quadrangulares, cercados por sólidas muralhas, semelhantes a fortalezas, ligados à mesquita por pátios e jardins. Nesses palácios, o aposento mais importante era a sala do trono, ou diwan.

Uma outra construção característica do Islã foi o minarete, uma torre alta, de formato cilíndrico ou octogonal, no exterior da mesquita. Dali o almuadem ou muezim faz chegar aos fiéis o convite para as orações. A arquitetura do mundo árabe se destacou também na construção de mausoléus destinados aos santos e aos mártires.

Joias

A ourivesaria árabe é marcada pela criação de peças de elevado valor artístico e estético. Jóias femininas se caracterizam pela delicadeza e pelos pingentes, bem a gosto da mulher árabe. Adagas e espadas são elaboradas com a aplicação de pedras preciosas, tornando-as verdadeiras obras de arte. Em tudo, percebe-se um toque quase sagrado, característica de um povo que, em tudo o que faz, vê e louva a obra divina.

A história da ourivesaria árabe começou quando artesãos começaram a usar seus recursos naturais e elevaram a atividade ao nível de uma verdadeira arte. As criações mais comuns são brincos, colares, pulseiras, pingentes, braceletes e anéis.

Muitas culturas influenciaram isso, como conseqüência natural da expansão islâmica. A religião influenciou a inclusão de arabescos. Caixinhas de amuletos, contendo papel fino com versos do Alcorão para proteger seu portador, eram muito comuns. Devido à existência dos Cinco Pilares da Fé, braceletes ou anéis são usados em número de cinco. São comuns brincos com cinco contas. Uma jóia singular consiste em um grosso bracelete, preso a cinco anéis, um em cada dedo.

A cor das pedras tem um significado específico. Verde, azul e vermelho são usados para proteção. Pela mesma razão, turquesa, ágata, coral e contas de vidro coloridas são materiais populares.

Às joias também são atribuídos poderes mágicos especiais. A turquesa, por exemplo, afasta o mau-olhado. Sininhos presentes em vários tipos de peça são usados para afastar espíritos maliciosos. Crianças usam joias, mas, para os homens, o uso de joias de ouro não é tolerado pela religião. Para as mulheres, as joias são adornos e símbolo de sua posição social. Normalmente ela é presenteada quando noiva e, mais tarde, quando se torna mãe.

Mesmo as mulheres mais pobre usam algum tipo de joia. Isso é possível pelocostume do dote, que torna as joias recebidas pela noiva como sua propriedade pessoal.Há casos de mulheres que iniciaram seu próprio negócio ou ajudaram a família emdificuldade vendendo suas joias.     

COSTUMES E TRADIÇÕES ÁRABESOnde histórias criam vida. Descubra agora