Capítulo 9 - Prometo

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*Lin POV*
Eu continuei na posição que estava por mais alguns minutos, fiquei sem saber o que fazer ou dizer no momento, talvez meus olhos estivessem bem abertos e sem piscar esse tempo todo e eu demorei pra perceber, até que acordei do momento de transe e chacoalhei minha cabeça, tentando voltar ao normal, afinal tinha sido apenas um... BEIJO?!
- Ei! O que foi isso? Por que fez isso? – perguntei em um tom de certa forma revoltado e o empurrei
- Me desculpa! Você não ia calar a boca. – ele fez uma cara de assustado enquanto desequilibrava um pouco após meu empurrão
- E essa era a melhor forma de me calar? Sério mesmo? – falei, ainda revoltada, o desafiando
- Olha, eu já me desculpei. Se você não quiser olhar na minha cara, tudo bem, eu vou embora. – fui surpreendida por suas palavras, eu nunca disse aquilo.
Eu não queria que ele fosse embora, pelo contrário, acho que já estava começando a gostar dele de verdade.
- Não foi isso que eu quis dizer, só fui pega de surpresa, não quero que você vá. Só não sei o que pensar, okay?
- Até parece parece que você não quer me ver bem longe daqui, eu só te trouxe mais dor de cabeça, já foi muito você ter passado pelo acidente. – falou visivelmente desanimado.
- Não é bem assim, você não me trouxe dor de cabeça... tá, talvez um pouco, mas nada demais. Ah, esquece o que eu falei. Eu gosto da sua presença aqui, minha vida costumava ser solitária e chata – admiti, um pouco receosa.
Jiyong parecia prestar atenção em cada palavra que saía da minha, enquanto o mesmo encarava a janela atrás de mim. Acho que havia muito mais do que isso que eu tinha pra falar, mas estava me decidindo se iria expor o que eu estava sentindo tão rápido assim, se nem ao menos eu tinha certeza do que eram esses sentimentos.
Depois de um certo tempo, comecei a ficar um pouco impaciente com seu silêncio.
- E então, não vai falar nada? – indaguei enquanto balançava meus pés de forma incessante.
- O que eu deveria falar? Nunca imaginei que logo você iria dizer que gosta de estar perto de mim. – respondeu, tirando os olhos da janela e encarando suas mãos.
Fiquei um pouco paralisada e provavelmente já estava com as bochechas coradas, as vezes acho que não penso antes de falar. Apesar disso, o que eu disse era verdade. Realmente gostava da sua companhia.
- Bom... é a verdade. Olha, eu acho que tem muito mais do que isso pra eu te falar, eu só não tenho certeza. Talvez seja só uma lembrança, mas talvez seja algo que nunca se apagou em mim, e pode ser mais atual do que nunca. – parei um pouco, tentando recuperar o fôlego e a coragem pra falar – Eu nunca parei de gostar de você, Jiyong. Nunca. Esse tempo todo, eu sempre lembrei de você, mas eu sempre neguei, por que achava que você não seria o tipo de pessoa com quem eu daria certo, mas no final, eu sei que a gente é muito parecido.
Ele já me encarava, olhando fundo na minha alma, seu olhar era marcante demais pra se reduzir apenas aos olhos.
- Você sabe de uma coisa? Eu acredito muito em destino, certo?! E talvez, só talvez, isso tudo tivesse que acontecer. – declarou, enquanto me encarava.
Tudo com ele parecia ter algo a mais. Tínhamos uma ligação profunda e esquisita, pelo fato de nunca termos sido próximos o bastante para estabelecer algo do tipo, algo que é mais comum quando se tem uma amizade. O olhar sempre foi um elo entre nós, quando falam de telepatia e esse tipo de coisa, as pessoas costumam brincar, mas parece que nosso caso realmente existe isso.
Uma das coisas que eu mais quis fazer quando eu era completamente apaixonada por ele na adolescência era olhar em seus pequeninos e brilhantes olhos e dizer o quanto ele era importante pra mim, mas parecia muito idiota fazer aquilo pra alguém que eu fingia odiar ou desprezar e que mal falava comigo. E era exatamente o que eu ia fazer dali em diante, já que nós estávamos nos olhando por um tempo, e eu já começava a soltar um sorriso involuntário e ele respondeu com outro.
- Nós não vamos nos beijar agora? – Jiyong falou num tom insinuante, olhando pro lado e depois rapidamente em minha direção, sorrindo.
- Cara, você acha mesmo que eu te beijari- – de novo fui interrompida por um beijo dele, mas dessa vez eu fiz de propósito, eu sabia que ele faria de novo, e era isso que eu queria, pelo jeito ele entendeu.
Agora foi um beijo mais demorado e lento, acabou sendo mais natural e mais leve também, afinal, nós descobrimos que precisávamos um do outro e estávamos nos conhecendo novamente naquele momento. Acho que depois de tudo, depois do fim do colégio, depois que deixamos de nos ver, depois do acidente, nada mudou, nós sempre ficamos a procura de algo para nos preencher, mas nunca soubemos de verdade o que era, apesar de termos gostado um do outro por esse tempo todo, a falta de proximidade entre nós nos deixou perdidos e sozinhos.
Nós ficamos parados, olhando um para o outro, eu observava cada detalhe de seu rosto enquanto alisava sua bochecha, seus lábios em forma de coração, seu olhar calmo e incisivo, cada fio de seu cabelo cor de cenoura que eu amava tanto, sua tatuagem com a data de nascimento em números romanos no ombro. Simplesmente não conseguia parar de olhar para ele, ainda segurava seu rosto em minhas mãos enquanto ele me encarava docemente.
- Me promete uma coisa? – ele quebrou o silêncio duradouro.
- Fala. – respondi
- Promete que nunca mais vai passar tanto tempo sem me deixar te ver? E que se acontecer, não seja por um acidente? – senti um certo embargo em sua voz
- Claro que prometo, me sinto mal por não ter aproveitado naquela época e ter falado logo, mas nosso orgulho era maior do que tudo. Agora me tira uma dúvida, por que você não ficou surpreso de ter me encontrado logo em um acidente? Você não parecia assustado de me ver. – tirei aquilo da garganta, tinha essa indagação na cabeça fazia muito tempo.
- Eu me assustei sim, mas pra começar, eu fiquei sabendo que você morava e trabalhava por aqui, então eu andei passeando por aqui esses dias. Infelizmente foi do pior jeito que nos encontramos, mas não tinha muito o que fazer, eu precisava me redimir de ter passado tanto tempo sem falar o que eu sentia por você, então decidi mostrar o quanto você é importante pra mim cuidando de você. Espero que eu não tenha te deixado paranoica já que você não lembrava de mim.
- Sabe, eu acho que eu sempre lembrei de você, eu sentia que te conhecia de algum lugar, mas não sabia de onde, até você me ajudar na recuperação e me lembrar de quem você é. – agradeci e o abracei pelo resto da tarde, enquanto estávamos no silêncio da sala.

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