SUJOS

Não confio

Deve ser por volta do meio dia, ainda estamos na mesma floresta, varios quilometros nos distanciam no nosso ponto de partida, mas não me sinto seguro. A nova ordem com certeza estão a nossa procura, é possivel que nos rastreiem até aqui.

Houve uma briga pela manhã. Um dos garotos entrou em discussão com alguém por alguma coisa e um terceiro não teve paciencia e... Debois de socos e pontapés foram separados, mas estamos tomando cuidado para que não fiquem proximos um do outro, pelo menos não até essa viagem acabar.

Arthur e eu conversamos horas e horas a noite passada, conheci um pouco sobre ele e confesso que sinto certa adimiração. Ele tem vinte e tres anos e sabe como funcionam os Centros de Purificação, que ele chama de CPs. Diferente de mim ele pensa muito nos outros, é capaz de dar a vida por uma causa que acredita.

Me sinto um pouco egoista. Eu não me importo de verdade com essas pessoas, estou com elas por falta de opção, mas preferia estar sozinho. Não é como se eu tivesse alguma coisa contra eles, mas também não tenho nada a favor.

O grupo para de andar e percebo que a ordem partiu de Arthur. Todos estudam o caminho a frente e decido fazer o mesmo.

Estamos saindo da floresta, posso ver aonde as arvores acabam e começa a plantação de trigo, eu acho, Devemos estar no território de muma fazenda. Os murmurios sobre o que fazer começam, alguns dizem que devemos seguir em frente e passar pela plantação escondidos. Não queremos que os donos da fazenda nos veja, se isso acontecer podemos ser denunciados. Outros opinam por dar a volta na fazenda pela floresta, mas antes que qualquer decisão pudesse ser tomada...

- Vejo que temos invasores na nossa fazenda.

Todos olhamos assustados para o homem que fala. Ele está bem próximos de nós, chegou sorrateiramente acompanhado de mais dois. Ele segura um espingarda modelo antigo, o que nos deixa ainda mais preocupados, pois está pode matar. Aparenta ter entre vinte e cindo e trinta anos. No seu lado direito um garoto da minha idade segura um revolver também antigo, parece amedrontado, sua mão treme. No lado esquerdo um senhor por volta de seus cinquenta anos segura uma outra espingarda, mas ele diferente dos outros não aponta a arma para nós.

- Abaixe está espingarda Gabriel. - Disse o mais velho vindo em nossa direção. O homem com a espingarda olha para ele seriamente, como se não concordasse. - Faça o que eu digo menino. Você tambem Samuel. - Os dois mais novos baixam as armas relutantes.

Continuamos onde estamos sem saber ao certo o que fazer. Estou pronto para sacar a arma presa na calça.

- O que tanta gente faz andando por esses lados do Édem? - O homem pergunta depois de parar proximo de nós.

Ele é um homem alto, usa um bone velho e sua barba é rala e grisalha. As roupas de camuflagem com tonalidades diferentes de verde denunciam que são caçadores, mas não tenho certeza.

Não sabemos ao certo o que dizer e a maioria espera que Arthur tome o controle da situação. A imagem de liderança se tornou dele e nessas horas percebemos que não é nada facil.

- Nós... - Arthur começa um tanto apreensivo. - Viemos acampas, mas nos perdemos senhor.

- Com os uniformes dos sujos? - O rapas de nome Gabriel fala com um sorrisinho um tanto maldoso no rosto. Já tenho raiva dele e nem mesmo sei quem ele é.

Sujos é como eles nos chamam. Todos os que não são Heterosexuais ganharam esse apelido. Eu me importava antes, mas agora não parece mais fazer sentido dar atenção aos rótulos. Nós sabemos o que somos e quem somos e não importa se eles queiram que pensamos que somos sujos, errados, abominaveis... Somos penas mais um aparte do resto de humanidade que sobrou pra contar história. O homem sempre vai achar motivos para tirar vidas, para tirar a liberdade. Por algum motivo sempre tem alguém qe se proclama superior  e decide que s inferiores não merecem viver. Isso se repete dezenas de vezes na história humana, agora é a vez dos purificadores se ploclamarem superiores do que os sujos.