Eu não sei exatamente como acontece, mas é como se eu entrasse em modo automatico. Não sei exatamente o que fazer, mas faço alguma coisa. Isso aconteceu no carro ontem quando provoquei o acidente com os agentes e sinto que está acontecendo de novo.
não penso em muito coisa, apenas sei que eles estão perto demais. Coloco a arma no cós da calsa - atrás - e levanto as mãos como sinal de rendição. Imagino que meus companheiros não entendem o que estou fazendo e nem mesmo eu sei se isso pode se chamar um plano.
A porta do celeiro se abre. É uma porta dupla de madeira grossa que range melancolicamente enquanto as lanternas acopladas nas armas focam em mim. Eles estão todos vestidos de preto, suas armas são grandes e usam capuz. Tres deles se aproximam, dois abrem as portas, um de cada lado e um terceiro, - no meio - ficou de guarda. a alguns metros mais distantes os outros agentes estão preparados, imagino que vão atirar se tiverem oportunidade. E desde já posso dizer que terão.
- Achamos eles. - O agente do meio diz.
Os outros dois ajeitam as armas nas mãos.
Ouço alguém chorando.
- Saiam todos. - O mesmo agente diz autoritariamente.
Eu não me movo, continuo parado no centro do celeiro. Há um sorriso de deboche em meus labios, não sei dizer o por que. Meus colegas continuam em seus lugares, imagino que estão esperando que eu faça alguma coisa.
- Eu disse para sairem! - O rapaz tenta mais uma vez.
Eles são jovens, todos eles. Meu pai certa vez me disse que os agentes da nova ordem são sempre jovens. Ser um agente não é uma carreira a ser seguida, os jovens apenas servem por dois ou tres anos aos purificadores como soldados enquanto estudam para alguma outra profissão. Nenhum desses garotos que seguram suas armas tem de fato alguma eperiencia com esse tipo de situação. São iniciantes, imaturos e desajeitados, posso ver a ansiedade em seus gestos. Eles nem mesmo sabem o que exatamente estão fazendo e quando atirarem errarão. Vejo um ou outro verificar a postura daquele mais proximo e imitar. Os tres que estão na porta parecem ser tão experientes quantos os amigos deles lá de trás. percebo que o tom autoritário falhou na segunda ordem que ele deu.
- Eu disse: Saiam. - Grita o rapaz um visivelmente sem controle da situação.
Sem paciencia ele faz sinal para os outros dois e os tres seguem cuidadosamente em minha direção. As lanternas varrendo cada canto do celeiro e denunciando meus amigos escondidos. São tantos rostos assustados.
- Fique paradinho ai garoto. - Ele fala se aproximando de mim.
Continuo imovel.
Sua altura é mediana e o porte fisico é maior do que o meu, mas sei que sou capaz de derruba-lo. Não aos socos, isso não. Repentinamente me vem uma idéia a mente. Sei o que devo fazer e é possivel que de errado, não sei qual será o resultado, mas eu nao sabia quando passei o cadarço ao redor do pescoço daquele agente ontem. preciso arriscar.
O agente a minha frente tira uma das mão da arma e a enfia no proprio bolso tirando de lá uma algema. A pouca luz do ambiente me permite ver pouco dos olhos dele.
Ele se aproxima para me algemar e então vejo a oportunidade nitidamente surgir.
- Foi mal, cara. - Digo baixo.
- O que?
É a unica coisa que ouço dele antes de fechar o punho e acertar o seu rosto. As coisas acontecem rapido demais. Ele se desorienta ao mesmo tempo que seus amigos estão focados nos meus colegas. Aproveito a chance e saco minha arma tão rapido e institivamente que chego a me surpreender. Atiro no meio de suas pernas, no lugar aonde eu sei que vai machucar de verdade. O dispositivo libera a eletricidade instataneamente e ele cai de joelhos a minha frente. Seus amigos percebem o que acontecem e antes que possam atirar eu ja estou com o da direita na mira. O tiro acerta a sua cabeça e ele cai. Vejo o da direita cair também, mas não fui eu quem atirou.
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SUJOS
General FictionA humanidade tenta reconstruir o mundo após uma guerra, enquanto um movimento religioso radical cresce e decreta ser crime a homosexualidade. um grupo de foragidos tenta escapar dos radicais arriscando suas vidas em uma jornada eletrizante em busca...