Ele parece descontente, mas força um sorriso para mim.
O abraço impulsivamente, meu rosto da na altura do seu peitoral. Ele me embala com os braços largos e me sinto bem. Muito bem. Percebo a situação e estranho me afastando dele.- O que houve? - Pergundo um pouco sem jeito.
- Fizemos uma emboscada. - Ele respondeu, não pra mim, mas para todos ali. - Eles estavam em numero menor do que na fazenda, eram apenas sete. Houve disparos de ambos os lados. Infelizmente Thiago e Leandro não conseguiram. - Ele se refere aos garotos que não estão com eles. Finalmente me dou conta de que tem mais dois aqui. um deles esta chorando enquanto os outros tentam acalma-lo. O outro está deitado no chão, Sarah faz tenta estancar o sangue de uma ferida em seu antebraço esquerdo. Há um machucado na testa de Arthur, não parece muito sério, mas precisa ser limpo.
Arthur garrega uma face preocupada, mais do que o normal. Ele respira fundo.
- Os agentes estavam usando armas antigas.
Todos param imediatamente o que estão fazendo e voltam-se para ele. Olhares assustados e rostos boquiabertos entendem rapidamente o que significa. Estão atirando pra matar.
Arthur sai dentre o aglomerado e ninguém o segue percebendo que ele quer ficar sozinho. Penso em ir até ele, sua preocupação é grande. Mas prefiro deixa-lo por enquanto, talvez tudo o que ele ueira agora é o silencio.
- Os dois morreram. - O rapaz que chora fala alto. - Eles atiraram neles e eles cairam no meu lado. - Ele estava em choque, tudo o que estava acontecendo era novidade para nós, desde sermos pegos pelos purificadores até isso. A anos ninguém morre por arma de fogo no Édem, o que significa que somos realmente um problema para eles. Nos querem mortos e isso obviamente complica ainda mais a situação. - Olha para o Jon. - O rapaz aponta para o amigo ferido. - Eles vão nos matar, todos nós vamos morrer.
Me sento no chão e me permito abalar de verdade pela primeira vez. Sinto medo agora. Estão nos caçando em um nivel diferente agora e definitivamente não podemos continuar no Édem. Sinto raiva dos meus pais por terem me entregado a eles, sinto raiva do Charlie por ter sido um covarde e por me entregar aos meus pais. Droga! Droga! Droga!
Respiro fundo e seco as lagrimas que nsistiram em vir. Não é agora que eu vo fraquejar. Precisamos continuar, agora mais que antes. Temos que chegar em nosso destino e ir para sabe lá aonde. Qualquer lugar vai ser melhor do que aqui, até mesmo os monstros do outro lado dos muros são menos piores do que os de dentro deles.
Alex se aproxima ao perceber que estou chorando. Seus braços me embalam e me sinto reconfortavel e seguro. Ele me aperta contra si, meu rosto da quase na altura do seu pescoço. Ele ainda está molahado.
- Vai ficar tudo bem. - Ele diz.
Eu não acredito nele. Não vai ficar nada bem. Ontem quando fomos dormir estavamos em vinte e sete e agora não passamos de dezesseis, sendo que dois daqueles que não tiveram nossa sorte, morreram.
- Eu estou bem. - Falo.
Ele se afasta um pouco e segura meu rosto carinhosamente com as mãos.
- Eu vou proteger você. - Fala sério e quase chego a me deixar levar.
- Não se preocupe comigo. - Digo com cuidado para não parecer grosseiro. - Tente ficar vivo.
- Nós vamos ficar.
É interessante o nós que ele usa, é como se eu tivesse alguma importancia, mas não pode ser assim, nos conhecemos a menos de tres dias e as coisas não acontecem rápido assim, certo? Além do mais eu sei que ainda não esqueci o Charles. - Maldito. - E não quero engana-lo. Não vou dizer isso agora pra ele, o momento não é oportudo para dizer que não pretendo me envolver e que o beijo e o que parece estar acontecendo é uma coisa precipitada.
minutos depois estamos prontos para voltar a andar, o garoto que chorava, que agora eu sei que se chama Pablo está mais calmo e o ferimento de Jon ja parou de sangrar. Por sorte a bala não ficou alojada, mas o risco de uma infecção é grande.
Arthur ainda está sentado sobre uma pedra com os olhos fixoa na superficie da agua.
- Temos que chama-lo. - Sarah fala. - Estão todos prontos para ir.
-Eu vou lá. - Eu falo já saindo.
Chego devagar perto dele. Seus pensamentos parecem rouba-lo da realidade. Seu rosto petrificado, apenas pisca vez ou outra, os joelhos dobrados presos contra o peito pelos braços.
- Oi. - Falo com certo cuidado.
Ele demora para reagir, mas então desperta e me olha rapidamente.
- Oi.
- Como você está?
Vejo o sangue seco no seu rosto e percebo que a ferimento esta sujo de lama. Rasgo um pedaço grande da minha camiseta e afundo o pedaço de tecido na agua.
- Eu não sei. - Ele responde.
- Isso na sua cabeça está feio. - Digo me aproximando e abaixando em sua frente.
- Não foi nada. - Seus olhos estão baixos ver sua tristeza me deixa de certa forma triste.
- Tenho que limpar.
- Não se preocupe comigo. - Ele fala sem graça.
- Isso é o que eu falo pra todo mundo. - Digo ja começando a limpar seu rosto. - Mas vocês parecem não me dar ouvidos. - Ele me olha.
- Foi horrivel.
Há lagrimas em seus olhos.
- Eles simplesmente cairam e não pudemos fazer nada. - Continuou e baixou a cabeça.
- Não foi sua culpa. - Ele continuava cabisbaixo. Segurei seu queixo e levantei seu olhar até mim. - Eles sabiam que estavam em risco.
- Mas não sabiam que poderiam morrer. - Ele está quase chegando aquele ponto em que o choro se tiorna incontrolavel e uma tempestade se forma dentro de nós. - Eu levei eles, eu...
- Vocês fez o que achou ser certo e salvou todos nós. - Digo sériamente. - Se não tivessem voltado, eles nos encontraria com aquelas mesmas armas e nem saberiamos o que estaria acontecendo até ser tarde demais
Arthur fica em silencio.
- Nós precisamos de você Arthur. - Falo para ele enquanto limpo seu ferimento. - Precisamos uns dos outros para sobreviver a isso.
- Não sei se...
- Por favor, não me diga que não consegue. - Interrompo. - Eu preciso que continue forte, se você cair, nós caimos junto.
Ele abaixa a cabeça mais uma vez.
- Hey. - Falo de forma carinhosa e ele me olha de novo. - Eu preciso que se levante e continue está viagem com agente. Não sei se consigo sem você.
Ele sorri. Seus braços me envolvem nomante, desta vez com mais força. Ele respira fundo com a cabeça encaixada na curvatura do pescoço. A mesma sensação que tive com Alex tenho com ele. Reconforto e segurança. Duas das coisas que eu realmente estou precisando.
Nos separamos do abraço e ele sorri. Volto a limpar seu rosto.
Ele está em silencio, mas sinto uma certa segurança agora, sei que vai se levantar quando eu terminar e vamos sair logo daqui. Devemos chegar ao lugar pela manhã se mantivermos um ritmo na caminhada, mas falta uma tarde de viagem e o pessoal não vai se dispor a continuar a noite, o que me leva a deduzir que a chegaremos ao destino a tarde.
- Você e o Alex... Estão... Tipo, juntos? - Percebo que ele pensou bem antes de dizer as palavras.
Respiro fundo, não sei como dizer.
- Eu não diria juntos.
- Mas quando eu cheguei vocês estavam...
- Foi apenas o calor do momento. Estamos fragilisados e perdidos. Apenas nos prescipitamos, aquilo não devia ter acontecido.
Ele assenti.
- Ele sabe disso?
Respiro fundo novamente.
- Ainda não.
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SUJOS
General FictionA humanidade tenta reconstruir o mundo após uma guerra, enquanto um movimento religioso radical cresce e decreta ser crime a homosexualidade. um grupo de foragidos tenta escapar dos radicais arriscando suas vidas em uma jornada eletrizante em busca...