Capítulo 6 - Under the surface

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O estudo do comportamento humano foi algo fascinante que eu descobri com David, meu pai que possui o encanto por tudo o que a mente humana pode proporcionar ao mundo. Em seu trabalho no Brasil, quando eu o conheci, sua especialidade estava se tornando a neurologia depois de alguns anos trabalhando na ala de traumatologia.

Para mim era incrível vê-lo trabalhando junto com a minha mãe que era da área de psicologia, a casa onde passei a morar estava sempre rodeada com livros sobre os estudos que ambos faziam e muitos termos que eu via permaneciam na minha memória. Um deles vinha a mente enquanto eu andava pelos corredores do prédio da companhia.

Scopaesthesia é o nome dado para a sensação de possuir um olhar direcionado a nós, mesmo que estejamos de costas. Eu tinha essa sensação naquele momento, sabia que atrás de mim o olhar de Regina estava direciona a cada movimento que eu fazia. Era como se eu sentisse uma corrente elétrica que me levava a sentir um arrepio cada vez que seus olhos passavam por meu corpo.

Após eu ter aceitado acompanhá-la para onde ela precisava estar naquele momento não trocamos nenhuma palavras, Mills apenas esperou que pegasse minha jaqueta e acertasse meu par de tênis antes de me direcionar para fora da sala por onde começamos a a seguir pelos corredor em direção a saída. Não sabia o motivo, mas seus passos estavam mais hesitante o que me fez ficar a alguns centímetros a sua frente.

— Nada mudou nos últimos anos. - Diz Regina quebrando nosso silêncio.- Esse prédio continua a mesma coisa desde que eu me lembro.

E ela tinha razão. Por todos os anos que já estou aqui não me lembro de ter nenhuma pintura ou adereço novo no local. Os corredores teve seu tom amarelo pastel igual às salas possuíam, o piso, que em algum momento já foi de um branco brilhando, hoje possuía uma cor manchada pelos anos e por tudo o que já passou por eles.

O prédio possuía dois andares, o primeiro onde ficava todas as oito salas de dança e os vestiários masculino e feminino com os chamativos armários vermelhos, era uma das poucas partes da companhia que ganhava uma cor mais viva fugindo do contido dos outros ambientes, e o segundo onde ficava as salas pertencentes a Ruby e a Cora e a grande sala onde reuníamos todos os alunos para apresentação e comunicados, era como nosso auditório sem as cadeiras ou um palco.

O tempo era o único que trazia mudanças para aquele prédio, chuvas constantes faziam surgir infiltrações e algumas rachaduras no teto que em algum momento já havia sido branco; pelas paredes era possível ver algumas manchas causadas pelos que ali frequentavam em algum momento, mas nada que nos fizesse abandonar o lugar que escolhíamos como lar.

— Sua mãe nunca quis mudar muita coisa aqui, vivia dizendo que a beleza estava no tempo dele.

— Realmente ela devia achar muito belo todos esses desgastes, imagino que com a chuva deve ser melhor. - Ao chegar à escadaria que levaria ao hall e a porta de saída direciono meu olhar para a morena que falava e revirava os olhos.

—A companhia tem suas particularidades, mas você aprende a gostar daqui.

Saindo pela grande porta que ali possuía, alcanço o último interruptor para apagar uma das únicas luzes que eu havia acendido. Atingindo a parte exterior da companhia noto o quanto a hora passou, a noite já estava fazendo-se presente e agora tudo estava começando a ser iluminado pelas luzes que saiam dos postes espalhados pela calçada e pelos faróis dos carros que ali passavam. Os tijolinhos aparentes ficavam em um tom mais escuro com a pouca luz, eu me encantava com aquele local nessas condições todas as vezes em que eu saia tarde da noite dos meus ensaios.

Estava para descer as escadarias novamente e ganhar a rua quando Regina me chama:

— Nós vamos por aqui, Swan. - Fala enquanto vai caminhando para área lateral do prédio.

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