Na ponta dos pés

Capítulo 10 - We are the company

O restante do percurso passou a ser feito praticamente todo em silêncio, as únicas exceções foram alguns xingamentos provindos da Mills toda vez que alguém cortava ou fechava seu carro e a música que tocava em um volume baixo no rádio.

O moreno de olhos azuis no banco de trás parecia ter entrado em seu mundo próprio, havia deixando qualquer brincadeira de lado e ficado completamente sério. A loirinha ao seu lado estava compenetrada na tela de seu celular como se estivesse analisando algo. E eu apenas encostei minha cabeça próxima a janela e mantinha-me observando os prédios e as pessoas caminhado, observando cada um vivendo um novo dia de suas vidas.

Na minha infância um dos meus momentos que compensavam meu dia todo, era poder sentar na calçada e ficar observando como era a rotina de cada pessoa. Alguns percorriam o mesmo trecho todos os dias, o que me proporcionava a chance de "conhecê-los".

Em minha cabeça eu criava as mais diferentes história para aqueles que cruzavam meu caminho, eles eram meus príncipes e princesas dos contos de fadas. Com suas alegrias e tristezas marcadas em suas expressões faciais, eu ,uma menina de 11 anos, interpretava-as e criava minhas próprias história infantis com os finais felizes que eu sempre esperei ter

Chegando na rua da companhia, Regina apenas encontrou lugar para deixar seu carro no quarteirão seguinte, o que a fez soltar mais alguns palavrões. A morena parecia muito mais irritada do que a minutos atrás e eu podia jurar que se ela entrasse em contato com a neve nesse momento ela seria capaz de derretê-la, tamanho era a raiva que fervilhava dentro de si.

Enquanto andávamos pela calçada me aproximei de Regina que marinha um passo apressado indo à nossa frente.

— Acho que tem alguma coisa pegando fogo aí dentro, senhorita Mills. Posso jurar que estou vendo fumaça. - Digo recebendo um olhar da morena que se tivesse poder teria aberto um buraco no meio da minha cabeça.

— Vai procurar sua turma e me deixa em paz agora, Swan, estou sem paciência. - Me responde e passa a andar mais rápido ainda, o que me obriga a acelerar meu passo também.

— Calma, Regina! - Coloco minha mão em frente ao seu corpo fazendo-a parar - Eu só queria saber se está tudo bem, você ficou com tanta raiva de repente. Juro que estou em missão bandeira branca. - Levanto minhas mãos como se estivesse me rendendo.

Era verdade que eu estava cansada de brigar com a Mills mais nova, era desgastante. Se ela teve a decência de ir se desculpar no aeroporto, eu podia dar a ela uma nova chance para começarmos a nos entendermos. Não que eu fosse deixar de provocá-la quando tivesse chance, até porque já percebi que a morena se irritava muito fácil e era divertido fazê-lo. Porém eu podia conviver pacificamente com ela em alguns momentos.

Observo Regina considerar o que falei e antes de falar algo novamente ela espera que os dois que nos acompanhavam passar por nós e seguirem o caminho até a companhia.

— Eu só... Eu vou ter que voltar lá, entende? - Claro que eu entendia, jamais ia querer frequentar o lugar que mais marcou minha vida, era doloroso demais. - Tudo bem que eu já entrei naquele lugar, mas tudo ali me lembra Cora e o modo como a abandonei todos esses anos.

— Você não precisa ir até lá se não quiser, Mills, você não precisa enfrentar nada. Mas se eu posso te dar um conselho, não fuja igual eu tenho feito por todos esses anos, é bem pior. - Digo lhe dando um sorriso com meus lábios comprimidos para em seguida me virar e voltar a caminhar.

Não espero para ver se Regina virá, apenas sigo meu caminho sozinha até que minutos depois sinto a presença da morena ao meu lado. Não dizemos nada, porém ao mesmo tempo era como se estivéssemos selando um acordo de que estaríamos acompanhando e confortando uma a outra