A insinuação

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(Sherlock) Nas primeiras semanas após nossa conversa, John demonstrou-se envergonhado, receoso. 

Eu não me senti assim apenas porque a reação dele me fazia sentir segurança, mas mesmo assim fingi certa vulnerabilidade para que ele pensasse que eu também estava abalado; para que não se sentisse inferior. 

Quando sentia que John queria esquecer aquilo tudo, me aproximava dele e ele sempre recuava. Se sentasse mais perto, se o encarava por mais de 2 segundos, se tocava seu braço, ele desviava bruscamente.

Um dia, antes de sairmos ao encontro de Lestrade, decidi que era o momento de arriscar. John foi pegar seu casaco e quando se virou eu estava tão próximo que ele encostou na parede. 

Me aproximei mais, o encarando, não a ponto de indicar que o beijaria, mas a ponto de modificar sua respiração. Nos encarávamos.

J - P-por que você está fazendo isso?

Me aproximei milímetros mais. Mais um pouco e certamente ele me empurraria.

J - Sherlock, pare!

Não tirava os olhos dos dele. Será que ele conseguia perceber que a minha respiração mudava, minhas pupilas dilatavam, assim como eu percebia nele?

S- Você me pede para parar, mas não me empurra.

J - Você está louco! Como poderemos ser amigos assim, Sherlock?

Cheguei perto ao ponto que achei que ele me empurraria. Ele não me empurrou! Cheguei tão perto que o encontro de nossas bocas estava quase acontecendo. Me desconcertou. A face dele demonstrava indagação.

S - Você está querendo saber até onde eu vou. Eu posso te impressionar, John. – sussurrei, bem perto a boca dele.

J - Você só ameaça, Sherlock. E eu não vou cair nesse seu jogo.

S - A não? Então porque você não respira normalmente?

J - Você também não está respirando normalmente. Isso acontece porque estamos muito próximos. Pare com isso, Sherlock.

S - Por que você não para?

Coloquei as mãos na cintura dele sem pressa. John num impulso quase retirou minhas mãos, mas se conteve. Pelo quão rude foi sua reação com as mãos, previ que não poderia o beijar. Ele empurraria na hora.

S - Não posso avançar, John. Pela sua reação com minhas mãos na sua cintura, certamente me empurraria. Seria desconcertante.

J - Sério que você pretende avançar?

Desviei minha boca chegando perto do seu pescoço, o cheirei, e subi meu rosto até seu ouvido. Senti sua tensão e sua vontade de me empurrar. Sussurrei:

S - O que você acha?

Me afastei e saí. Não tocamos no assunto novamente.

JohnLockOnde histórias criam vida. Descubra agora