"Nada é permanente, exceto a mudança."
~Heráclito
***
Sem dó peguei todo a força que consegui juntar para dar um tapa na cara dela mas a professora interveio quando minha mão estava a pouquíssimos centímetros do rosto dela.
- Meninas, se vão brigar marquem um horário fora da escola e me convidem. Por enquanto joguem e finjam que nada aconteceu... Ah, é pênalti para o time A.
Olhei furiosa para a Louise que estava acanhada e tremendo de medo mas depois que a professora segurou minha mão ela me lançou um olhar cínico e deu um sorrisinho de lado.
- Eu vou bater o pênalti.
Declarei e fui para a posição. Respirei fundo e me concentrei, naquele momento o gol era a cara da Louise. Mirei da melhor forma e chutei com toda a minha força descontando minha raiva ao máximo mas logo em seguida desmoronei de tanta dor.
As pessoas estavam se aproximando e falando uma atrás da outra, muitos preocupados outros apenas curiosos mas não prestei muita atenção. As lágrimas saíram de forma incontrolada e a dor que eu estava sentindo era muito forte.
Os meninos vieram ver o que estava havendo e a professora pediu para que ninguém tocasse em mim, se afastassem e chamassem um enfermeiro.
Quando Arthur se aproximou e deu conta do que estava acontecendo ele correu até a mim imediatamente e seus olhos estavam cheios de preocupação.
Ele segurou minha mão e não disse nada. O enfermeiro chegou e pediu para que ele desse espaço mas ele não se moveu então o enfermeiro continuou o procedimento. Ele tirou meu tênis e eu gritei muito, foi horrível.
- Alguém avise o responsável que estaremos encaminhando ela para o hospital.
Ele disse e em seguida me colocou algo no meu pé, acho que é o que chamam de talha. Meu pé estava maior que a para de um elefante.
- Vou te dar um analgésico, você tem alguma alergia?
- Não.
Arthur respondeu por mim e eu apenas fechei os olhos me segurando para não gritar. Da última vez que machuquei o pé não doeu tanto.
Depois de muito agonizar finalmente me encaminharam ao hospital. O médico disse que isso ocorreu porque eu burlei o repouso e acabou piorando a situação e agora eu estou com fraturas cominutivas ou algo do tipo, só sei que exame foi rápido. Contudo, a parte que realmente me deixou abalada foi quando ele disse: "Há no máximo 1% de chance de que o seu pé volte a funcionar como antes, quando retirarmos o gesso novamente farei outro diagnóstico e te encaminharei para a fisioterapia de acordo com o estado que a fratura se encontrar. Ademais, você precisa encontrar outro esporte que não faça tantos esforços com o pé."
Eu não consegui fazer nada, simplesmente apertei as mãos, isso não é culpa de ninguém se não minha.
O Miguel foi liberado da escola por ser meu parente. Já estávamos quase saindo quando minha mãe apareceu correndo, ela estava com o uniforme cirúrgico e cheio de sangue.
- Katherine? O que houve? Porque? De novo?
Ela começou a me encher de perguntas e eu só a abracei chorando. Sem me importar com os olhares ao nosso redor.
- Mãe... Ele disse que...
Eu não consegui falar, só chorei por um tempo enquanto minha mãe fazia cafuné no meu cabelo.
- Tia, eu acompanho ela até em casa. O médico disse que ela precisa repousar direito dessa vez.
Minha mãe segurou minhas bochechas e disse enquanto secava minhas lágrimas:
- Vou ligar para o seu pai e pedir para que ele vá para casa, tá bom?
Eu afirmei e ela me deu um abraço e um beijo na testa antes de sair.
Haviam alguns taxistas esperando por clientes em frente ao hospital então entramos no táxi da vez e fomos seguimos viagem.
- Miguel?
- An?
Ele me encarou preocupado.
- Obrigada.
Ele sorriu e me puxou para um abraço quente e confortável. Em poucos instantes chegamos em casa e ele me carregou nas costas até a porta de casa, para minha surpresa o Arthur estava nos esperando.
- Kat? Vem eu te carrego... Está doendo?
- Não, quero dormir.
- Eu vou te levar, seu pai está preparado algo pra gente comer.
- Ele já chegou?
- Sim... E está um pouco, talvez muito... Bravo.
- Vamos.
Miguel falou.
- Eu levo ela.
Arthur declarou.
- Eu trouxe até aqui, então pode deixar.
Ele entrou comigo e me colocou no sofá. Meu pai surgiu com uma colher na mão e uma expressão nada amigável.
- Katherine Alencar, o que você aprontou?
- Eu só chutei a bola pai, culpa do médico que mandou tirar o gesso antes da hora.
- Você sabe o significado da palavra repouso? Vai ficar de castigo durante todos os dias em que estiver de atestado. Sem celular, sem internet no computador, sem receber visitas e mesmo que o Arthur esteja morando conosco, sem manter contato.
- Você é muito chato pai, eu tenho culpa de ter quebrado o pé? Isso é ridículo.
- O que você disse?
Estremeci, meu pai nunca me bateu mas quando ele fica bravo é assustador.
- Sim, eu preciso de um tempo para repensar meus atos.
Engoli em seco e ele pediu para o Miguel ir para casa descansar logo após me disse para fazer o mesmo e falou para o Arthur me ajudar a subir as escadas.
- Seu pai é assustador.
Arthur sussurrou enquanto subimos as escadas e eu sussurrei de volta:
- Eu sei, imagina quando eu for apresentar o meu namorado pra ele?
- Se fosse eu ele não se importaria, sou praticamente da família.
Eu ri e disse:
- É, mas isso nunca aconteceria. Certo?
Ele me olhou e lembrou:
- Nunca se sabe. Certo?
- Bom, mas entre a gente só tem amizade. Uma grande amizade, certo?
Perguntei desconcertada. Nunca conversamos sobre isso, é estranho.
- É. Digamos que por hora seja assim.
- Por hora?
- Sim. Como eu disse: "nunca se sabe".
Ele abriu a porta do meu quarto e esperou que eu entrasse. Depois me olhou e questionou sorrindo:
- As coisas mudam muito, os sentimentos não são uma excessão. Então, começar a pensar nessa possibilidade não é tão absurdo, certo?
Arthur fechou a porta e depois dessa conversa estranha eu decidi que preciso tomar um banho e ir dormir.
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Friever's (SPIN-OFF)
Novela JuvenilLei n°9.610- Plágio é crime, 11/02/2018. Dos filhos dos personagens da série Destinados: Friever's (Recomendável, porém dispensável, leitura dos livros antecedentes). Ela não é da realeza, mas se impõe como uma rainha. Ele não é Romeu Monte...