2 - LEMBRANÇAS

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O silêncio entre eles permaneceu durante todo o percurso para casa. Ele queria perguntar se ela estava bem, queria saber se Dylan havia passado dos limites de alguma forma, mas não falou nada. Era difícil para ele ficar sozinho com ela de novo, a impressão que tinha era de que seu peito ia explodir por dentro.

Ao entrarem em casa, Samantha o encarou e perguntou de uma vez:

- Você bebeu?

- Não, eu não bebi! Por que você está me perguntando isso?

- Não sei, você agiu estranho, Taylor!

- Eu? Como assim? Só percebi que tinha alguma coisa errada! Você que estava estranha, Sam!

- Você nem me conhece, Taylor! Como sabe que eu estava estranha?

- Eu... apenas sei... Você estava, não estava? Ah, sei lá! Você sempre me deixa confuso!

Na verdade, era exatamente assim que ele a fazia sentir: confusa. Como se os sentimentos dentro dela se misturassem na presença dele, tornando tudo uma gigantesca bagunça. Sentiu-se estranha. Queria sair correndo dali, mas - ao mesmo tempo - não conseguia desviar os seus olhos dos olhos dele.

"Por que eles precisam ser tão azuis?" - ela pensava ao encará-lo, um pouco aturdida.

- Afinal, o que você estava fazendo lá, Taylor? Era uma festa do 1º ano.

- Eu não ia, mas o papai achou que era uma boa oportunidade para eu tentar me enturmar. Ele disse que você estaria lá, eu resolvi ir também. De repente, você podia me apresentar alguns amigos seus...

- Amigas minhas você quer dizer, né? - ela sabia o quanto ele chamava a atenção das garotas e isso a incomodava demais.

- Não, Sam... cada coisa que você fala. Claramente, você não me conhece também. Eu... Eu tenho namorada!

Samantha pensou que pudesse haver algo de errado com ela naquele momento. Sentiu a garganta seca e uma leve tontura. Não esperava que ele estivesse com alguém.

Ele não tinha namorada. Nem sabe por que disse isso a ela. As palavras apenas saíram. Taylor pensou em esclarecer as coisas, mas ponderou. Talvez fosse melhor para os dois se ela pensasse que ele tinha uma namorada. Mas sentiu-se tolo por ter mentido. No fundo, sem saber direito o porquê, não queria que Sam o imaginasse com outra garota.

- Eu vou para o meu quarto, Taylor. Obrigada pela carona.

- Ei, Sam! - ela já estava subindo os degraus quando ouviu o seu nome. O que é que ele queria agora? - Talvez a gente possa ir juntos pra escola na segunda... Eu realmente queria uma força pra me enturmar e acho que hoje não deu muito certo. Não sou muito bom com as pessoas. E você é boa nisso. - Sam apenas assentiu e continuou o seu caminho em direção ao quarto.

Taylor não conseguia dormir, revirou tanto na cama que acabou desistindo e foi sentar-se próximo à janela. Levou as mãos à cabeça, pensativo. Podia jurar que aqueles sentimentos haviam ficado no passado. Nos dois anos que ficou longe de Samantha, passou a acreditar que eles nem existiram. Mas assim que a viu no aeroporto, percebeu que estava errado. Ela estava ainda mais bonita do que antes. Isso mexeu com ele. Por um momento, refletiu se havia tomado a decisão certa ao ter voltado. Passou a se lembrar do motivo que o fez ir embora e esse motivo ainda estava ali, dormindo no quarto ao lado.

Assim que Samantha se trancou no quarto, seus olhos marejaram. Ela não conseguiu controlar. Encostou-se à porta e logo imagens de Taylor e sua namorada invadiram seus pensamentos. Ela criou uma garota loira, de olhos azuis intensos como o dele, tão linda e perfeita quanto ele. Sentiu-se triste. Mesmo que não fossem irmãos de sangue, ele jamais olharia pra ela, tão sem graça, olhos castanhos e cabelos da mesma cor. Nunca se preocupou com o corpo como as outras meninas de sua idade, tampouco se preocupava em andar toda maquiada, desfilando pela escola. Era apenas uma garota normal.

A cor dos teus olhos (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora