5 - REVELAÇÕES

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Os primeiros dias de aula não estavam sendo fáceis para Taylor. A maioria dos garotos do time de basquete estudava no 3º ano e todos passaram a provocá-lo por conta do enfrentamento entre ele e Dylan na festa de Allison.

Mas o que mais o incomodava era o distanciamento entre ele e Sam. A cada dia que passava tinha mais certeza de que a irmã não sentia absolutamente nada por ele e que devia se esforçar ao máximo para arrancá-la de seu coração.

- Jordan Taylor Hanson! - Tay caminhava sozinho e pensativo pelo corredor do colégio quando escutou a voz do amigo.

- Zac! Meu Deus! Que saudade! - os dois se abraçaram fortemente. Mesmo distantes, mantiveram a amizade e estavam felizes com o reencontro.

- Foi mal não ter ido te receber no aeroporto! A Sam me avisou, mas eu só cheguei ontem à noite de viagem.

- Não tem problema! Você não faz ideia de como estou aliviado de ver você aqui! Os últimos dias estão sendo tensos pra mim.

- Eu fiquei sabendo. Só falam do tal cara loiro que enfrentou o Dylan na festa! Fiquei surpreso de saber que era você!

- Eu também, pode apostar! Não sei onde estava com a cabeça! E agora todos aqueles garotos do time de basquete ficam me encarando, trombando em mim pelos corredores! Estão me ameaçando.

- Também, você foi se meter justo com o Dylan, Tay? O cara anda por aí como se fosse o dono da escola!

- Se você tivesse visto a maneira que ele estava segurando a Sam ia entender. Sei lá o que me deu! - o coração de Taylor apertou com a lembrança, não queria imaginar Sam com aquele garoto.

- Eu sei exatamente o que te deu! Mas também já sei que você não quer falar sobre isso.

- Talvez eu queira... - aquela era a primeira vez que ele realmente quis se abrir com o melhor amigo. Precisava conversar com alguém que confiasse e tentar entender os próprios sentimentos. Havia passado tanto tempo longe tentando fugir do que sentia e não tinha adiantado nada. Os dois se sentaram na arquibancada da quadra e Taylor finalmente contou tudo.

- Então, deixa ver se entendi: vocês se beijaram na noite da festa da sua despedida, você foi embora sem nem conversar com ela sobre isso, nunca mandou uma mensagem sequer e quando voltou falou que tinha uma namorada que simplesmente não existe... Você é retardado ou o quê?

- Não faz isso comigo, Zac! Eu já estou perdendo a cabeça com essa história! Me sinto um babaca.

- Você está sendo um, Tay. Mas agora me fala a verdade... Você realmente... - Taylor nem esperou o amigo terminar a pergunta para responder, sabia exatamente o que ele queria saber.

- Sim. Eu sou apaixonado por ela. - foi a primeira vez que falou em voz alta o que sentia. Era isso. Ele estava completamente apaixonado por ela.

- Eu sempre soube!

- Para de ficar com esse sorrisinho besta. Você tem noção do quanto isso é errado, Zac?

- Errado por quê? Ela nem é sua irmã de verdade, Tay! O máximo que vai acontecer é o seu pai e a Claire surtarem por um tempo, mas isso passa.

- Você fala como se fosse algo possível de acontecer...

- Mas você é muito tapado mesmo! Como não percebe que ela também gosta de você? Não é possível!

- Para de falar besteira e vamos pra aula!

- Taylor, eu sei do que estou falando... Eu sou amigo da Sam e nem devia te falar isso, mas vi a maneira como ela ficou quando você foi embora. - Taylor abaixou a cabeça, sem dizer nada, não gostava da ideia de ter causado dor a ela - Agora se você prefere ficar aí sofrendo, tudo bem! Vamos pra aula!

- Isso que eu sinto por ela... você precisa me prometer que nunca vai comentar nada. Ela não pode saber! - ele sentiu o pânico dominá-lo com a hipótese de Sam descobrir o seu segredo.

- Eu prometo. Mas posso te dar um conselho? - Tay apenas assentiu - Conta a verdade pra ela. Sei lá, você podia convidá-la para o baile de volta às aulas, explicar de uma vez o que sente.

- Cada ideia! Já estou arrependido de ter te contado! Vamos logo, Zac! Antes que nos mandem para sala da Claire.

Enquanto Taylor se sentia aliviado por ter conversado com Zac, como se um peso enorme tivesse sido arrancado de suas costas, Samantha estava angustiada. Percebia como Dylan e os amigos pegavam no pé de Taylor e queria defendê-lo, só que não podia arriscar que as pessoas percebessem seus sentimentos por ele.

Sofria em silêncio, observando Taylor aguentar calado todas as provocações. Ele não revidava. Não dizia nada. Sempre foi tão tímido e fechado. Mas ela sabia que isso estava acabando com ele.

Sam não aguentava mais fingir que não via o que estava acontecendo. Ele estava sofrendo por causa dela. Por protegê-la. Não era justo. A pressão dentro de seu peito era tão intensa que sentia que ia sufocar a qualquer momento. Então, finalmente perdeu a cabeça e foi atrás de Dylan. Precisava enfrentá-lo, exigir que se afastasse de Taylor.

Sam parou na beira da quadra com as mãos na cintura. O time todo estava treinando, mas ela não se importou. Não sairia dali sem antes falar com ele. Os garotos pararam o treino, rindo de sua atitude, mas ela estava determinada e gritou o nome de Dylan. Ele deu de ombros e deixou a quadra para falar com ela, carregando um risinho cínico no rosto. Isso só a deixou mais irritada. Os dois caminharam em direção aos vestiários sob os olhares e comentários de todos que estavam presentes. Quando se viu sozinha com ele, finalmente esbravejou:

- Escuta aqui, Dylan, posso saber qual é o seu problema com o Taylor?

- Nossa! Todo esse showzinho pra me perguntar isso? Você sabe bem qual é o problema! Não gostei da maneira como ele falou comigo na festa, Sam! Não gostei do jeito que ele se meteu na nossa conversa!

- Meu Deus, Dylan! Ele é meu irmão, é claro que ia me defender! Você estava agarrando meu braço, como o perfeito babaca que tem mostrado que é! Taylor só estava me defendendo!

- E agora você está defendendo ele? - havia deboche em sua voz, mas o que mais sobressaia era o despeito.

- Estou mesmo! - Sam cuspiu as palavras sem se importar - Quero que você pare de se meter com ele, você ouviu? Fica longe do Taylor! - gritou, empurrando o peito do garoto.

- É por causa dele que você não quer ficar comigo? - Dylan se aproximou, sem deixar de encará-la, olho no olho.

- Não fala merda, Dylan! - mesmo apavorada, Sam sustentou o olhar, não podia deixar que ninguém soubesse - Ele é meu irmão! Você tem tanto medo de ser rejeitado assim que precisa inventar uma história absurda dessas?

- Tudo bem, Sam, se eu estou errado, então aceita ir comigo para o Homecoming.

- Eu não vou aceitar ir ao baile com você pra provar algo que só existe na sua cabeça dura.

- Então aceita porque você quer... Eu sei que há algo entre nós... A gente estava se dando tão bem antes de eu agir como um babaca! Desculpa por não ter te respeitado, por ter forçado a barra e tentado te beijar daquele jeito! Estou acostumado com as outras garotas, mas já vi que você é diferente. Precisei daquele balde de água fria que você me jogou pra perceber que eu realmente estou gostando de você. Estou falando sério, Sam. - a declaração de Dylan a pegou de surpresa. Ela não esperava por isso.

Sam não queria aceitar. No fundo, Dylan tinha razão... era por causa de Taylor que ela não queria ficar com ele, ou com mais ninguém. Mas viu ali uma oportunidade para tentar esquecê-lo! Precisava fazer isso! Taylor tinha uma namorada. Além disso, era a única maneira de Dylan parar de intimidar o irmão.

- Tudo bem, Dylan! Eu vou com você. Mas se você tentar qualquer coisa contra a minha vontade...

- Eu juro, Sam!

- E você vai ficar longe do meu irmão e pedir para seus amiguinhos trogloditas pararem de atormentá-lo?

- Te dou minha palavra.

A cor dos teus olhos (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora