A cor dos teus olhos (concluída)

1 - REENCONTRO

Samantha sabia que era ele. Mesmo com tanta gente passando pela área de desembarque, ela sabia. Não existiam duas pessoas no mundo com aquele olhar. Sentiu-se estranhamente nervosa quando ele sorriu, caminhando em sua direção. Estava diferente, o cabelo mais curto, uma barba rala que ele não tinha, mas continuava tão lindo quanto antes.

Taylor abandonou as malas e abraçou fortemente o pai. Depois se dirigiu a Claire e os dois também se abraçaram. Ele respirou fundo e se preparou para o que estava por vir. Para quem estava por vir. Não esperava encontrá-la ali. Tentando disfarçar o nervosismo, se aproximou devagar e estendeu a mão. Não teve coragem de abraçá-la de novo. Sabia muito bem como se sentia dentro do seu abraço e não estava preparado para vivenciar esses sentimentos novamente.

Ele ficou surpreso. Analisando com cuidado a expressão no rosto de Sam, percebeu que não havia se esquecido de um só detalhe. Apesar da distância física, a irmã nunca deixou seu pensamento. Ele estudava o seu rosto antes de dormir... todas as noites.

- Você está bem, filho? – Walker não podia imaginar o quanto era difícil para o filho parar de encarar a garota a sua frente. Ele sentiu tanta saudade que chegava a doer. Com dificuldade, desviou o olhar e se virou para o pai.

- Um pouco cansado, mas bem sim... Feliz por estar de volta.

- Nós sentimos tanto a sua falta, querido. Não é, Samantha? – Claire tinha lágrimas nos olhos enquanto acariciava o rosto de Taylor, amava-o como um filho.

- Claro... Sentimos sim. – Sam não teve coragem de olhar para ele enquanto respondia, mas estava sendo sincera. Ela realmente sentiu muito a falta de Taylor. Por um momento, se lembrou da noite em que se despediram e esses pensamentos mexeram com ela. Será que ele ainda se lembrava? – mas Sam havia prometido para ela mesma que nunca tocaria nesse assunto com ele.

No caminho para casa, Taylor observava a paisagem pelo vidro do carro, tinha sentido falta de sua cidade. Gostava de viver em Londres, principalmente por ficar perto da mãe, mas amava Tulsa, não havia dúvida de que era seu lugar preferido no mundo, onde se sentia verdadeiramente em casa.

Sam tentava se concentrar em qualquer outra coisa que não fosse a presença do garoto, mas nada parecia funcionar. Inconscientemente, olhou para o lado e admirou a beleza do irmão. Mesmo depois de 10 horas de voo e com a expressão um pouco cansada, ele continuava tão lindo como ela se lembrava. Havia entrado nas redes sociais com a senha da mãe apenas para olhar as fotos dele. Guardou uma em especial em seu celular. Sentia-se culpada por isso.

Taylor sentiu os olhos de Sam sobre ele e virou o rosto em sua direção, mas ela rapidamente desviou o olhar. Ele sentiu vontade de tocar em sua mão que pairava sobre o banco de trás do carro, quis acariciar os cabelos longos e castanhos da garota como fez uma vez, mas jamais teria coragem. Engoliu em seco e voltou a encarar a paisagem, querendo fugir dos seus próprios sentimentos.

A casa ainda estava da mesma maneira que ele se lembrava: a grama do jardim de entrada verdinha e bem cuidada, o sobrado de cor branca, a varanda pintada de azul com as cadeiras de balanço onde ele adorava ler nas noites mais quentes e a árvore enorme que ele e Sam costumavam escalar quando eram mais novos. Taylor morria de medo de altura, mas tinha receio que a irmã se machucasse ou caísse, e por isso sempre subia com ela. Aquele lugar acabou se tornando o preferido dos dois e trazia todo tipo de lembranças...

Taylor se acomodou no antigo quarto e se sentiu em paz, como há muito tempo não se sentia. Tomou um longo banho para se refazer da viagem e acabou adormecendo. Quando acordou, demorou um pouco para entender que lugar era aquele. Sorriu quando percebeu que estava em casa novamente. Dormiu por quase nove horas seguidas e se sentia completamente renovado. Resolveu descer e aproveitar para matar a saudade da família.