19 - NÃO ME DEIXE

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As últimas palavras de Claire ainda ecoavam nos ouvidos de Sam, mesmo depois de terem encerrado a discussão. Apesar de já esperar uma reação negativa da mãe, foi difícil para ela perceber que talvez nunca teria a sua compreensão.

Uma tristeza profunda a invadiu. Em nenhum momento, Claire pareceu preocupada com os seus sentimentos Estava apenas cega de raiva. Desesperada para separá-la do irmão.

Depois de enfrentar a mãe, ela e Taylor subiram para o quarto dele. Estavam sentados na beira da cama, lado a lado, e ele passou a mão em seu rosto, como se tentasse adivinhar o que estava se passando em sua mente.

Taylor sentiu que não deveria dizer nada. Naquela noite já haviam sido ditas coisas demais. Fortes demais. Tudo o que precisavam agora era de um pouco de paz e silêncio.

Ele a abraçou bem forte, mantendo-a protegida em seus braços, e permaneceram assim por um longo tempo.

Sam enterrou a cabeça entre o pescoço e o ombro de Taylor, chorando baixinho, se entregando à dor que lentamente a sufocava.

- Chora... Pode chorar. Estou aqui com você. - Taylor acariciava o cabelo da garota de forma carinhosa - Não importa a decisão que nossos pais tomem agora, nós já tomamos a nossa. Vamos ficar juntos.

- Eles vão nos separar. Vão te mandar de volta para Londres! - Sam falou em meio aos soluços.

- Eu volto pra você, pequena.

Bem devagar, Taylor envolveu seus braços ao redor do corpo de Sam, carregando-a mais para cima. Os dois deitaram juntos, e sem medo de serem flagrados pelos pais, adormeceram abraçados, enlaçados um no outro.

Walker demorou para conseguir acalmar a esposa. Claire não dizia mais nada, permanecia completamente muda, com o olhar parado e fixo. Parecia em choque.

- Querida... Eles são jovens ainda. Isso pode ser apenas uma fase. Uma paixão adolescente. - falou, tentando confortá-la.

- Não! - sua voz era baixa e dolorida - Você ouviu o que o Taylor falou? Eles dormiram juntos, Walker!

- Você mesma desconfiava que eles estavam apaixonados. Tem certas coisas que não podemos controlar.

- Você está querendo dizer que concorda com isso? Você não entende a gravidade do que aconteceu? Eles precisam ficar longe um do outro!

- Claire... Você lida com adolescentes todos os dias... se tentarmos separá-los agora, só vai piorar a situação. Vamos perder nossos filhos. Eles não vão desistir.

- Eu não consigo... eu não posso aceitar.

Claire não parou de chorar durante toda a madrugada. Amava Taylor como se fosse seu filho, mas sentia como se ele tivesse traído sua confiança. Não conseguia mais imaginá-lo como o garotinho tímido que conquistou o seu afeto, mas sim como um garoto leviano que não soube valorizar a importância da família.

Por fim, Claire e Walker acabaram discutindo. Ela achava que a melhor solução era mandar Taylor de volta para Londres, separando-o de Sam pelo menos por um tempo. Torcendo para que essa loucura passasse.

Por mais que entendesse os sentimentos da esposa, Walker não estava disposto a sacrificar a convivência com o filho. Tinha sofrido demais com os dois anos de separação e não suportava a ideia de simplesmente expulsá-lo de casa. Ficou claro que o relacionamento entre os filhos afetaria o casamento dos dois.

Na manhã seguinte, Sam acordou nos braços de Taylor novamente. Poderia facilmente se acostumar com a sensação de seu corpo quente sobre o dela todos os dias, mas, sem querer irritar ainda mais os pais, depositou um beijo carinhoso nos lábios dele e foi para o seu quarto.

A cor dos teus olhos (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora