20 - LAÇOS DE FAMÍLIA

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Claire velava o sono agitado da filha que só conseguiu adormecer após ser medicada. A preocupação de Sam com o irmão beirava o desespero.

Irmão.

Desde que confessaram o que sentiam um pelo outro, era difícil para Claire pronunciar a palavra, ainda que em pensamento.

Ela também não conseguia dormir. Em sua mente rodavam imagens de Taylor extremamente machucado. Ela o amava como um filho e sentia-se culpada por destratá-lo como fez. Sabia que era um bom garoto. Lembrou-se com tristeza da discussão que teve com Walker. Era como se sua família estivesse desmoronando e ela fosse a única culpada.

Com o rosto encharcado pelas lágrimas, rezava baixinho pedindo pela saúde do filho querido, e permitiu-se ser inundada por todo o amor que sentia por ele.

Resolveu não discutir mais com a filha e o marido. Não tentar impedir que Sam se aproximasse dele. Pelo menos por enquanto.

Na manhã seguinte, o médico tranquilizou a todos com os resultados dos exames. Apesar de estar com o rosto bastante machucado e o abdômen inchado, nada de grave havia acontecido. Taylor só precisava de alguns dias de repouso em observação.

Todas as manhãs, Sam não esperava nem mesmo amanhecer para voltar ao hospital. Pedia a Zac que passasse para buscá-la, já que fazia de tudo para não precisar conviver com a mãe. Sentia-se magoada e ressentida. E todo sua atenção e energia estavam focadas na recuperação de Taylor.

Walker passava as noites ao lado do filho, mas sempre que Sam chegava deixava-os sozinhos, respeitando a privacidade dos filhos. Depois de observá-los por alguns dias, em seu coração, já tinha aceitado que os dois se amavam de verdade. O cuidado e a devoção de Sam, os olhares e toques que trocavam, era algo genuíno. Real. Decidiu apoiar o namoro, mesmo que tivesse que enfrentar a fúria da esposa.

Taylor ainda dormia quando Sam se aproximou. Ela o observava apaixonada. Mesmo machucado, a beleza que ele possuía era gritante. Escorregou levemente os dedos pelo seu rosto angelical. Não queria acordá-lo, mas não resistiu e depositou um beijo carinhoso em seus lábios. A respiração pesada demonstrava o quanto ele estava cansado. Os medicamentos pesados o deixavam sonolento.

Sentou-se ao seu lado, ansiosa para que ele acordasse e pudesse informá-lo das boas notícias. Para a alegria de Sam, o médico já havia assinado a alta e Walker agora cuidava da papelada final para que ele finalmente voltasse para casa.

Meia hora depois, Taylor começou a despertar, abrindo um imenso sorriso ao ver a garota que amava ao seu lado, tão linda e atenciosa como sempre.

- Minha namorada... - disse com a voz rouca de sono, passando as mãos pelos cabelos loiros, bagunçando-os ainda mais.

- Como assim sua namorada? Você nunca me pediu em namoro, Tay. - respondeu divertida, se aproximando para beijá-lo nos lábios.

Ele sorriu e se espreguiçou todo. Era a sensação mais gostosa do mundo acordar e encontrá-la ali, ao seu lado. Parecia um sonho. A intimidade e o amor entre eles cresceram depois da noite que passaram juntos e agora eram inseparáveis.

Segurou a mão da garota e levou-a ao peito, brincando com os berloques da pulseira que havia dado a ela de presente e que Sam nunca mais tirou do pulso.

- Eu me lembro quando comprei cada um desses pingentes. Eles têm um significado, sabia?

- Se você soubesse o quanto pensei sobre isso... mas, na época, não tive coragem de perguntar. Posso até entender o significado do coração e do cadeado...

- Convencida! - ele brinca, trazendo-a para cima da cama, de maneira que pudesse tê-la em seus braços.

- Então você não me deu seu coração com o cadeado e a chave? - Sam olha para ele, e apoia a cabeça em seu ombro.

- Para sempre, pequena. Eu imaginava que você estava lá comigo. Pensei até que fosse ficar louco. Eu falava com você, escrevia músicas sobre você e até mesmo algumas cartas que nunca tive coragem de enviar, por isso o violão e o envelope. Quando conheci Roma, bebi a água da Fontana di Trevi, por isso o berloque da fonte.

- Bebeu a água? Não era pra ter jogado uma moeda e feito um pedido?

- Há uma antiga lenda que diz que os apaixonados que beberem a água da Fontana ficarão juntos para sempre. Você não estava lá, mas eu estava com sede e bebi por nós dois.

Sam sorriu emocionada. Taylor era um romântico incurável e ela amava isso nele. Sentia-se ainda mais apaixonada, como se isso fosse possível. Depois de beijá-lo com cuidado por causa dos machucados, perguntou sobre o último pingente.

- Por que o castelo? - ele respirou fundo e fechou os olhos por alguns segundos. Era difícil pra ele falar sobre isso. Sobre a falta que sentiu dela e a dor com a qual convivia.

- Foi o primeiro berloque que comprei. Na Inglaterra, as polêmicas fantasiosas em torno da vida pessoal da realeza são comuns. E quando eu fui visitar o Castelo de Windsor e ouvi algumas histórias, foi impossível não me lembrar de você.

- Não gosto de falar sobre Londres... foi tão difícil ficar sem você, Taylor. Eu odeio aquele lugar mesmo sem conhecer.

- Eu prometo, pequena... prometo que vou te levar para lá um dia e te mostrar que cada parte daquela cidade só me fez amar você ainda mais. Eu nunca te tirei da minha cabeça. Você nunca abandonou meu coração. Ele é seu desde quando você tinha nove anos e me olhou com esses olhos cor de mel curiosos.

- Eu amo você cada segundo mais, sabia?

Ele balançou a cabeça num gesto convencido, fazendo com que ela risse novamente. Estavam tão apaixonados que os corações batiam no mesmo ritmo.

- Os ingleses acreditam que a Rainha Elizabeth, que ficou conhecida como a rainha virgem, nunca quis se casar porque sempre foi apaixonada pelo seu amigo de infância, Robert Dudley, o Conde de Leicester. De alguma forma, eu consegui compreendê-la... Ela amou a mesma pessoa desde pequena e preferiu não ter ninguém se não pudesse viver esse amor. Eu meio que decidi isso também.

- Você está me dizendo que mesmo lindo desse jeito, preferiria ficar sozinho se não pudesse ficar comigo?

- Eu não conseguiria nem se quisesse. Eu sempre fui seu, pequena.

- Meu Deus, Taylor, trate de me pedir em namoro logo, porque eu nunca, nunca mesmo vou deixar você escapar.

- Você nunca vai me perder... Eu sempre darei um jeito de voltar pra você.

Walker entrou no quarto, pigareando levemente, sem graça por interromper o beijo apaixonado entre os filhos. Mesmo assim, Sam não saiu do lado de Taylor. Queria deixar claro que nada do que falassem ou fizessem poderia separar os dois.

- Estamos voltando para casa. - disse se aproximando dos dois - Claire e eu conversamos e temos algo importante para discutir com vocês.

A cor dos teus olhos (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora