Capítulo 12: Park Jimin

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— Obrigado — agradeço pela milésima vez.

— Acho que já deu de agradecer. — Seulgi tenta dispensar o agradecimento enquanto caminhamos para a noite fria, mas eu a interrompo e então paramos na saída do hospital.

— Não. É serio — insisto. — Há muito tempo eu não via minha irmã tão feliz.

Sorrio ao lembrar da expressão de Jisoo quando viu Seulgi. Depois de diversos procedimentos difíceis, a menina precisava de um pouco de alegria. É por isso que sinto a necessidade de agradecer.

— Eu fiquei com medo — admite Seulgi.

Eu um primeiro momento não entendo e minha testa se franze em sinal de confusão.

— Fiquei com medo de falar quem eu era — continua ela enquanto passa a mão no cabelo, para então deixá-lo cair ao lado do corpo. — São poucas as vezes que conheço pessoas que não sabem quem eu sou. Então quis deixar esse momento preservado. Mas não consegui ignorar a sua irmã. Não consegui ignorar o fato de que você queria o bem dela. Mudei de ideia no meio do caminho.

Eu, que antes tinha uma expressão aliviada e feliz, assumo uma postura séria e resignada. Ela teve medo? Ela não chegou nem perto de sentir o que é medo um dia. Medo foi o que eu senti quando os meus pais faleceram. Quando tudo que eu tinha pensado do meu futuro foi por água abaixo.

— Fiquei com muita raiva — digo, sem mostrar qualquer empatia. — Como aquela garota que foi tão legal comigo no avião poderia ser capaz de fazer uma coisa dessas? É a minha irmã!

Suplico por um motivo para Seulgi ter feito aquilo. Eu quero, mais do que nunca, que ele tenha uma explicação que eu possa perdoar.

— Você sabe o que é ter as pessoas julgando a cada passo? Cada ação e decisão que você toma? — pergunta ela. E eu reconheço o sentimento. — Cheguei a um ponto que tomo extremo cuidado ao ler comentários na internet. Além disso, tenho que provar o tempo todo que o que faço não é besteira. Que pode mudar a vida de uma pessoa — diz ela, e aponta para a porta do hospital. — Pois mudou o dia da sua irmã!

Abaixo a cabeça para desviar minha atenção dos olhos tristes de Seulgi. Costumava evitar confrontos, mas naquele momento eu estava bem no meio de um.

— Sabe o que me faz continuar? — Pergunta ela, e sem esperar por uma resposta, continua: — As pessoas. E o que um pouco de atenção e carinho podem fazer por elas.

— Você não precisava ter mentido para mim.

— Por que você seria diferente dos outros?

A pergunta me atinge em cheio. Por que comigo seria diferente? É óbvio que para ela eu sou um risco como qualquer outra pessoa.

— Sei o que é isso. Ter todo mundo te olhando, esperando por um erro — respondo. — Desde que meus pais morreram, todas as pessoas esperam que eu vacile, que o cara de vinte e três anos simplesmente jogue tudo pro alto e vá viver sua vida. Esperam para me crucificar depois.

— Você mesmo disse que era uma bobagem — relembra ela, agora chorando.

— O quê? — pergunto, confuso.

— Quando você me contou do pedido da sua irmã. Você disse que era uma besteira. Que fazer esse trabalho na internet era besteira.

— Espere aí! — interrompo, falando um pouco mais alto do que deveria. Uma das enfermeiras faz uma cara feia para mim e então diminuo o tom de voz. — Eu não disse isso. Falei que era besteira por achar que talvez você não se importasse com um pedido desses. Eu não fazia ideia de que era você. Não podia julgar sem saber. Mas agora tem uma coisa que eu sei: o que você fez lá dentro pela minha irmã.

Seulgi fica sem palavras. Esse foi um dia composto por mal-entendidos. Parece que nunca consigo escapar deles.

— Acho que poderíamos começar de novo então — digo.

Percebo que Seulgi não entende o que eu quis dizer, então me afasto para estender a mão direita para ela.

— Prazer, Park Jimin. Me chame apenas de Jimin, por favor.

Ela olha confusa para a mão estendida, mas assente e sorri estendendo também a mão direita para pegar a minha.

— Kang Seulgi, mas conhecida como Seulgi. O prazer é todo meu.

Ficamos nos encarando e sorrindo por algum tempo até deixarmos nossas mãos se afastarem.

— Eu acho que você precisa voltar lá pra dentro — lembra ela, indicando com a cabeça a porta da recepção.

— Acho que sim — confirmo. — Preciso falar com o médico dela. E você precisa pegar o táxi para conseguir um casamento arranjado e bem valioso.

Rimos da situação e nenhum dos dois fez qualquer movimento para ir embora. Dou um pigarro e abaixo a cabeça, colocando as mãos no bolso da calça. Então volto a olhar para Seulgi.

— Como acabei de te conhecer, acho que posso te convidar pra fazermos alguma coisa amanhã, certo? — pergunto, inseguro.

Ela concorda com a cabeça.

— Sua irmã tem meu número — diz enquanto faz sinal para um dos taxistas. — A gente pode combinar. Só preciso saber que horas estarei livre porque minha irmã quer que eu conheça o namorado dela.

— Verdade! Capaz de eu ter que encontrar com meu amigo e a noiva, mas a gente dá um jeito. — Dou um leve sorriso.

Observamos o taxista se aproximar e sair do carro para pegar a mala de Seulgi. Está acontecendo novamente. Estamos nos despedindo e nada garante que vamos no ver, de fato, outra vez.

O porta-malas se fecha em uma batida e eu sei o que preciso fazer.

Antes que Seulgi possa novamene dar tchau e entrar no carro, chego mais perto abraçando-a pela cintura com a mão direita, enquanto a outra desliza pela sua nuca e aproxima seus lábios dos meus. Começo com um beijo calmo, mas ao perceber que Seulgi corresponde eu me aproximo mais. Aumento o ritmo, como se estivesse esperando por isso há muito tempo.

Nós nos separamos de repente, ambos com a respiração ofegante e sem acreditar no que tinha acabado de acontecer.

Eu sou o primeiro a me recuperar, então dou um sorriso tímido, meio de lado.

— Gosto desse sorriso — diz ela, e se vira para entrar no táxi.

Dessa vez eu a deixo ir, tendo a certeza de que nos encontraremos novamente.

Não se esqueça do epílogo...

Próximo destino: amor | SEULMINOnde histórias criam vida. Descubra agora