Capítulo 10: Park Jimin

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Observo por alguns segundos o táxi sair do aeroporto, surpreso com a despedida repentina. Eu havia gostado daquela garota e agora talvez nunca mais tenha a oportunidade de vê-la.

Suspiro e massageio as têmporas, cansado demais depois de tudo que havia acontecido no dia. Tiro o celular do bolso e tento me conectar à internet. A notificação de mensagem da minha irmã logo aparece na tela e eu me lembro do pedido.

Antes de abrir a mensagem, caminho até a saída de passageiros, estava pronto para esperar por lá para encontrar a garota. Algumas pessoas do nosso voo ainda estão saindo, encontrando parentes e amigos, se abraçando e sorrindo.

Eu não teria tanta sorte de estar no mesmo voo que a menina que eu estava procurando. Teria?

Volto a olhar para o celular, esperando a imagem que a minha irmã enviou carregar. Aos poucos, a foto vai ficando mais nítida e por fim carrega totalmente.

O que eu vejo me deixa paralisado.

Não pode ser.

Na imagem, sorrindo para mim estava Joohyun: A garota que eu havia acabado de deixar entrar em um táxi e que talvez eu nunca mais encontrasse. A garota que havia conversado comigo para que eu não pensasse no medo de avião. A garota com quem eu havia discutido sobre um telefonema da mãe dela. A garota com quem eu havia compartilhado o pedido da minha irmã.

Encaro a foto. Ali, de cabelos castanhos lisos e olhos da mesma cor, me encarando, está a garota que mentiu para mim.

Seguro com força o celular, não acreditando na minha estupidez. Logo abaixo da imagem, vejo que minha irmã também havia mandado algumas mensagens:

Chat

Jisoo > E aí, você encontrou ela? :)

Jisoo > Ela nem postou mais nada em nenhuma rede social!!!!

Jisoo > Jimin, me contaaaaaa!

Jisoo > Acho bom esse avião ter caído, porque é só esse o motivo que vou aceitar por você estar me deixando no vácuo!

______________

Ler as mensagens de Jisoo me deixa com ainda mais raiva. Como a Joohyun, ou melhor, a Seulgi - seja lá qual for o nome dela - foi embora sabendo do pedido da minha irmã?

Eu não sabia como reagir. Como poderia contar para Jisoo que uma das pessoas que ela mais admirava havia feito aquilo?

Não.

Eu não poderia dizer nada. Um aeroporto é grande o bastante para eu não a encontrar.

Por mais que aquela garota tenha tomado uma atitude egoísta e mesquinha, ela ainda poderia trazer felicidade para a minha irmã. Era uma companhia, algo que eu não podia ser a todo momento. Apesar de tudo, eu ainda estava em dívida com ela, mesmo que não merecesse.

Eu decido deixar isso de lado. Devo pensar na pessoa que mais precisa de mim agora. É por isso que saio rapidamente do aeroporto em direção a um dos taxistas e peço que ele vá o mais rápido possível para o hospital.

*****

Não gosto daquele lugar, jamais gostei. Estive por lá visitando minha irmã por muito tempo antes de os meus pais falecerem e, depois do acidente, foi naquele lugar que recebi a notícia que seria o chefe da família.

Pelo menos não estava atrasado para o horário de visitas. Ao chegar à recepção do hospital o meu coração se aperta. Lembranças muito tristes me invadem sempre que cruzo essas portas.

Caminho cabisbaixo em direção à recepcionista que sorri em reconhecimento.

— Ela já ligou para cá várias vezes perguntando por você — comunica.

Eu sei de quem ela está falando. Minha irmã - que está ansiosa e achando que eu me esqueci de respondê-la. Certamente o médico dela me repreenderia por causar uma ansiedade desnecessária. Ela não precisa de aborrecimentos.

— Eu já vou subir — respondo, me afastando do balcão.

— Espera! — A moça me interrompe. Eu me culpo mentalmente por não saber seu nome, mesmo depois de tanto tempo. — Aquela garota ali está esperando por você — avisa, indicando alguém à direita.

Dou um longo suspiro, cansado. É só o que me falta agora! Ter que lidar com a minha ex. Não acredito que ela ficou esse tempo todo me esperando na recepção do hospital. Estou tão exausto, tudo o que eu quero é subir, conversar com a minha irmã e quem sabe fazer uma refeição decente. Não tenho cabeça para lidar com mais nada no momento. Resignado, decido enfrentar e me viro, pronto para o que quer que fosse.

Mas o que eu vejo não é nada do que eu esperava.

É ela. Joohyun. Ou melhor, Seulgi.

A garota está ali no hospital, sentada encolhida, com as malas de lado e me encarando com a expressão de quem pede desculpas. Arrependida?

Balanço a cabeça sem acreditar. Não sei se sinto raiva pela mentira ou alívio por estar ali, a apenas alguns metros de distância da minha irmã.

Caminho em direção a Seulgi e tento enxergar nela a menina sorridente que eu havia visto na foto do celular. Seus olhos estão vermelhos e incertos. Dessa vez, ela não veste a armadura que usou durante o dia inteiro. Agora é ela que parece não se sentir segura, como se fosse desmoronar a qualquer momento.

— Desculpa — pede ela assim que chego perto o bastante para ouvi-la. — Desculpa, por favor!

Eu não consigo responder. Apenas a observo, com a expressão séria, em uma luta constante de sentimentos dentro de mim. Ela está ali pedindo perdão.

Apesar de sustentar uma aparência segura e impenetrável, vê-la daquele jeito me perturba. Uma lágrima ameaça cair do seu olho e eu rapidamente a contenho. Se ela chorar, vou desabar.

— É a minha irmã — falo, baixinho. — É por ela.

Ela balança a cabeça, desviando o olhar para o chão.

— Eu posso vê-la? — pergunta.

Concordo com a cabeça e, sem dizer nada, caminho em direção ao interior do hospital. Eu não a espero, pois tenho certeza de que ela me acompanhará.

Continua...

Próximo destino: amor | SEULMINOnde histórias criam vida. Descubra agora