Capítulo 11: Kang Seulgi

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— Park Jimin! — grita uma voz de menina assim que ele passa pela porta. — Eu não acredito que você me deixou esperando até agora!

Aguardo do lado de fora, no corredor, por algum sinal de Jimin. Ele não disse nada durante o caminho, mas sei que é isso que ele espera. Eu não poderia simplesmente entrar no quarto sem que a irmã dele estivesse preparada e também precisava deixá-los ter um pouco de intimidade.

— Eu disse para ela que você logo chegaria, meu amor! — Ouço uma voz feminina diferente, não é a mesma que o recepcionou, essa parece falsamente doce.

Meu amor?  Sinto um leve aperto no peito.

— E ela não quis ir embora! — acusa a irmã de Jimin.

— Por que eu iria, querida? Você precisava de companhia!

— Eu estava muito bem, obrigada — responde a menina. — Agora você! Você me deve explicações, mocinho!

Não estou no quarto para saber, mas posso imaginar uma menina decidida apontando para o rapaz. Sorrio com a cena em minha mente.

— Hum, você está bem? — pergunta ele, se esquivando das acusações.

— Se eu tô bem? Não tô nada bem! — responde a irmã em alto e bom som. — Quero respostas! Conseguiu encontrar a Seulgi? Por favor, diz que sim!

Ela realmente se importa comigo, é a única coisa que consigo pensar. E eu quase a abandono por medo.

Alguns momentos de silêncio se passam e Jimin aparece no corredor fazendo um sinal para mim. É agora.

Caminho em direção ao quarto e tento mudar a minha expressão para a mais alegre possível. Ao entrar no cômodo, um leve ar de preocupação atravessa meu rosto, mas é quase imperceptível, pois me recupero logo em seguida.

Na maca, uma garota que não deve ter mais de 14 ou 15 anos me encara, impressionada. Seus olhos cinzas estão arregalados, e a boca de lábios pálidos, escancarada.

Ela parece ter visto uma assombração e eu me pergunto se meu rosto está muito inchado.

— Oi? — cumprimento com um sorriso.

— Vo... você... — Ela começa a falar e eu me aproximo um pouco mais, apertando levemente a sua mão, encorajando-a. — É você mesma?

Confirmo com a cabeça, ainda sorrindo. Ao ver seus olhos se encherem de lágrimas, também começo a me emocionar. Chego mais perto e a abraço. Com bastante cuidado no começo, com medo de machucá-la, pois ela aparenta estar frágil. Mas logo a menina me aperta com mais força, como se caso me soltasse, eu fosse desaparecer.

— Acho que você não precisa apertar tão forte, Jisoo — alerta Jimin. — Você pode quebrá-la. A Seulgi não deve ser tão forte quanto você.

— Quem é essa garota? — pergunta a mesma mulher que eu havia escutado enquanto estava do lado de fora.

Não deixo de notar que Jimin a ignora completamente, aproximando-se pelo outro lado da cama.

— E então... como você está? — pergunta novamente, ansioso por uma resposta da irmã.

— Você é o melhor irmão do mundo! — comemora a menina, jogando-se em seus braços.

Ele sorri e olha diretamente para mim enquanto aproveita o abraço da irmã. Ele agradece mais uma vez sem emitir nenhum som.

Já perdi a conta de quantas desculpas eu pedi e de quantos obrigados ele me deu.

Então me afasto um pouco da maca por não querer interferir naquele momento íntimo e acabo esbarrando sem querer na outra garota, uma loura baixinha de olhos castanhos. Mesmo depois de eu pedir desculpas, ela cruza os braços e me fuzila com o olhar.

— Vê se olha por onde anda!

— Somin, chega! — dispara Jimin.

— Uuuuh — diz a irmã, sorrindo. Pela expressão dela, a reação do rapaz parece novidade.

— Por que você ainda está aqui? Não tem que estar aqui! Terminamos há meses! Por favor, deixe a gente em paz.

A loura escuta tudo com uma expressão ainda mais irritada. Ela desvia o olhar para mim, franze as sobrancelhas e então se vira e sai marchando porta afora. Seus saltos altos ecoam pelo corredor. Ela não tem o mínimo de consideração pelos outros pacientes, isso eu consigo notar.

— Finalmente você fez alguma coisa! — Jisoo estende os braços em comemoração. — O que aconteceu com você nessa viagem? Nem parece o meu irmão!

Agora ele me olhar sem a expressão acusadora de quando me viu na recepção.

— Eu acho que devo ter passado por um buraco negro e entrado em uma realidade paralela — conta, sentando-se na beirada da cama enquanto a irmã recolhe as pernas para se sentar em posição de índio.

— Bem que nessa realidade paralela eu poderia não ter câncer e a mamãe e o papai estarem vivos, né? — lamenta a menina.

Jimin logo se arrepende de ter feito o comentário, e, então, para aliviar a situação, ele volta a falar sobre mim.

— Eu trago a Seulgi aqui e você fica falando de coisa triste?

— Aigoo! Eu não consigo acreditar — diz ela, batendo palmas em comemoração e se agitando em cima da maca. — É verdade que você e o Baek estão namorando? Todo mundo só fala nisso!

Na mesma hora olho para Jimin e percebo que ele diminui o sorriso. Então faço um gesto com as mãos, negando o boato.

— Somos só amigos... - respondo enquanto também me sento na maca ao lado da garota.

Essa é uma das coisas que mais me perguntam. Na verdade, se dependesse da internet eu já teria contabilizado uns trinta namorados diferentes. Baekhyun é cantor no grupo EXO, e um dia nós nos encontramos em um evento. Desde então pipocam diversos comentários sobre isso nas redes sociais.

— Que pena, vocês formariam um casal tão bonitinho! — lamenta a menina, fazendo biquinho, mas logo o assunto se perde, pois ela muda de expressão e pergunta se pode tirar uma foto.

Eu fico conversando por algum tempo com Jisoo e, de vez em quando, olho para Jimin e percebo que ele também me observava.

Passo meu número do celular para a menina sob a promessa de que ela nunca deveria dar essa informação para ninguém. Seria o nosso segredo e assim poderíamos conversar sempre. Jisoo fica extremamente feliz, dizendo que seríamos melhores amigas e que podemos combinar quais informações ela poderia ou não vazar nos grupos do fã-clube. Ela seria minha informante.

O papo só foi interrompido quando uma das enfermeiras nos lembra que está na hora de Jisoo se preparar para dormir. Jimin passará a noite no hospital, então avisa à irmã que vai me acompanhar até um táxi, mas que voltará logo. Ela concorda, mas antes que deixemos o quarto, acrescenta:

— Até que vocês dois combinam!

O comentário surpreende a nós dois e por isso desviamos o olhar, envergonhados. A menina então dá de ombros e se ajeita na cama para que possa descansar.

Continua...

Próximo destino: amor | SEULMINOnde histórias criam vida. Descubra agora