Capitulo 9

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André

Estranhei Sergio demorar na cozinha, ele só tinha ido levar as caixas de pizza. Ja tinha percebido que ele não falava com Marina, ou talvez fosse o oposto. 

- Vou ali ver se eles precisam da minha ajuda.

Tentei me levantar. Impossível. Kamila me puxou de volta, tentando falar sobre Ted.

- Kamila, você odeia cachorros. Mas como quer saber mais sobre ele...

Assoviei chamando-o. Enquanto eles se divertiam aproveitei e fui até a cozinha, ouvindo os palavrões de Kamila. Ouvi a voz de Marina. Afinal o que estava acontecendo? As ultimas frases eram indagações. Parecia uma discussão. Minha cabeça deu um nó. 

- O que esta acontecendo?

Marina virou-se para mim. Seu rosto estava "transfigurado". Só consegui ver muita dor naqueles olhos tão lindos. Minha Marina. Tentei falar com ela, mas tudo aconteceu muito rápido.  Ela passou correndo por mim. A  cara de Sérgio era indiferente. 

- O que você fez?  

Fui na sua direção e segurei ele pela gola. Perdi a cabeça por um instante.

- O que você fez? Me responda Sérgio!

- Nada, cara. Você ta maluco? Me solte.

Kamila voltou, pelo jeito a tentativa de segurar a amiga foi em vão. Ela acabou nos separando. Nunca fui de brigar. O que estava acontecendo comigo? 

- Meninos, parem por favor. André - ela me olhou nos olhos - se tiver algo pra você saber, não é o Sergio quem vai falar - eles se olharam consentindo - . Violência não vai levar vocês dois a lugar nenhum.

- Tudo bem, me desculpa. - Falei desarmando a postura que havia tomado.

Saí atras de Marina, sem esperanças. Já era tarde. Liguei pra ela. Nada adiantou. Afinal o que era tudo aquilo? Sergio tratou de ir  embora. Não consegui mais falar com ele. Enquanto tudo aquilo não ficasse claro, muita coisa ia mudar. Kamila se aproximou e sentou do meu lado.

-Hoje você ganha o premio de cara de palerma. O que posso dizer é que eles se conhecem, sim. Antes de você conhecer o Sergio, bem antes. O que você souber a partir de agora tem relação com o passado. Tente descansar. Eu ja vou indo.

Acompanhei ela ate a porta e nos abraçamos.

Porta fechada. Casa vazia. Pensamos completamente confusos. Continuei ligando pra Marina, sem resultados. Liguei para o fixo, e a mãe dela disse que ela ja havia chegado e foi direto para o quarto. Aquilo em parte me confortou. Fui dormir com aquelas lagrimas me assombrando durante a madrugada. Era tão horrível se sentir impotente. 


***

Marina 

Ouvi o relato de Kamila. Estraguei absolutamente tudo. Os dias seguinte foram a mesma coisa. Fiquei em casa rejeitando telefonemas. Lendo sms sem responder. Recebendo minhas atividades por Kamila. Mas na quinta era teste, e eu precisava estar. 

Quando cheguei vi o André de relance. Ele não fez menção de vir falar comigo (é o fim, só pode). Colei na Kamila a manhã inteira, mas ela abandonou o teste do ultimo horário, e André saiu bem rapido da sala.  A avaliação nao estava tão difícil. Mas fui uma das ultimas a sair da sala, demorei um pouco mais para garantir que eu não iria me encontrar com ele. Coloquei meu material na mochila e saí. Ninguem do lado de fora da sala me esperando. Ótimo! Coloquei meu fone, e adiantei os passos. Quando ja estava chegando na parada de ônibus, vi um Hilux SW4 prata, e o dono encostado nele. Não poderia ir por outro caminho, teria que passar por ele. 

- Marina, podemos conversar?

A voz suave dele me desconcertou. Mas não poderia viver fugindo. Entrei no carro sem saber o que viria a seguir. 

Você ainda vai me amar? [Em revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora