Você ainda vai me amar? [Em revisão]

Capitulo 5

Algumas semanas já haviam se passado e como minha mãe havia dito, foi só questão de adaptação a mudança climática. Gabrielle ja estava ótima. Brincava como se nada tivesse acontecido. Era uma quinta feira a noite e eu estava na sala, me divertindo com as gargalhadas tão espontâneas da minha filha. O celular sobre a bancada da cozinha tocou, olhei quem era e deixei chamar. Quando finalmente desistiram, o fixo começou a tocar. Olhei na direção da cozinha e vi minha mãe com aquele olhar de mãe coruja pidona.

— O que foi mãe? - Falei enquanto carregava a Gabi, sentia falta dessa liberdade la fora. Queria assumir que era mãe da menina mais linda do mundo. Queria poder pega-la no colo e passear anunciando: "Ela é minha filha. Minha garotinha linda." Voltei a realidade que era bem pior. - Não atenda, eu sei quem é.

—Tudo bem. Sabe filha, estava pensando.

—Hum, não gosto quando a senhora pensa muito, sempre sobro. - Sorri.

— Ah Marina, é para o seu bem.

Nos olhamos e para falar a verdade ja estava começando a ficar impaciente

— Mari, é o André. Ele liga e você da desculpas, raramente atende. A ultima vez que o vi foi no hospital. Você ja parou pra pensar que ele interrompeu o que estava fazendo para te levar la? E ele nem sequer sabe que ela é sua filha. Já parou pra pensar que ele não tem culpa de absolutamente nada? E que é injusto parar de se relacionar com ele por que você não sabe lidar com uma situação. Não adianta você dizer que não vai mais se apaixonar porque no final é pior, você guarda e simplesmente implode com os sentimentos. André gosta de você, e quando você contar a verdade ele não vai pode ter raiva por ter se enganado. Você também não é culpada por isso. Minha preciosa, quando nos perdoamos, temos uma facilidade maior para perdoar os outros.  A pior culpa que existe é aquela da qual não queremos nos livrar.

Pensei sobre o que a mãe dissera. Não queria assumir, mas ela estava certa. André havia sido gentil e companheiro até aquele momento. Sentia falta dele, uma falta estranha porque eu sempre o via no colégio desde quando nos conhecemos. Eu havia passado toda a semana me perguntando o que aconteceria se ele descobrisse sobre a Gabi. Eu já estava o perdendo, mas não sabia como suportar estar perto dele e de Sergio ao mesmo tempo. Quando o André descobrisse poderia acabar com a amizade deles e qualquer chance comigo. Era uma atitude muito arriscada a tomar. Senti o beijo de minha mãe na minha testa, e logo depois ela continuou suas atividades diárias.

***

No final de semana a Camila tinha marcado de ir na minha casa. Ja era 19:00 horas e ela ainda não havia chegado. Minha mãe decidiu sair e eu fiquei com a Gabi. Estávamos na sala, assistindo a um canal de desenho, quando alguém bateu à porta. Me levantei com Gabriele no colo e nenhuma outra pessoa poderia ter me surpreendido mais e de forma tão boa. Mas ainda estava entre a surpresa e a tensão. Depois de alguns segundos:

- Oi Mari. Posso entrar?

- Claro André.

Ele entrou se sentou em um dos sofás.

- Sei que você está surpresa, mas eu não tenho culpa sozinho. Preciso falar que sua mãe precisou sair - falou usando aspas e isso explicava muita coisa - , a Camila marcou com você justamente pra você não sair de casa, e eu estou aqui.

- É, notável - Eu com certeza mataria as duas.

Deixei Gabrielle brincando num cercadinho num canto da sala e chamei André pra cozinha, de onde poderia ver cada movimento dela.

- Confesso que estou surpresa - muito mais do que isso. O que você esta fazendo aqui?

-  Você ainda pergunta? Quero saber o que eu te fiz. O que aconteceu, Mari. Desde o seu aniversario a gente mal se fala. Você rejeita as ligações, isso quando não deixa chamar até cair na caixa. Não me bloqueou no whats, até sms e e-mail eu já te mandei. Absolutamente nada. Voce pode parar de falar comigo, não posso te forçar a nada. Mas antes de me esquecer de vez, me diz o que fiz.