Armadilha.

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Acordo assustado, penso que estou atrasado. Mas percebo que não posso me mexer. Quando tento me levantar sinto que meus pés e minhas mãos estão atados. Minha cabeça está pesada, tento movê-la, porém não consigo. Que merda é essa! Não lembro como vim parar nesse local. Tento me localizar, mas não consigo abrir meus olhos. Forço as algemas que prendem meus punhos, mas minhas forças me abandonaram. Tento me manter acordado e ouvir o que se passar ao meu redor, mas só escuto alguns pingos de água. Não escuto barulho do trânsito, não escuto passos, nenhum movimento. O ar está pesado, um cheiro de umidade misturado com mofo me asfixia. Estou deitado num chão frio, quando sinto algo se movimentar, talvez sejam ratos. Finalmente a ficha cai, fui sequestrado. MERDA!

Tento buscar minhas ultimas memórias...

Lembro-me de trabalhar até tarde revendo os últimos relatórios da empresa, os números não estavam batendo.  Os gastos estavam sendo maiores do que previsto no projeto original. Além disso, os investidores estavam reclamando sobre o atraso nas obras e isso não era nada bom. No ramo dos negócios controle era tudo e eu como presidente duma multinacional era imprescindível tê-lo. Além disso, sou exigente com os meus subordinados. Só peço o melhor deles. E quando um erro desse tamanho acontece, todos pagam. Sendo assim, reuni na sala de reunião todo meu departamento financeiro para rever os cálculos, juntamente com meu vice e minha noiva Débora Moura que era uma das acionistas da empresa. Seu pai e o meu fundaram a Cavalcante Construtora. Apesar das análises, nada fora descoberto. A raiva me consumia, estávamos o dia todo revendo a meda da papelada e nada. Bati na mesa. Todos se assustaram

- Merda, vocês são o bando de incompetentes. Eu pago vocês para trabalharem e me darem bons resultados e até agora vocês não me deram nada. - Olhei para todos na mesa e vi suas caras de assustados.

- Amor, estamos cansados já passam das 11 horas da noite. - Disse Débora Mosca Morta sussurrando. Já abusei a cara dessa mulher, só sua voz já me enojava. Porém para manter as ações das nossas famílias unidas eu tinha que aturar essa "coisa" como noiva. Fechei meus olhos, contei até dez tentando me acalmar e olhei para ela.

- Débora me faça um favor, cale essa sua boca inútil. P.O.R.F.A.V.O.R. Se não for contribuir com sua inteligência, mantenha ela fechada. – Olhei para ela com minha melhor cara de sarcasmo.

- Mas Douglas ela só estar dizendo que estamos cansados...

- Porra e eu não sei disso Carlos! –Cortei o que meu vice iria falar, ele era meu braço direito, mas era um fraco. Conhecia-o desde criança, cresceu sob minha sombra. Só era vice por que eu queria e por que concordava com tudo que eu dizia, era bom ter um bajulador nas reuniões. Levantei da minha cadeira e fixei meu olhar em todos. – Vocês acham que não quero ir para casa descansar e esquecer esse maldito dia? Claro que eu quero, porém estou tentando manter o emprego de vocês. Se não descobrimos o que tem de errado nessa merda, as obras continuarão atrasando, teremos que pagar uma multa milionária, perderemos mais contratos, nossas ações irão cair e vocês perderão seus queridos empregos. É ISSO QUE VOCÊS QUEREM?

Todos me olharam assustados, Débora baixou a cabeça e vi uma lágrima cair do seu rosto, Carlos ficou calado e os demais continuaram trabalhando. Isso aumentou ainda mais minha ira. Ninguém entende o risco que estamos correndo? Caramba, só estou fazendo meu trabalho, não é fácil manter uma empresa crescendo, vendo como que o mercado financeiro não está fácil para ninguém. Só os fortes sobrevivem, baby! Agora quem se cansou foi eu, se eles não querem manter seus malditos empregos, o que eu posso fazer?

- Vão para suas casas, estão dispensados. – Meus subordinados me olharam como se eu tivesse louco. – Não me ouviram? Terminamos por hoje, mas quero um relatório completo de todos os gastos feitos na obra e isso até sexta.

Acorrentados.(removido para revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora