Descendo do táxi enfrente ao meu prédio estou realmente considerando a fala de Lucas sobre não precisar voltar, não antes de ter um helicóptero. A viagem de volta foi mil vezes mais longa, pegamos um transito sem fim. Eu estava com minha mochila e os livros do Lucas, ele levava sua mala de rodinhas e a caixa com as recordações de seus pais que era mais leve.
- Demoramos, mas enfim chegamos!! Esse é o nosso prédio, vamos com cuidado, aqui é bem mais movimentado, mas você se acostuma.
Ele estava bem perto de mim, mas olhava pra todos os lados. Eu vim pro Rio de Janeiro perto dos meus 19 anos achei tudo muito excitante, mas Lucas nos seus 10 anos parecia meio assustado, no final do caminho ele já tinha abandonado o livro, estava mais interessado na janela.
O porteiro quando me viu acenou vigorosamente.
- Oi dona Ana!! Achei que não voltava mais.- Boa tarde seu Pedro, estive ocupada. Esse é meu sobrinho Lucas. Vai morar comigo.
Ele olhou muito interessado para o menino e dava tapinhas em seu ombro enquanto se apresentava.
- Olá rapaz!! Seja bem vindo! Tá fugindo de casa? Hahahaha Qualquer coisa pode me chamar!!
- Ahhhh Olá senhor Pedro... Obrigado.
- Olha quanta timidez!! Fica tranquilo que eu sou gente boa garoto.
Lucas está bem desconfortável então resolvi intervir logo.
- Ele vai ver com o tempo seu Pedro. Agora agente vai indo, estamos cansados da viagem.
- Sim, sim. Precisa de ajuda com as malas?
- Obrigada, mas estamos bem. Pode ficar aí na portaria.
Ele ficou acenando alegremente, praticamente corri até o elevador, meus braços doíam, mas não estava disposta pra aguentar falatório. Espero que Lucas tenha bom gosto literário, como isso pesa.
- Aperta o 8, por favor... O Pedro é mesmo gente boa, muito prestativo. Pode chamar ele se precisar de algo quando eu não estiver por perto... Ou a Léia do 201. Ela é minha amiga, espero que vire sua também.
Ele seguia calado, apenas acenando quando necessário. Parei em frente ao 204, botei a caixa no chão e peguei a chave na mochila. Abri a porta fazendo um movimento espalhafatoso imitando uma reverência.
- Seja bem vindo a sua mais nova, não tão nova assim, residência. Espero que as acomodações estejam do seu agrado.
Ele deu uma risadinha e entrou
- É legal tia.
- Que bom que gostou. É sério, o que poder ser feito pra você se sentir em casa, eu farei. Estou feliz por você estar aqui comigo Lucas. E vou me esforçar pra te deixar feliz também.
- Obrigado tia.
Ele está muito retraído, mas dá um sorriso. Serei positiva e vou me apegar ao fato dele não me odiar.
- Aah!! Esqueci uma coisa! Você tem alergias? Me espera, já volto.
Saio correndo e vou até o 201. Léia não está, mas fuxico no meu chaveiro até achar a chave certa. Entrei apressada e achei o que procurava bem em cima da mesa. Tranquei a porta e voltei rapidamente pro meu apartamento.
Lucas estava exatamente no mesmo lugar, se esticava pra tentar ver o máximo que conseguia dali. A cena me fez rir.- A casa é sua, pode explorar a vontade. Desculpa pela pequena fuga, fui buscar quem faltava. Esse é o meu gato, Bolseiro.
Para o meu alívio ele olhou encantado para o recém chegado.

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Welcome home
Fiksi UmumFamília é aquela coisa importante de mais pra ser tão delicada. Apesar da delicadeza não é nada frágil, seus laços resistem mesmo quando nos afastamos. Seja a sua perfeita ou tão bagunçada quanto a minha, sua vida sempre terá as marcas dessas amarra...