Capítulo 4

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No dia seguinte Murat foi à casa do avô como havia prometido, deixou a irmã e a prima em Sultanahmet e seguiu para Kadiköy.

Chegando lá encontrou o avô a sua espera na varanda, cumprimentou-o com dois beijos em sua face, típico cumprimento muçulmano.

- Sente-se Murat - convidou o Mustafá.

Ele se sentou e o ouviu dizer:

- Meu filho, eu quero lhe contar uma história sobre a nossa família - ele ficou curioso e o idoso prosseguiu - Há muito tempo atrás, quando eu era apenas uma criança morava em uma casa muito diferente dessa, no interior do nosso país, com meus pais, irmãos e uma tia solteira. A minha tia era uma mulher muito bonita, tinha muitos pretendentes e meu pai escolheu um para desposá-la, porém ela se apaixonou por outro homem, um primo dela. Eles sabiam das regras e costumes, porém fugiram juntos quando a família foi contra essa união. Meses depois ela voltou, estava grávida, ele a havia trocado por outra, uma estrangeira. Passou um tempo, o bebê nasceu. Quando ele soube veio conhecer o filho, mas não quis vê-la, disse que levaria o menino embora para outro país, queria formar uma família com sua nova esposa, mas meu pai não permitiu, então ele se foi com a promessa de voltar. Ela teve tanto desgosto que foi definhando até morrer, então ele voltou, com a justiça ao seu lado pôde levar o filho embora. Isso foi uma grande dor para todos - Murat ouvia atentamente em silêncio, mas entendia bem onde o avô queria chegar lhe contando aquela história, ele era um homem muito inteligente e perspicaz - Murat a união entre primos foi proibida em nossa família a muito tempo, pelo meu bisavó que era católico e apesar de a sua religião não proibir essa prática, a união nunca foi bem vista entre os seus. Então todos concordaram que não faríamos casamentos consanguíneos, católicos ou muçulmanos. Abrir mão disso é abrir mão das regras e tradições da nossa família. Além disso, eu tenho um milhão de motivos para provar que relacionamentos entre primos não é a melhor escolha.

Mustafá olhava para o neto com muita seriedade, sabia que Murat era um homem honrado. Tinha caráter. O que foi confirmado por suas palavras após o discurso do avô, com um profundo suspiro Murat falou:

- Não sei como isso aconteceu. Não era minha intenção. Minha prioridade sempre foi cuidar dela, protegê-la. Não imaginei que um dia me sentiria assim por Ayla - Falou com sinceridade abaixando a cabeça.

As suspeitas de Mustafá tornaram-se certeza. O que viu nos olhos de Murat no dia anterior era amor.

- Murat, não se culpe, não o chamei aqui para julga-lo, você é meu neto amado, sempre honrou a nossa família e sei que vai continuar nos dando muitas alegrias - disse Mustafá levantando o rosto do neto - Mas, você precisa entender que nada pode haver entre você e Ayla, ela nunca deve saber como você se sente e se for preciso você deve entregar seu cargo de tutor, convocarei outra pessoa, nossa família é grande - Mustafá viu a desolação nos olhos do neto, então decidiu seguir por outro caminho - bem, acredito que não precisaremos chegar a tanto, eu tenho uma solução para isso, em breve você saberá, por hora lhe peço que não comente nada sobre a nossa conversa, nem mesmo com seu pai.

Murat esperava que a solução do avô não fosse arrancar-lhe o coração, sabia que o avô era implacável em suas decisões. Poderia mandar Ayla ou ele para muito longe um do outro.

- Sim senhor! - respondeu apenas.

- Ayla não é mais uma menininha Murat, ela está se tornando uma mulher, uma bela mulher e vocês passam muito tempo juntos, ela gosta de desafiar você e uma recusa feminina pode ser muito encorajadora para um homem que gosta de desafios como você. Qualquer um sentiria o que você está sentindo, não é o fim do mundo. Mas quero que saiba que não deixarei a história se repetir - Murat olhou para o avô sério, jamais faria mal a Ayla - Acho melhor você voltar para casa, está ficando tarde e Ayla sozinha com Derya nunca é uma boa ideia - Falou o avô entre risos.

Amor em Istambul - AMAZONOnde histórias criam vida. Descubra agora