A polícia chegou após algumas horas, todos foram chamados para dar depoimentos e no final tudo apontou para Fanny. As palavras que ela dissera naquela noite e as flores murchas que foram postas na cabeça de Dani. A questão era que quem havia feito havia pensado em incriminá-la. "Tudo vai dar certo Fanny". Quando fora chama para depor seus pais foram informados e vieram no mesmo momento.
-Perdão minha filha... Eu pedi para você vir. Que roupa é essa Fanny? -A mãe de Fanny parecia mais triste do que brava. -Você não fez isso fez?
-Claro que não mãe! Jamais faria isso e agora todos pensam que fui eu! -Fanny falou quase entre lágrimas.
-Eu sabia que não faria... - A mãe abraçou-a.
-Venha, vamos senhorita Fanny. -Falou o policial idoso.
-Filha, fale sempre a verdade. - Falou o pai sorrindo para ela.
Fanny passou pelos alunos interrogados e eles a encaravam com certo temor. "O que eles pensam que eu sou?"
Fanny entrou na sala e sentou em uma cadeira com uma policial de cabelo preso à sua frente. Ela era clara e tinha o cenho fechado. Os olhos eram verdes escuros, quase cor de musgo.
-Diga-me querida, estão dizendo que você matou a menina que chamam de Dani. É verdade?
-Não jamais! - Fanny respondeu rapidamente. -Eu estava dentro de um armário que encontrei na casa. Apenas fiquei lá e então saí dele quando ouvi um estrondo e pessoas gritando.
-Por que você estava no armário Fanny? - Uma pessoa anotava tudo ao lado da policial.
-Porque... porque...
-Diga-me. - Falou a policial quase a indicando como culpada.
-Porque o menino que eu gostava beijou a Dani e depois pegou em minha mão. Além disso, elas me arrastaram até essa festa me dizendo que era uma festa do pijama, me ofereceram as roupas delas para depois me dizerem que eu deveria me interessar por outra pessoa... - As lágrimas saíram pelos olhos de Fanny. -Eu sei que teria muitos motivos para fazer isso, mas eu não fiz...
-Na verdade você tem muitos motivos para fazer isso Fanny. Muitos. Ouviram você gritar que a Dani não deveria existir em lugar nenhum e disseram que você usava uma coroa de flores. Enfim, horas depois de seu gripo o corpo de Dani e jogado do segundo andar. O que tem a dizer da coroa e do grito?
-Eu fiquei com raiva, mas não se passou disso... por favor entenda... A flor eu não sei... não sei como foi parar lá, lembro-me de tê-la jogado no cesto de lixo...
-Nós vamos analisar o caso senhorita Fanny, se encontrarmos provas, terá serias consequências. Enquanto não encontrarmos prova alguma estará sob tutela e não poderá se afastar de sua escola e casa sem a presença de alguém, entendido?
Aquilo era péssimo, mas algo lhe dizia que tudo daria certo, já que era inocente. Fanny deixou a sala e todas aquelas pessoas, passou por Tezi que a olhava com uma certa piedade e por Willian que parecia ter medo dela. Nina e Cloe pareciam emitir um choro fingido, o que as tornava muito mais suspeitas para Fanny. Aquilo mudaria sua vida social na escola, mas Fanny não se importava se não tivesse amigos, também sabia ficar bem sozinha.
Voltou para casa com os pais e pediu que eles a deixassem em seu quarto para pensar e lidar com a situação. Fanny ligou para a avó ainda chorando e recostada na cama.
-Olá, quem gostaria de falar? -Um tossido ecoou no telefone. Aquele doce ruído. Era bom ouvi-lo novamente.
-Sou eu vóvó...
-O que foi minha filha, você está chorando?
Fanny explicou tudo em detalhes para a avó e ela lhe disse com a voz mais firme que podia emitir.
-Escute bem Fanny, você vai erguer sua cabeça, dar o luto que a menina precisa ter e ser quem você sempre foi. Encontre uma maneira de sobreviver à tudo isso sorrindo e se as coisas ficarem difíceis fale com aquele seu amigo do céu... Você sabe de quem eu estou falando não sabe? Quero dizer, também visite um museu... Faça uma nova coroa! Isso boa ideia.
A avó de Fanny parecia falar sozinha, mas ela era um amor e tinha razão. Agradecida Fanny se despediu e desligou o telefone. Passou a maior parte das horas antes de dormir montando uma coroa de flores com flores artificiais grandes. Ela tinha que ser a Fanny, tinha que enfrentar tudo como uma mulher. Fanny selecionou uma coletânea de livros para a próxima segunda feira. Entre eles, Odisséia, Jardim Secreto e Senhor dos Anéis. Dedicaria-se a si mesma como deveria ter feito desde o início. A verdade é nunca é tarde para recomeçar.
Apesar de seguir em frente, Fanny queria descobrir logo quem era o culpado pela morte de Dani e quem estaria tentando incriminá-la. De fato, não deveria ser alguém distante.
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As flores em minha cabeça
Teen FictionAs flores. O amor. A amizade e as intrigas. Tudo isso faz parte da vida de Fanny. Independente de como começou ou de como terminará essa história, uma coisa é fato: Fanny faz das flores e de sua própria mente o seu refúgio. Em meio à um turbilhão d...