sky

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My girl, my girl, where will you go I'm going where the cold wind blows.

-nirvana

- Sky, os rapazes daquela mesa__ ele apontou para onde o palhaço bobalhão estava com o amigo. Acabaram de chegar,porque não foi atendê-los?. Rápido
- ok,claro!
Caminho um pouco relutante,por que esse cara tinha que está justamente aqui?,mas talvez ele não me reconheça.
- do que vocês precisam?
Ele se vira para olhar pra mim, pelo seu olhar surpreso percebo que me reconheceu de imediato.
- você ,aqui?
-vocês se conhecem?, eu quero uma vodka por favor __diz o rapaz que está com ele.
-sim,quero dizer .. Não, ok vou pegar e você quer alguma coisa? Olho para o palhaço. Me referir a ele assim,é estranho mas como não sei o nome dele,essa é a forma mais fácil.
- Na verdade a gente se conhece sim, o nome dela é skay__ diz ele olhando para o amigo. -Não, por enquanto não quero nada, obrigado.
- e de onde vocês se conhecem? Não sabia que estava tendo vida fora daqui e do hospital,cara.
Deixo eles conversando e saio para buscar a vodka,Não quero escutar esse cara contando que me salvou__por hora, de um suicídio.
Vou ao balcão e volto logo em seguida com a bebida,colocando na mesa.
- então vocês se conheceram na laje de um prédio? Que original!
Olho de relance para o palhaço e percebo que ele omitiu como exatamente nos conhecemos, fico aliviada.
-sim, foi sim, precisam de mais alguma coisa?
- Não,obrigada.
Saio da mesa deles e vou atender as outras.Vez ou outra noto o palhaço me observando mas quando percebo, ele desvia o olhar.
O expediente termina me deixando com dois calos no pé. Sigo para o Carro de minha mãe_quero dizer,meu. Estou muito cansada. Enfio a chave na ignição,me imaginando deitando na minha cama macia e hibernando. Porém o motor não liga, na verdade liga e morre em seguida. Saio do lado de fora e fico o observando. Porque justo agora,e nesse lugar isso tinha que acontecer?. Algumas pessoas passam por mim, a olhar pelo estado, estão bastante bêbadas para eu pedir ajuda. Não sei nada sobre arrumar carros,mamãe sempre cuidou desse aqui,ela tinha até um certo ciúmes dele,por isso me sinto meio mal de usá-lo. Percebo uma sombra atrás de mim e viro rapidamente. Palhaço está parado com as mãos no bolso de seu short e com uma expressão interrogativa.
- precisa de ajuda?
- Não!.. bom,quero dizer,sim preciso,meu carro está morrendo o motor e não sei como resolver.
Ele se aproxima e abre o capô,observa lá dentro.
- a situação aqui tá péssima!
- não sei,esse caro não era meu..
- precisa levá-lo urgentemente a um mecânico.
- será que tem como concerta-lo? Só para eu chegar em casa..
- pela situação aqui eu acho difícil, se você quiser, te dou uma carona.
Meu primeiro impulso é dizer não. Se marck vê ficará me questionando, e também,nao sei se quero que um estranho saiba onde moro. Porém a vontade de chegar o quanto antes em casa,faz eu dizer sim.
Acompanho ele até seu carro,dou as instruções e ele segue. Fica um silêncio ao longo do caminho, o qual resolvo quebra-lo.
- porque não disse a verdade para seu amigo? Sobre como nos conhecemos,digo.
-eu disse a verdade a ele, nos conhecemos na laje de um prédio.
- estava querendo dizer a outra verdade...
- não achei necessário. Sei que tinha seus motivos para fazer aquilo.
-sim, eu tinha,na verdade tenho.
- você voltou a tentar...
-não! Como eu disse,por hora não irei fazer isso.
- que bom.
O silêncio volta a surgir novamente.
- como foi seu primeiro dia?
- um pouco exaustivo,porém foi bom.
- gosto especialmente daquele lugar.
- você já se apresentou lá?
- algumas vezes sim. Você deveria experimentar também. É uma sensação muito boa.
-Não sei cantar, e poesia nunca foi o meu forte.
- entendo.
Antes que pudesse dizer algo a mais, palhaço estaciona na calçada de casa. A última vez que algum cara me deixou em casa foi quando namorava maik.
-obrigada. Amanhã logo cedo vou mandar um mecânico ir lá conferir o carro.
- não tem de quê!
Me viro e caminho passando pelo Jardim, então percebo que ainda não sei o nome dele e volto rapidamente.
- ei? __falo mais alto do que deveria.
- eu ainda não sei o seu nome.
- Eu me chamo... por que isso importa realmente?. Ao falar isso ele dá um sorrisinho sarcástico,liga o carro e se vai.
Entro com um pouco de cuidado para não acordar marck, que infelizmente está sentado no sofá me olhando com uma expressão bastante seria.
- onde estava?
- trabalhando.
- não minta Sky, vi você e um cara, faz apenas uma semana que sua mãe se foi, e você já está agindo como uma adolescente rebelde!
- Eu recebi uma carona, e não estou agindo como uma adolescente rebelde,realmente estava trabalhado, a final só assim vou poder me livrar de você.!
- não fala assim mocinha. Sou seu pai e mereço respeito.
- você respeitou eu e mamãe quando nos deixou para ficar com aquela mulher? Não! Então não exija algo que nem você  foi capaz.
Não espero que ele responda nada e vou direto para o quarto.
Papai largou minha mãe quando eu ainda tinha 5 anos, no começo foi muito difícil para ela,que ficava chorando noite e dia, mas depois de alguns meses ela aceitou que não valia a pena chorar por alguém que vivia perfeitamente bem sem ela. Ele a largou dizendo que não estava "feliz com o casamento", e em uma semana depois apareceu noivo de outra.
Ele nunca fez questão de saber como eu estava, e agora se vê no direito de ficar cuidando da minha vida. Incrível!.
Saio do quarto para pegar um copo de água,marck não está mais na sala. Ouço um barulhinho no celular em cima da mesa e vejo o nome 'Amor' brilhar alí. Sei que é meio evasivo,mas não ligo. Olho o que está escrito.

-Você falou com ela querido? Sobre ter que vir morar aqui até completar os 18 anos?.

Ao ler aquilo sinto um baque,eu não vou morar com aquela mulher e aquele "espécie" de pai. Nunca!.

Art & Soul - No Céu É Mais PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora