Devo ter ficado com cara de abestada de novo,pois a Nina me deu uma sacudidela pelos ombros brincando, “Não faça essa cara,você é muito querida e considerada por todos, ninguém iria deixar de estar ao seu lado nessa hora em que estará se expondo ao mundo,sem pensar em você,mas sim pra proteger as pessoas que ama! Duda,isso é a maior prova de amor do mundo que poderia dar ao seu marido,amigos e familiares! Você sabe que vão querer bombardeá-la, massacrá-la com perguntas e insinuações, mesmo assim,está dando a outra face!”
Na verdade não tinha pensado na coisa daquela forma, agora que ela falou começava a sentir meus joelhos fracos e meu estomago revirar.
Uma onda de náusea me atacou forte, tive que disfarçar sorrindo que precisava ir ao banheiro, sai de fininho,seguida de perto por uma Anne muito desconfiada e que não me deixou entrar sozinha no lavabo.
Olhei-me no espelho minutos antes de me virar pro vaso, entendi o porque dela ter me seguido,afinal eu estava verde.
Não tinha muito no estomago, não coloquei muito pra fora,mas foi o suficiente pra me deixar com fraqueza e tonteira, ela ajudou a me sentar na tampa do vaso por uns minutos,respirando fundo tentando melhorar.
Sentia um suor frio escorrer nas minhas costas,e recostei a cabeça na parede tentando conter a tonteira,que me dominava,o corpo tremia em espasmos.
Anne se ajoelhou na minha frente e segurando minhas mãos caídas por sobre as pernas,falando com toda delicadeza e carinho tentando me acalmar.
“Duda,eu sei como isso é apavorante, se você quiser,podemos pedir pra alguém ler uma carta sua,pra imprensa ,você nem precisa aparecer! Olhe como você está,se for na frente deles assim,vão inventar ainda mais boatos e fofocas,vai ser muito pior! Isso sem falar no seu marido que ao te ver assim pálida vai ficar super preocupado.”
Suspirei e depois,respirei fundo algumas vezes me recuperando antes de falar.
“Anne,vou estar bem, não se preocupe! Preciso fazer isso eu mesma,conheço a mentalidade do meu povo, sei o que vão falar e pensar se não for pessoalmente lá falar o que tenho a dizer. Entendo a sua preocupação, vou fazer uma maquiagem,pra disfarçar as olheiras,mas preciso estar lá de cara limpa, preparada pro que der e vier. Não nego que estou apavorada,mas terei que enfrentar meus fantasmas por um bem maior!”
Meu discurso foi perfeito,mas meu estomago me dizia que era só da boca pra fora,por dentro tudo se contorcia, minha cabeça começava a latejar e não só a girar. Tive que me concentrar com todas as minhas forças na minha enfermagem espiritual,pra conseguir vencer essas induções, não me deixar levar nem dominar. Permaneci concentrada no meu poder superior,meu Deus de amor e compaixão,pedindo forças e luz.
Quando finalmente consegui me controlar e recuperar minha serenidade,me levantei, fui passar uma água no rosto e na boca.
Quando abrimos a porta uma multidão nos aguardava,minha mãe me olhava com um misto de preocupação e curiosidade. Quando todos me viram sair bem e sorrindo,foram se espalhando pela sala, segui minha mãe até a cozinha,lá ela se virou e me apontou um banco perto da bancada pra que sentasse,obedeci ainda calada. Ela pegou um prato, um copo e os pos na minha frente,depois foi até a geladeira, começou a pegar ingredientes pra me preparar o que parecia um super sanduíche com suco natural.
Quando acabou,as meninas já tinha arrumado toda a bagunça,colocou tudo na minha frente e se sentou ao meu lado,só então falando.
“Você tem certeza do que vai fazer? Sabe o que vai falar? Filha,existe um velho ditado ‘em bosta,quanto mais se mexe,mais fede’,por tanto, espero sinceramente que saiba o que está fazendo. Sei o que está acontecendo por lá;falei com a Ba e com seus irmãos,mas não sei se isso vai ajudar ou piorar. Tenho minhas dúvidas.
Tenho medo que passe mal e eles percebam; acho muito arriscado fortes emoções no seu estado!”A voz dela era cautelosa de mais,como que querendo evitar me deixar mais nervosa,mas tinha um outro tipo de cuidado e preocupação. Algo mais, já tinha um tempo que vinha percebendo isso,mas hoje estava mais evidente,era como se ela estivesse realmente com medo das pessoas me olharem e percebessem algo de errado em mim ou comigo.
Sorri pra ela tentando acalmá-la entre uma dentada e outra,não tinha me dado conta de que estava com fome, respondi ainda de boca cheia “Mãe,não se preocupe,está tudo sob controle. Sei do dito popular,mas nesse caso preciso ao menos tentar fazer com que caiam em si e deixem eles em paz. Mãe o Oscar,não tem muita paciência e não quero me sentir mais culpada,se acontecer um incidente!”
Ela suspirou e concordou com a cabeça dando de ombros, se levantou saindo da cozinha. Continuei comendo,sem me dar conta exatamente do que comia,por um bom tempo sozinha,deixando a mente vagar. Não queria pensar no que ia fazer em alguns minutos,mas precisava fazer um roteiro como a Michelle falou.
Quando acabei de comer agradeci as meninas, engoli o suco de uma vez,saindo da cozinha em direção ao escritório,precisava de papel e caneta pro roteiro,apesar de já ter tudo em minha mente,sabia que na hora do nervoso podia dar branco.
Uma mão forte segurou meu braço,me fazendo parar de repente e me assustando.
Era o Baby,com as sobrancelhas juntas, a cara fechada,não de raiva,mas sim de preocupação,olhei pra ele, depois em volta e percebi que estavam todos me olhando parados em expectativa,e um pouco sobressaltados.
Virei novamente pra ele, que me olhava, esperando ao que parecia,resposta a alguma pergunta que não ouvi; tentando parecer o mais natural possível perguntei.
“O que foi?” ele respondeu parecendo ainda mais preocupado.
“Aonde você estava com a cabeça? Estamos te chamando e falando com você a um tempão, você não ouviu nada! Está se sentindo bem? Tem certeza que quer fazer isso?”
Suspirei resignada e respondi de forma ponderada.
“Desculpem! Estava concentrada no que falaria ou não e me desliguei completamente do resto. Preciso me concentrar pra não dar furo,afinal não tenho experiência nessas coisas e tenho medo de piorar tudo. Estava indo pro escritório pegar papel e caneta pra fazer o roteiro que a Michelle sugeriu. Pode repetir a pergunta que não ouvi?!”
Ele deu aquele sorriso de lado que amo, balançando a cabeça me deu um abraço carinhoso me guiando pra junto do restante do pessoal na sala,que agora riam também aliviados e divertidos com minha cara de pastel.
Não entendi direito,mas estava aliviada em ver todos mais tranquilos.
Quando chegamos mais perto do pessoal percebi algumas pessoas que não conhecia,mas tinha certeza que já tinha visto em algum lugar, fui sentada,em uma berger no meio de todos,ao que parecia foi colocada ali estrategicamente.
Assim que sentei,ele se agachou a minha frente e sem soltar as minhas mãos falou com um carinho quase paternal.
“Duda,querida,nos sabemos que você não tem muita noção de como agir, foi por isso que achamos melhor pedir as pessoas que cuidam dessa parte pra nós que viessem te dar uma ajuda,pra se preparar. Estão aqui o Cris,e os assessores do Timi,da Anne e da Nina,além da Michelle que cuida das coisas do Tim, um amigo da Nina que é maquiador e cabeleireiro que trabalha pra alguns estúdios de gravação aqui de L.A.,pra te dar uma ajudinha no visual mais adequado.”
“Duda,desculpe a intromissão,mas como nos nunca tivemos que passar por situações desse gênero,achei melhor pedir a ajuda dos meninos,afinal eles passam por isso o tempo todo, sabem melhor o que dizer e o que evitar.
Não queríamos nos intrometer,mas sabemos que essas coisas são capciosas, não queremos trazer mais problemas e confusões pra sua vida do que as que já geramos.” A Michelle,não deu tempo pra que ninguém falasse assim que o Baby terminou,ela logo se sentou ao meu lado falando como quem se desculpa.
“Pelo amor de Deus Michelle! Você nem ninguém aqui têm nada que se desculpar,na verdade é o contrário,já falei isso antes. Só tenho a agradecer a todos por seu carinho e preocupação para conosco,em especial pela paciência e cuidado comigo. Na atual conjuntura toda ajuda é com certeza bem vinda!”
Mal acabei de falar o Tim veio com o telefone no ouvido do escritório gesticulando chamando a tenção de todos,ele disse um “OK” e desligou o telefone olhando intensamente pra mim, tomando fôlego antes de mandar a bomba.
“Duda,era o Paul, ele já sabe da coletiva e quer estar aqui conosco,ele acha que é uma boa oportunidade pra esclarecer tudo;ele vem com a filha caçula; dirá que a esposa está de cama devido a toda essa confusão. Ele disse,explicar tudo quando chegar aqui,mas já está a caminho. O que acha? Tudo bem?”
Sua voz estava realmente insegura e respondi sem desviar os olhos dele,com medo de olhar a reação dos outros antes da minha resposta.
“É claro que tudo bem! Eu jamais pediria isso a ele,sabendo como estão as coisas na casa dele,mas se acha que deve estar aqui e que isso pode vir até mesmo a ajudá-lo, por mim tudo bem. Imagino que as coisas devem estar bastante tumultuadas pra ele,mas sei que ele é tão vítima quanto eu,e tudo que puder fazer pra ajudá-lo,farei! Confio e acredito plenamente na inocência dele!”
Falei frisando bem a ultima frase,devido aos bufos e suspiros por parte do Baby e seus companheiros de desconfiança,que preferi nem olhar pra saber quem eram.
Sabia que o Paul não faria isso,principalmente depois de tudo que se passou entre nós. Sabia que ele jamais nos trairia dessa forma.
Uma senhora de aparência distinta se apresentou me fazendo virar pra encará-la.
“OK! Eu sou Judy, cuido dos interesses da Anne, mediante a sua afirmação deduzo que tenha certeza de que ele não teve nada a ver com toda essa armação. Estou certa?” A voz dela era um tanto indecisa,como se estivesse querendo insinuar alguma coisa, a reação ao redor foi imediata,mas respondi antes que os outros pudessem se manifestar,fingindo não ter percebido as intenções por trás da pergunta,o mais inocente possível.
“É claro que tenho,não vejo em que ele poderia ser beneficiar com uma barbaridade dessas! Ele é casado e vive pra sua família,ama sua mulher e seus filhos; além disso somos muito bons amigos, amizade significa respeito,confiança e carinho. Por tanto, sei exatamente o que ele está passando,pois me sinto muito mal com tudo isso, acredito plenamente que ele também se sinta. Essa fofocada e mentirada toda,o afetou muito mais do que a mim. Meu marido me conhece muito bem, não é uma pessoa insegura que vive ao meu redor como uma sombra,o que é infelizmente, o caso da esposa do Paul;por tanto, isso tudo foi uma bomba muito pior pra vida pessoal dele do que pra minha. Pra mim,o inconveniente é ter,as pessoas falando,pensando besteiras e calúnias a meu respeito,me expondo e minha família ao interesse e maldade das pessoas que não tem nada melhor pra faze,nem vida própria;que sobrevivem da podridão alheia. Mas ele não!
Ele terá que enfrentar uma crise conjugal,uma mulher insegura e sem autoestima,que ainda usa os filhos como barganha,que precisa urgentemente de ajuda profissional, principalmente de DEUS na vida dela,pra que consiga enxergar como é abençoada com uma família linda, um marido fiel,amoroso e honrado.
Acho que agora não existe mais dúvidas a respeito daquilo que acredito;mais alguma questão?”Minha forma sutil,mas determinada fez com que ela corasse intensamente fazendo a Anne rir ao seu lado,assim como outros ao redor.
Anne falou dando tapinhas nas mãos da assessora.
“Creio que não a esse respeito Duda! Deixei que a Judy,fizesse a pergunta,porque sei que era a de muitos outros, não adiantava eu ficar repetindo as mesmas coisas, achei melhor que você esclarecesse tudo de uma vez. Assim podemos prosseguir sem mais dúvidas.”
Ela me deu uma piscadela de olho,que disse tudo. Sabia que ela queria com isso evitar mais transtornos entre Paul e Baby.
Foi a vez de um rapaz de aparência alegre e simpática se apresentar,muito bem vestido por sinal. “Oi,eu sou Mike, cuido da parte de ralações publicas da Nina, depois de tudo que ouvi,fiquei mais aliviado;pois pra alguém que nunca deu uma declaração publica a senhora sabe muito bem defender seus pontos de vista,sem deixar margem pra questionamentos sensatos. Isso é muito bom,pois será isso que deverá fazer. Uma declaração objetiva e direta,de forma sucinta e segura,sem deixar margem pra questionamentos sensatos;porque baboseiras eles sempre tem pra perguntar, isso ignoramos; respondendo,se for o caso,alguma questão realmente necessária ou inteligente, encerrando o assunto de forma educada,mas sem dar margens a mais comentários e fofocas.”
“Obrigado Mike! É isso que pretendo,o único problema é que não sei exatamente como fazer isso. Na verdade não li,nem ouvi nada a respeito do que estão falando por aí, não sei exatamente de qual ‘crime’ estou sendo julgada. Só sei os resumos que os amigos me fizeram,mas nada realmente concreto,nem direto da mídia.Gostaria de poder ler ou ouvir o que estão falando,pra me prepara pro que irei ouvir pessoalmente. Pois na verdade quando pensei nessa coletiva,tinha imaginado apenas em pedir as pessoas, bem como a imprensa do meu país que respeitassem o direito de ir e vir dos meus familiares e amigos,que deixassem minha família em paz,liberando a minha casa e dos vizinhos. Não tinha me dado conta do que seria isso na verdade. Só depois é que a ficha caiu!” Dei uma risadinha sem graça no final,fazendo todos os que me conheciam rirem e os relações publicas se entre olharem exasperados.
Um jovem senhor,afinal ele deve ter a minha idade,se apresentou com um sorriso fraternal nos lábios,parecendo mais divertido com minha ‘inocência’ que os outros.
“Chamo-me Carl, cuido dessa parte do Timi, se me permite comentar,você é ainda mais interessante do que ele te descreveu! Realmente não esperava que fosse assim tão crua,mas pelo que parece vai precisar fazer um roteiro e se manter fiel a ele,ou com certeza falará besteira. Você fala o que pensa e sente, pelo que vi; antes de pensar. Por tanto expõe seus sentimentos e a si mesma,deixando óbvio como se sente em relação as coisas; isso não é nada bom. Ao menos não no nosso mundo,ou seja,aqui quanto manos se expões,menos é afetada. Agora entendi o porque de todos terem tanta certeza de que foi uma armação e que o objetivo era claramente te atingir. No começo pensava como você,que o Paul era quem tinha mais a perder,mas agora vejo o risco que você representa para si e para os que a cercam. Perdoe a franqueza,mas você não sabe mentir, suas emoções transbordam em suas expressões,é impossível evitar que se saiba o que pensa ou sente com relação a qualquer coisa,basta olhar pra você que já está claro e evidente em seus olhos e seu rosto; Você é transparente! Completamente inocente e pura,como um cristal!
Isso é incrível,jamais tinha conhecido alguém assim como você,tão clara e cristalina,impressionante!” Ele falava com um misto de empolgação e curiosidade; tive que perguntar.
“OK! Mas isso é bom ou ruim? Depois do seu discurso tão empolgado fiquei confusa!” falei meio desconfiada;fazendo todos,agora sem exceções rirem.
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Olá amores e continuando a maratona, vamos agora entrar no momento mais tenso vivido por nossa Duda até hoje!
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Sonhos ou Désjà Vus Los Angeles
RomanceSe não bastassem todas as aventuras e confusões que nossa Duda e família passaram e New York, agora ela vai ter que lidar com a cidade do glamour e todas as novidades que viram com essa nova viajem. Como será que ela vai lidar com isso? É quais as...