Ela ouviu calada, ao final me sorriu satisfeita com a ideia,se prontificando a ajudar a mim e Mariana a escrevermos a declaração.
Com essa parte resolvida pude respirar mais aliviada sentindo com se tivesse tirado parte do peso de minhas costas,ela pediu que minha mãe levasse o Luiz pra conhecer os outros,pra que pudesse aproveitar um pouco mais a festa,sendo atendida de pronto. Assim que eles saíram, ela me olhou um pouco mais séria e perguntou se eu tinha explicado a situação com relação ao Sonny,de forma franca pra Mariana, neguei com a cabeça, ela passou a fazê-lo de forma um pouco solene,mas bem realista.
“Mariana,como sei que são amigas,preferi falar sem a presença de seu marido,pois é uma situação um tanto delicada, como somos mulheres nos entendemos melhor. O Sonny está irremediavelmente apaixonado pela Duda,ele já perdeu o controle sobre si mesmo,o que tem causado situações extremamente constrangedoras e delicadas pra ela principalmente.Não sabemos mais o que fazer, nem como lidar com ele.Atualmente é isso que mais me preocupa,pois ele se recusa a aceitar não estar presente durante a coletiva, temo que se descontrole com alguma indiscrição de algum repórter.Ele anda totalmente descontrolado desde o acidente.O Tim teve que se trancar com ele no quarto e conversar sério pra que não os interrompesse aqui. Creio que ele precisa de ajuda profissional pra lidar com isso e já estamos providenciando,mas não será antes de amanhã a tarde. O que você acha como repórter?Será que se ele reagir mal ou for indiscreto pode piorar as coisas?” Olhos dela expressavam um medo bem concreto pra que não a levássemos a sério.
Mariana respondeu de forma ponderada,mas franca “Michelle, tudo vai depender do que for dito na declaração, no que o fará reagir ou não.Se for algo como uma ofensa pessoal a Duda,ai tudo bem,mas se for apenas especulação então ele pode ao reagir mal reforçá-la.Vou representar a minha emissora na coletiva brasileira e posso ficar na internacional se quiserem, caso algum deslize aconteça tentarei amenizar ou se for o caso tumultuar,pra que o contenham.Creio que mediante os fatos essa seja a melhor forma que posso ajudar.”
Michelle abriu um sorriso estonteante concordando com a cabeça,encerrando e mudando de assunto. “Já que concluímos essa parte o que acham de darem uma voltinha pela festa e mais tarde nos reunimos aqui pra redigir a declaração?”
Mariana me olhou em dúvida,mas sorri incentivando-a com as mãos a acompanhar nossa anfitriã,dizendo ir em seguida.
Assim que saíram,fechei a porta e me larguei na poltrona,me sentia esgotada,sem o menor ânimo principalmente pra festa.Sabia que precisava ir pra cozinha cuidar dos preparativos do Buffet da Nina,mas não tinha vontade alguma.
Ter contado,mesmo que resumidamente, toda a história pra eles me fez reviver tudo de novo,principalmente as parte cortadas,cada emoção e sentimento, o que a Michelle falou do Baby,me deixou arrasada.Me sentia destruída e monstruosa.
Sabia que teria de tirar forças pra cuidar do meu compromisso e seguir em frente,só não sabia de onde tiraria.
Fiquei ali na poltrona com os olhos fechados sentindo as lagrimas descerem suavemente pelo meu rosto,me dando o direito a um pouco de auto piedade e punição ao mesmo tempo,precisava por toda aquela angustia,dor e agonia pra fora,tirar de dentro do meu peito ou explodiria,sem saber por quanto tempo me desliguei do mundo exterior,fui sentindo todas as coisas ruins sendo lavadas da minha alma,até não ter mais lágrimas,sentir meus olhos ardendo,secos e inchados;controlei minha respiração agora menos entrecortada,me preparava mentalmente pra sair do meu ‘casulo’ tentando ir direto pra cozinha sem mais demoras ou atrasos,levando um susto ao abrir os olhos e dar de cara com minha mãe ali parada quieta,me observando.
Ela levantou e acendeu a luz de um abajur perto das poltronas onde nos encontrávamos sentadas, me olhando com muito carinho, olhos cheios de preocupação e dor,mas a voz calma,serena como sempre.
“Filha você está um trapo humano.Precisa se recompor e descansar se quer mesmo fazer uma aparição pública,eu e sua tia já adiantamos quase tudo do aniversário da Nina,graças a Deus você teve presença de espírito pra fazer um cardápio bem simples, fácil,o que permitiu que eu e Maria pudéssemos orientar o pessoal da cozinha e finalizar os mais complicados,você só vai precisas dar o seu toque pessoal amanhã, pois hoje já cuidamos de tudo pra que você possa descansar. Te deixamos aqui com seus pensamentos por mais de uma hora até que me preocupei ao te chamar e bater de leve na porta sem resposta, entrei e vi você assim frágil,indefesa,delicada como quando era a minha menininha,me lembrei de seu pai e fiquei imaginando a tremenda confusão que seria se ele fosse vivo.Essa gente ia se arrepender de mexer com a filhinha dele...............”
Ela finalizou com um leve sorriso muito emocionado ao lembra do meu pai,eu realmente era a menina dos olhos dele,sua vida, mexer comigo era briga certa;essa constatação também me fez dar um sorriso, animando-a, fazendo com que se levantasse e me desse a mão pra levantar também.
Quando fiquei em pé senti todo meu corpo doer, me estiquei algumas vezes estalando até conseguir ficar ereta sem dor e estalos,fazendo minha mãe sorrir com minhas caretas e comentários de que estava me quebrando toda de velhice.
Antes que abrisse a porta ela me interrompeu,segurando minha mão e me virando de frente pra ela,que com muito cuidado passou as mãos em meu rosto e olhos,limpando as ultimas lagrimas,seus vestígios, sorrindo bem mais afetuosa que de costume,agora com uma voz um pouco vacilante “Filha antes de mais nada vá ao lavabo e passe uma água no rosto,então suba o mais discretamente possível pois você está horrível. Os olhos estão vermelhos e inchados,com roxos em baixo,misturados com os restos da maquiagem que escorreu. Precisa se recompor e trocar essa blusa que está molhada das lágrimas.Sabe que o rapazinho está uma angustia só, pois não permiti que entrasse aqui,você precisava de um tempo pra si após reviver tudo, pôde ver agora de forma mais distanciada, decidir como e o que fazer. Vai ter que lidar ainda hoje com sua legião de fãs e precisa ao menos uma aparência razoável se não quiser causa uma comoção geral.”
Sorri concordando com a cabeça e assim que abri a porta senti, mesmo não olhando as cabeças virarem em nossa direção,mas fixei meu olhar para o chão, fui direto pro lavabo,como minha mãe falou, ao olhar no espelho achei que ela fora muito gentil,pois parecia a irmã mais velha do frankstain.Lavei o rosto fazendo um pouco de compressa nos olhos pra que ao menos suavizassem o inchaço e vermelhidão. Após uns segundos vi que não ficariam melhores do que já estava, suspirei resignada, enxuguei o rosto limpando, recolocando os óculos que também ajudavam a disfarçar principalmente as olheiras, sai de encontro a uma verdadeira comitiva,chegando a conclusão que subir discretamente estava fora de questão.
Sorri pra todos dando a mão a Anne,que estava ao lado da porta me esperando sorrindo com cautela,mas logo relaxou,assim que segurou minha mão e dei-lhe uma apertadinha significativa,ela agora sorria mais abertamente,fazendo a tenção ao nosso redor diminuir sensivelmente.
Deixei-me ser guiada por ela até a sala onde fomos pro jogo de sofá bem no meio de uma enorme roda de poltronas e sofás dispostos de forma que todos ali sentados pudessem se ver,era um sofá de três lugares,assim que vi a Mariana e o Luis, fiz sinal pra que viessem se sentar em um dos sofás de dois,três ou quatro lugares ao redor. A Michelle sentou do meu outro lado,visivelmente querendo evitar uma disputa entre os rapazes que se acotovelavam na tentativa de chegar primeiro.
Assim que estavam todos mais ou menos acomodados o Timi veio rindo com dois almofadões nas mãos,jogando-os no chão aos meus pés sentando neles recostando nas minhas pernas fazendo careta pros outros que faziam cara feia pra ele,agora as gargalhadas.
Todos riram de seu jeitão de garoto moleque,ele sem o menor pudor pegou,por assim dizer o melhor lugar de novo,pois sua cabeça ficava na altura certa pra que ficasse fazendo cafuné enquanto conversava com os outros.
Aos poucos todos foram se chegando mais pra perto pra poderem participar da conversa e saber finalmente o que havia decidido.
Em meus momentos a sós no escritório,pude ver tudo com uma perspectiva mais clara e objetiva, entendido que o mais importante seria responder a questão ,pra mim até então mais complicada.
Como dar uma declaração publica sem se expor ainda mais ou aqueles a quem ama?
A única coisa sensata a fazer era dizer a verdade e deixar que cada qual escolha no que quer acreditar,se na mentira danosa e perversa,ou na verdade simples e clara.
Já estava decidida,iria dar-lhes a verdade e desafiá-los a checarem por si mesmos.Mas também serei dura com todos aqueles que desrespeitaram a mim e a minha família,chamá-los-ei a se porem em nosso lugar.
Não posso crer que não tenha alguém,uma pessoa que seja,com consciência,discernimento ou bom senso.
Só posso contar com Deus,que nunca me desamparou,com seu amor maior, seus trabalhadores do bem e da luz,seus socorristas espirituais e anjos,pra intervirem por nós nos corações das pessoas.
Não creio e nem aceito o mal,simplesmente pelo mal.
Preparei-me psicologicamente pra comunicar minha decisão a todos,pois sabia que causaria novo rebuliço,esperei que todos estivessem devidamente acomodados e relaxados pra ‘soltar a bomba’.
“OK pessoal! Gostaria de aproveitar que estamos todos aqui reunidos,pra comunicar que decidi que vou fazer,sim uma declaração pessoalmente amanhã, quem quiser estar aqui comigo será bem vindo, não adianta tentarem argumentar,já decidi e pronto.” Precisei finalizar um pouco mais firme que gostaria,devido as manifestações de indignação de alguns,mas sabia que iam acabar tendo que aceitar de qualquer maneira.
Fiquei rindo das besteiras que o Timi falava sentado em meus pés,em resposta a indignação dos meninos,como se ele realmente fosse meu filho mais velho e tivesse todo o direto de estar ali sentado, me apoiar em todas as minhas maluquices,mas percebi quando o Tim fez sinal pra Michelle que continuava ao meu lado,pra que fossemos até ele, vi quando o Paul entrou no escritório, imaginei do que se tratava e a segui,pedindo licença ao ‘séquito’ prometendo voltar logo. Passando ao lado do Bobby,que estava em pé apoiado em uma cadeira apenas observando toda a cena,fui pega de leve pela mão e seguida por ele,que aproximando bem o corpo do meu falou baixo o suficiente pra que apenas eu pudesse ouvi-lo “Creio que saiba o que estará fazendo, já avisei aos donos da casa que estarei aqui por café da manhã,mas confesso estar bem preocupado com você e seu estado de saúde.Conversei com o Tim e o médico depois que acordou, acho que você deveria se desculpar da melhor forma que achar, ir pro seu quarto, se for o caso,creio que nem a Michelle nem sua amiga se importariam de auxiliá-la na sua declaração,em seu quarto,enquanto faz ao menos algum descanso físico.Não sei se já te contaram,mas você é humana, não a reencarnação da mulher maravilha. Você sabia?” Ele terminou de falar dando um apertãozinho de leve na minha mão, sorrindo de forma sensual e provocante,sem esta intenção é claro,mas pra uma ‘plebeia’ como eu,de derreter até os ossos.
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Sonhos ou Désjà Vus Los Angeles
RomanceSe não bastassem todas as aventuras e confusões que nossa Duda e família passaram e New York, agora ela vai ter que lidar com a cidade do glamour e todas as novidades que viram com essa nova viajem. Como será que ela vai lidar com isso? É quais as...