CILADA.....parte 16

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Estava completamente relaxada quando um toque em meu ombro quase me enfartou,pulei quase me afogando,ouvi minha mãe se desculpando também assustada com minha reação.
Olhei-a ainda me recuperando enquanto ela balbuciava suas desculpas “Desculpe tê-la assustado assim,mas te chamei, bati na porta, você não respondia,entrei, chamei por você algumas vezes, nem se mexeu,o que acha que eu pensei? Já estava ficando nervosa e vim verificar se estava bem.”
“Tudo bem mãe,é que eu estava com os ouvidos dentro da água pra diminuir o barulho lá de fora e me concentrei no barulho da hidro,me desligando completamente do resto. Mas por que veio aqui atrás de mim,aconteceu mais alguma coisa,algum problema? Dormi e perdi a hora de novo? O que houve?”
“Nada disso,pode se acalmar,é que a Mariana chegou com a família e a Michelle,veio te avisar, você não respondia,me pediu pra checar se estava tudo bem e te avisar, só isso.Você já está ai a meia hora,está mais enrugada que eu.Acho melhor sair logo, ir receber sua amiga e cuidar das responsabilidades que assumiu,pois amanhã vamos todos acordar cedo,se não se esqueceu.”
Ela ia falando enquanto se encaminhava em direção a porta, ao terminar de falar fechou-a na minha cara sem esperar resposta.Ela ficou brava comigo por me assustar com ela,por ter fugido pra tomar banho e tentar relaxar um pouco na banheira,como se isso fosse o máximo do absurdo,como se fosse um luxo desnecessário,as vezes fico pensando em como ela acha que lido com tudo que está acontecendo a nos,tento imaginar o que se passa na cabeça dela,mas definitivamente não consigo,ela sempre foi e sempre será um enigma pra mim.
Sai do banho e fui me vestir,a Anne separou uma calça jeans e uma camisa sobreposta que comprei com ela no outlet,de uma marca famosa,realmente bonita e confortável,fiquei grata por ela finalmente ter entendido que não tinha clima pra brincadeiras,sequei meu cabelo com o secador,e o prendi em um coque na nuca,fiz uma maquiagem leve pra disfarçar um pouco as olheiras e coloquei meus óculos.
Meus olhos estavam ardendo e cansados e precisava descansá-los pro dia seguinte,não os queria vermelhos ou inchados.
Calcei minhas sapatilhas favoritas e desci pra receber Mariana e sua família;antes de chegar até eles a Nina veio me apresentar seus pais e irmão,todos muito simpáticos e gentis comigo,mamãe me viu com eles e veio me buscar pra falar com a Mariana,feliz por ter mais alguém com quem conversar sem interprete, louca pra poder saber sem traduções o que pretendia fazer, a verdade do que se passava no mundo lá fora,pois ela assim como eu tinha a impressão de que estavam nos editando as informações.
Eles a cumprimentaram,ao que parecia já tinham sido apresentados e me desculpei seguindo-a até onde a Mariana estava junto com o marido,pois os filhos já tinha sido sequestrados pelo Jorge que logo os reconheceu feliz da vida em reencontrar os amiguinhos de casa ali.
Cumprimentei-os e os agradeci por terem vindo tão de pronto, o marido dela,Luiz,foi quem agradeceu a oportunidade única,segundo ele,de estar assim em uma festa estelar como aquela;fazendo–nos rir.
Convidei-os a nos acompanharem até o escritório,pois mamãe deixou claro que não iria dar folga.
Ao entrarmos tive o cuidado de fechar a porta sem trancá-la,depois de todos acomodados,perguntei se queriam alguma coisa,como todos pareciam devidamente servidos me acomodei na cadeira atrás da mesa do Tim,dando um certo ar de seriedade a conversa.
Fui direto ao assunto que mais me incomodava.
“Mariana e Luiz,gostaria que fossem bem honestos comigo e me dissessem,o que realmente estão falando a meu respeito por ai,pois sei que estão editando muita coisa pra nós,até porque não me deixaram ver nenhum programa de TV e nem ler nada a respeito. Apenas sei o que me contam;tenho certeza que a intenção é me poupar,mas preciso saber a realidade da situação,pra só assim poder ter noção do que dizer.Não acham?”
Tinha consciência de que estava extremamente séria e abatida, vi em seus rostos a preocupação mediante a minha pergunta,mas acredito terem me falado a verdade.Foi o Luiz quem começou a falar procurando ser cauteloso e um pouco brincalhão pra aliviar o clima tenso.
“Duda,você sabe que não tem necessidade real de ver ou ouvir as barbaridades que estão apregoando a você,tenho certeza que eles te deram a noção básica do problema.Quando o Tim nos ligou convidando pra vir hoje,pediu que te poupássemos dos detalhes sórdidos, creio que ele está certo.A moça que foi nos buscar repetiu as recomendações, até onde soubemos não é por puro mimo,mas você andou dando uns ‘tiltes’ bem assustadores,não é mesmo.”
Apenas sorri e confirmei com a cabeça,incentivando-os a continuarem. Mariana prosseguiu: “É por causa da sua saúde que te pouparam dos horrores dos tabloides,não tem absolutamente nada que seja verdade neles, qualquer um que te conheça ao menos um pouco sabe disso.O que você precisa é falar a verdade, contar a história real do que aconteceu,mas isso não pode ser na coletiva; tomei a liberdade de entrar em contacto com a emissora e pedi permissão pra,caso você e quem sabe o Paul e o Sonny queiram,possam contar tudo em uma entrevista comigo,aqui em segurança. Mas antes gostaria de ouvir a história toda de você,como amiga,até pra poder te orientar no que deve ou não dizer tanto na coletiva como na entrevista,afinal não estaremos só nos aqui.” “Duda não se preocupe nem se angustie,como se diz no Brasil, ‘os olhos são espelhos da alma’ e basta olhar pra você que sabemos que está sendo sincera” Emendou o Luiz,finalizando.
Dei um suspiro resignada,pois já sabia que não me falariam nada,já haviam sido bem instruídos pelos nossos anfitriões e não arriscariam ofende-los.Mamãe que permanecera calada até agora se manifestou incisiva.
“Não quero saber os detalhes,mas sim o que as pessoas estão falando,como estão reagindo; quando digo isso não quero a opinião de vocês que a conhecem,mas nas ruas,o povo em geral!”
“ Dona Paula,na verdade a maioria dos comentário que ouvimos,foram bem negativos,pois as fotos foram muito bem manipuladas para passar uma visão e interpretação erradas, esse foi exatamente o erro deles com relação a imprensa séria,pois ficou óbvio que queriam criar confusão,aumentar as coisas,fazer parecer que eram algo muito maior do que realmente representavam. Até mesmo o fato da Duda ter ido ao hospital em NY,foi manipulado insinuando que se tratava de uma gravidez,mas isso seria impossível em tão pouco tempo,ou seja,a confirmação. E além disso a questão do ‘desaparecimento’ dela com o Paul,está sendo questionado,pois como sabiam com tanta rapidez? Esses fatos exagerados não passaram despercebidos das pessoas com um pouco mais de bom senso e discernimento.” Percebi a tensão na Mariana enquanto falava, vi que tinha mais alguma coisa,pois ela me deu uma olhada rápida e desviou os olhos como me escondendo algo.
Resolvi deixar pra conversarmos depois a sós,passando logo pro que interessava.
“OK,Vamos aos fatos,farei um resumo de tudo que aconteceu desde o início,pra que tenha uma visão geral da história toda. Conhecemos o Tim no evento de abertura do festival,fomos apresentadas a ele pelo diretor do filme que nos trouxe ao festival,não só ele, mas outros diretores e famosos também,parece que todos ficaram curiosos pelo fato de ter escolhido a minha mãe como acompanhante,mesmo ela tendo mais de oitenta anos.Ele foi o mais simpático e ficou encantando com ela,nos mandando um convite no dia seguinte pra almoçarmos com ele,no terceiro dia.No segundo dia antes do festival,fui com o Jorge a um centro comercial no Soho,foi lá que conheci o Sonny.Já estávamos de saída quando ouvi uma confusão se formando, me apressei pra fora,pois tinha visto que era um pouco demorado pra pegar táxi ali.Quando estávamos entrando no táxi,ouvi o tumulto atrás de nos e quando me virei vi os fleches pelas portas, os seguranças tentando segurá-las e um rapaz ‘camuflado’ em desespero sem saber o que fazer ou pra onde ir;fiquei penalizada e ofereci uma carona,quando ele entrou no carro ao nosso lado,o reconheci,mas fiquei na minha,me apresentei e ao Jorge, ele se apresentou como Baby,apelido de família.Fomos pro nosso hotel,pois estávamos atrasados, o motorista avisou que estavam nos seguindo.
Ofereci pra ele subir pro nosso quarto e de lá pedir socorro, foi assim.
No dia seguinte ele se convidou pra almoçar conosco e o Tim,graças a língua grande da minha tia, foi no restaurante que ele,o Tim e o Chefe de cozinha me convenceram a ir no fatídico Evento, por causa da festa da turma dele no hotel ficou tarde e dormi no quarto da Anne,pois abusei da bebida, não me sentia bem.
Foi no Evento que dei uns foras no projeto de Barbie que todos acreditam estar por trás disso,e por trás da fofocada de NY também, por causa dela fomos transferidos pro hotel deles,pra segurança principalmente da mamãe e do Jorge.
Quanto ao hospital,vocês não sabem mas tenho um problema de coração congênito e hereditário, por isso minha pressão oscila muito,além da labirintite,que só piora as coisas,principalmente sob estresse e tenção.
O problema com o Paul,foi armação sem dúvida,pois ele apenas estava me levando pra conhecer uma famosa vinícola,que por acaso o dono é amigo dele, assim poderia escolher pessoalmente os vinhos que usaria no aniversário da Nina que é amanhã, eu estou responsável pelo cardápio.De repente em pleno temporal o carro morreu,no meio do nada,ele tinha pego uma estradinha vicinal pra cortar caminho.Graças a Deus um casal abençoado de fazendeiros nos viu e socorreu, poderíamos ter morrido ali de frio ou de acidente.No final das contas o temporal nos salvou,porque agora sabemos que sabotaram o carro pra armarem um falso flagra.E essa é toda a história! Se não fossem a Michelle e o Tim,juntamente com os nossos novos amigos estaríamos ferradas.”
Quando terminei eles estavam perplexos e abobados,mas mamãe não deu tempo de se recuperarem completando um pequeno detalhe que não quis contar.
“Mas você não contou tudo,se esqueceu do detalhe do hospital.Que você foi agredida verbalmente por uma louca na casa do Tim em NY, teve um desmaio gravíssimo,por isso foi obrigada a ir ao hospital,lá os médicos fizeram uma série de exames,e chegaram a conclusão que seria fatal pra você viajar no estado em que se encontra,seu coração não resistira a viajem,pois a senhora deveria ter operado a muito tempo e fica adiando!” Ela finalizou fazendo cara de ‘é isso mesmo’,me obrigando a dar um sorrisinho amarelo.
Os dois se entre olharam e tomaram um longo gole de suas bebidas antes de falar,como se precisassem digerir tanta informação primeiro. Ficamos um tempo em silêncio,que foi quebrado por uma Mariana,um pouco pálida e hesitante,ao falar.
“Duda,mediante a tudo o que disse e a finalização da sua mãe,já não sei bem se é uma boa coisa você fazer a coletiva,será muita tensão,sem falar na exposição.Sua saúde parece estar muito frágil e delicada.Talvez se fizéssemos apenas uma declaração pública,acompanhados de um médico que esteja a par do seu estado real.Calma,podemos fazer a entrevista e assim todos ficarão sabendo da verdade toda de uma vez,posso negociar pra que tenham representantes da imprensa séria internacional,ou passar pra eles a matéria pra que também a apresentem.Pense ao menos nessa possibilidade.” Ela se interrompeu pra explicar mediante a minha negação veemente com a cabeça.
Dei um longo suspiro e expliquei : “Preciso cortar esse mal pela raiz e não criar mais especulação, é o que vai acontecer se for apenas um porta voz fazer a declaração.Já tinha pensado nisso e acho que talvez,o melhor é que eu mesma faça a declaração na coletiva,pois minha maior preocupação é que deixem minha família em paz!”
Ela sorriu e assentiu com a cabeça compreendendo o que realmente me preocupava.Nessa hora bateram na porta,me fazendo sobressaltar,pedi que entrasse. Era a Michelle que vinha trazendo uma bandeja,pessoalmente com bebidas e uns ‘belisquetes’ pra nos.
“Desculpem a intromissão,mas acredito que estejam com fome, como não sabia se estavam bem servidos vim eu mesma pra evitar maiores interrupções.”Comentou sorridente meio sem graças.
Sorri agradecendo, completando que afinal a casa era dela, podia entrar quando quisesse,pois ela melhor que ninguém sabia o que conversávamos ali;encolhendo os ombros fazendo-a rir também.
Pedi que se sentasse em meu lugar enquanto relatava o que a Mariana tinha sugerido e minha contra proposta;estava agitada de mais pra ficar sentada.

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