Sonhos ou Désjà Vus Los Angeles

CILADA......parte 13

Adorei o fato dele enfatizar bem que era da minha vida e da minha família que estavam falando, que essa decisão só caberia a mim e a mais ninguém.
Sorri profundamente grata a ele, perguntei finalmente que horas eram,me assustando quando responderam que passava das sete da noite.
Fiquei imediatamente ereta na cama,pensando em como daria conta de preparar toda a comida da festa do dia seguinte e ainda dar aquela ,malfadada entrevista/declaração.Respirei fundo e soltei a bomba.
“OK,pessoal! Agora vamos as coisas práticas,alguém sabe me responder se a conferência de assessores já chegou a alguma conclusão se será declaração ou entrevista? É que precisamos decidir isso logo,pois o meu repouso forçado foi mais longo do que eu esperava e ainda tenho muito trabalho pela frente pra preparar as coisas pro aniversário da Nina amanhã. Antes que qualquer um se manifeste eu vou SIM,prepara as coisas como havia tratado,pois antes de mais nada sou uma profissional e por tanto, quando assumo um compromisso PROFISSIONAL  eu o cumpro a risca,independente de qualquer outra coisa.”
Minha voz estava irritada o suficiente pra nem o Sonny querer me contestar,o que me deu oportunidade de organizar meus pensamentos, como não tive resposta,repeti a pergunta. “E ai, alguém sabe se será declaração ou o quê?”
Eles se olharam e foi a Anne quem falou dessa vez ,com uma voz um pouco insegura. “Você vai mesmo levar isso a diante? Mesmo depois de tudo que o Paul te contou?Mesmo depois de ter passado mal,ainda assim que ir lá dar a cara a tapa?”
Sorri mais intensamente pra ela e respondi com carinho, “Querida,não estarei dando a cara a tapa,isso só seria possível se fosse verdade o que estão inventando, como não é o caso,não tenho medo de ir lá dizer isso a eles.Na verdade acredito agora mais do que antes,que devo sim ir lá e não pedir,sim mandar que deixem minha família em paz,pois não temos nada haver com as mentiras e barbáries que estão inventando contra nós, essas calúnias só se tornaram fortes devido a maldade , falta de humanidade e decência das pessoas,pois todos adoram ver a desgraça e degradação alheias,como se precisassem disso pra se sentirem criaturas melhores.As pessoas hoje em dia se acostumaram a se nivelarem sempre por baixo,é por isso que esse tipo de coisa tem tamanha repercussão;se elas se nivelassem por cima esse tipo de maldade seria tratado com nojo,descaso e falta de interesse,pois as pessoas não iriam se sentir bem ao assistir a degradação nem a execração publica de outrem.
Mas isso sempre foi a diversão dos pobres de espírito,estão aí a perseguição aos primeiros cristãos,a caça as bruxas,e a queda da monarquia em alguns países europeus.Verdadeiras barbáries publicas,shows de horrores.”
Quando terminei meu discurso ouvi aplausos as minhas costas,pois tinha me sentado na cama de costas pra porta, ao me virar pra ver quem era,tinha uma galera me olhando e aplaudindo,além do Tim,estavam a Michele,o Carl,o Cris,o Mike,o Timi,o Bob,o Peter e o Bobby. Claro que fiquei roxinha de vergonha na mesma hora.
Michelle falou com uma voz embargada de emoção e com um ‘q’ de orgulho.
“É por isso que tanto te admiramos e amamos Duda, estamos todos aqui ao seu lado pro que for preciso.Por essa sua consciência das coisas e mesmo assim,não desiste de fazer o que acredita ser o certo,mesmo sabendo que muitas vezes não é o mais fácil nem o mais agradável.Mesmo abrindo mão de si, tendo que superar seus medos e anseios,mesmo abrindo mão de sonhos e fantasias de toda uma vida.Até quando está vivendo o que pra você representa um sonho na realidade,não perde o foco, não se deixa tirar o pé do chão, e todas as vezes que escorrega;pois é humana;trata logo de se levantar e sacudir a poeira pra seguir em frente;mesmo quando seria mais fácil,cômodo,agradável e saudável se deixar levar.Nem em detrimento a própria saúde e tendo que suportar a dor física,não abre mão de fazer o que acredita ser o certo.” Ela parou pra respirar emocionada, percebi minha mãe também fungar mediante as traduções de tia Maria,então Tim terminou por ela,enquanto vinham me abraçar,primeiro ela e depois ele; eu as lágrimas também é óbvio.
“O que a Michelle queria terminar de dizer é que temos muito orgulho de você e te amamos muito,como uma verdadeira filha!”
Todos começaram a falar ao mesmo tempo em concordância ao que eles tinham dito e o barulho ficou enorme,me fazendo encolher devido a dor de cabeça,consequência das alterações de pressão e fortes emoções,ao perceberem que me encolhia,o Tim pediu que falassem mais baixo,passando a mão carinhosamente em minha cabeça,beijo-a no alto se levantando pra em fim por ordem naquela bagunça,enquanto a Michelle me perguntava se queria um analgésico,o que aceitei de pronto.
Quando ela levantou,eu tentei segui-la,mas de imediato varias mãos me seguraram onde estava.Levantei a cabeça confusa,em minha frente se emparelhavam Anne,Baby e Timi,seguidos pelos outros que se encontravam dentro do quarto,assim que me recuperei do susto inicial,tive que rir das caras de pânico que faziam,chegava a ser cômico se não fosse trágico.
Foi minha mãe a primeira a se indignar com minha risada, “Você acha divertido ver todos assim preocupados com você,ou por acaso tem algum palhaço aqui? Tem alguma noção do susto que tomamos quando o Sonny saiu com você desacordada nos braços do escritório?Já estou sem idade e saúde pra suportar essa sua irresponsabilidade consigo mesma, não me faça essa cara de coitadinha,pois sabe exatamente do que estou falando,Maria por favor pare de traduzir tudo que digo!!!!”
Ela estava realmente uma fera comigo, fiquei imaginando o que deve ter sido pra ela,ainda mais tendo que depender das traduções da amiga.Ela já estava cheia disso, deixou claro quando frisou bem sua ultima frase. Dei um suspiro profundo,Baby e Anne já estava sentados ao meu lado na cama um de cada lado e ao lado da Anne o Timi,eles seguravam minhas mãos como que pra me dar força,mas não tinha muita certeza se não era também pra evitar que tentasse levantar novamente.Olhei pra minha mãe e a respondi em português,acenando pra tia Maria com a cabeça, pra que não traduzisse “Mãe não ri do susto que levaram,até por que sabe muito bem que não fiz de propósito;mas do excesso de cuidados,estão exagerando;além disso acho que já te falaram o que o Paul estava nos contando,então acredito poder ter um desconto ,afinal qualquer ser humano normal se chocaria ao ouvir as coisas que ele contou,ou a senhora vai dizer que já imaginava.FALA SÉRIO! E porque não me falou nada ou me preparou pro que estava por vir? Como achava que eu ia reagir, posso saber?”
Todos nos olhavam sem nada entender,indo do rosto de uma pra outra, conforme eu ia falando ela confirmava ou negava com a cabeça,me deixando exasperada ao perceber que ela já tinha e a muito sacado que aquilo iria acontecer,mas preferiu se calar a me preocupar,ou por pura perversidade.
Ela começou a se defender “Filha não nasci ontem e vi a confusão armada logo no primeiro dia que soube que tinha arrumado uma inimiga,quando reencontramos com o Paul e a esposa na festa da casa do Tim em NY,a reação da esposa dele ao ti ver já disse tudo.Ao vê-lo ,podemos dizer,se descontrolando quando te viu na piscina ainda lá,bem, ali vi que o caldo já tinha derramado de vez. Só não esperava que a coisa ficasse tão feia e nem tão rápido;desculpe!”
Não tive palavras,apenas arfei e bufei, então a ficha caiu que era sobre o Paul que o Baby falou na piscina;jamais imaginaria que era disso,que ele falava.
Meu Deus,realmente sou uma pastel como dizem meus irmãos,como não percebi que a coisa estava tão feia ao meu redor;na verdade sei sim;estava tão focada em mim mesma que nem tenho tido tempo pra minha família,se não fosse por isso teria tido oportunidade de conversar a sós com minha mãe e teria sido devidamente alertada.Mais uma vez meu egocentrismo me ferrando,não importam o que digam,mas com certeza sou o supra sumo do egoísmo.
Só quando o Baby segurou meu rosto entre as mão e o virou pra si que percebi que falavam comigo,eu simplesmente tinha me desligado por completo,ele estava pálido me olhando, ao perceber que tinha retornado minha atenção repetiu a pergunta.
“Duda,está me ouvindo agora?” balancei a cabeça afirmativamente. “O que foi isso com a sua mãe? Primeiro ela manda sua tia parar de traduzir ,depois é você que faz o mesmo, ainda grita com ela no meio de uma aparente discussão e ao final sai do ar por completo.Nem enxergou a Michelle parada na sua frente te dando o remédio e a água.O que está acontecendo?”
Sua voz era um mix de nervoso,irritação e preocupação.Dei-lhe um sorrisinho amarelo e olhei pra Michelle ainda parada na minha frente com o copo e o remédio nas mãos,peguei-os e agradeci colocando o comprimido na boca e virando o copo d’água de uma vez, só depois de engolir e respirar fundo pra recupera o fôlego e o auto controle,respondi;o silêncio era absoluto.
“Desculpem,mas minha mãe estava me dizendo que desde NY,já tinha previsto que uma confusão de proporções desastrosas como esta aconteceria mais cedo ou mais tarde, que simplesmente preferiu não me falar nada e deixar as coisas acontecerem, realmente isso foi de mais pra mim.Precisei de um tempo pra processar a informação,não consegui digerir rapidamente.”
“Como assim ela já sabia?De onde ela tirou isso? Como pode?”
Ao que parece a informação também foi de mais pra Anne, assim como pra mim,mas a Michelle tocou de leve nossos ombros e se sentando a nossa frente tentou explicar.
“Estive conversando muito com sua mãe,Duda, ela me falou que estava prevendo algo assim,logo que chegamos de NY, foi por isso que eu e Tim tratamos de trazer nosso amigo pra te examinar aqui e fazer todos os preparativos pra que se realmente algo acontecesse estivéssemos preparados,mas ao que parece ninguém imaginava alguma coisa dessas proporções e muito menos desta forma. Pensávamos mais em algo no estilo fofocas e insinuações,mas isso foi longe de mais.Me perdoe Paul,mas sua mulher foi longe de mais,ela realmente está fora de si e de controle,sua atitude de interná-la é mais que correta,pois ela não só expôs a todos nós como sua família e a da Duda,no Brasil,que não tem nada haver com isso.”
Fiquei penalizada com o Paul,que se encolheu mediante as palavras da Michele me olhando de cabeça baixa sussurrando um desculpe,sem graça.
Não aguentava mais ficar ali sentada, me soltando das mão que gentilmente me seguravam, levantei antes que a Michelle terminasse de falar, acho que ela finalizou antes devido a minha reação,mas já estava impaciente e não ia suportar bombardearem o Paul por algo,que ele não teve culpa.Sei que não era essa a intenção,mas era como me sentia, além disso queria terminar logo com aquela loucura toda.
Suspirei enquanto falava de forma decidida e final,para que não desse margem a dúvidas nem argumentações.
“Por favor, me soltem! Não suporto mais ficar aqui enquanto minha família e amigos estão lá fora sendo massacrados por pessoas inescrupulosas e desumanas; nem ouvir mais ninguém se referir ao Paul,como se ele fosse cúmplice de algum crime.Sei que não foi essa a sua intenção Michelle,mas é como percebo que mesmo inconscientemente muitos o olham.Fui eu que estava com ele ontem,eu que sei o que passamos juntos e posso garantir a quem for, que ele nunca,jamais teria escolhido passar pelo sufoco e o desespero que passamos; muito menos permitiria ter sua família exposta desta forma, nem a minha.”

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