Capítulo 1

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E do nada minha vida ficou de cabeça pra baixo. As pessoas que mais eu amava nesse mundo partiram muito cedo e me deixaram aqui sozinha, sem ninguém! A saudade que eu sinto é terrível e me corrói a cada dia , tem horas que não sei onde acho forças pra seguir em frente, mais sigo dia após dia vivendo, e as vezes me pergunto o por que de eu não ter morrido naquele acidente junto com meus pais, mais a vida tem que pregar essas peças na gente.

Hoje rodei praticamente o dia todo atrás de um emprego e não consegui nada, já estou pra entrar em desespero. O dinheiro que eu tenho só irá durar até uma semana no máximo, e pra durar até isso, terei que comer uma vez só durante o dia . A sorte é que uma moto é mais econômica, o dinheiro que consegui com a venda do carro eu comprei essa moto e guardei um pouco do dinheiro, era um carro velho e não deu muito, mais só o suficiente pra comprar essa moto usada e uns cinco meses de aluguel e as despesas mensais. E já estou a procura de emprego a exatos quatro meses chegando aos cinco.

Minha amiga já me ofereceu ajuda, mais não é um trabalho que quero pra mim, com todo respeito a ela, mais dançar pra um monte de homens pra mim é demais.

Hoje com meus dezenove anos eu me orgulho que em meio aos problemas que enfrento nunca optei por esse lado.
Até hoje me dói quando lembro que tive que abandonar a minha faculdade de Medicina . Era meu sonho me tornar médica e salvar vidas, mais o destino me pregou essa peça e não tive opção a não desistir.  Achei que meus pais tinham algum dinheiro guardado pra mim, ledo engano, apenas dívidas e mais dívidas. A nossa casa que era maravilhosa, os carros, a empresa . Perdi tudo,as dívidas eram muitas e todos dias alguém batia na minha porta cobrando . No fim só o que me restou foi apenas o carro velho e mais nada. 

Estava um pouco contente por ter ficado com o carro, mais isso só durou duas semanas; fui despejada e não tinha pra onde ir. Vendi o carro e vim parar onde estou hoje. E já começando a entrar em desespero, sinto que estou mais magra, isso se deve a alimentação precária que ando tendo . Hoje já chorei ao chegar em casa, cansada de rodar por aí deixando currículos e recebendo caras feias,  e o mais torturante , chegar cansada e com fome e não ter o que comer. Chorei por eu ser uma inútil que nem pra arrumar um emprego serve, quem manda ter essa cara de patricinha mimada .

Depois de banho tomado, o telefone toca e olho no visor , é a Laura a minha amiga.
Atendo o telefone e deito no sofá enquanto nos falamos . Ela toda animada me conta sobre uma festa que iremos. Pois é ela me inclui em tudo , essa festa é da empresa do pai dela, e festas assim são um tédio, como eu sei disso? Simples nossos pais eram amigos e nas festas sempre um convidava ao outro e eu e Laura nos conhecemos assim.  Ah o porquê da Laura dançar em uma boate? Simples, pura rebeldia!
Conversamos muito, ela é uma ótima amiga, nunca saiu do meu lado, se eu contasse o que estou passando com certeza ela já tinha me carregado pra sua casa, e jamais eu quero ser o peso de alguém. Sabia que não tinha como me livrar dessa festa, combinei de me arrumar em sua casa, não pegaria bem chegar de vestido em uma moto numa festa desse padrão .
Graças a Deus eu ainda tenho uns vestidos novos de festa . Se eu juntasse e vendesse, creio eu que daria pra pagar aluguel por um ano inteiro e as despesas todas durante esse ano. Mais tem um motivo do porque eu não quero vender minhas roupas, foram me dadas com tanto carinho por meus pais e são as únicas coisas que não me tomaram.  E também sinto que eu vou precisar delas.  Não sei por que mais sinto isso .

Acabei achando um pacote de biscoito dentro do armário, comi como se fosse a coisa mais gostosa do mundo. Nunca imaginei que passaria por isso um dia, e é tão doloroso saber que muitas pessoas nesse mundo afora passam pior que isso. Eu ainda posso me alimentar no almoço e muitos não podem de jeito nenhum.
Assisto até tarde os programas que passam na televisão. Acordo com o pescoço doendo, dormi no sofá e não tinha nem percebido, o cansaço era tanto que nem fui pra cama, capotei aqui mesmo.

Hoje será mais um dia longo. Escovo meus dentes e tomo um banho ligeiro , já se passa das oito e meia quando meu telefone toca, é um número que não conheço, atendi receosa e o cara do outro lado falava sobre eu ter sido escolhida para o emprego em uma lanchonete.
Fiquei radiante, as coisas estavam indo bem , o dia tinha tudo pra dar certo, mais bem na faixa de pedestres a moto falha o freio e acabo atropelando alguém, também caio no chão e acabo com o braço machucado. Me apresso em levantar e grito com a dor no braço. Vejo um homem se levantando e sacudindo a roupa, sei que deve ser alguém importante pois seu terno Armani é impecável.  Me aproximo pedindo desculpas e o mesmo me dirigi um olhar gélido e mortal, tive medo desse olhar e me calei imediato. O mesmo segue novamente a rua e nem olha pra trás, mais que ser terrível, como uma pessoa pode não aceitar um pedido de desculpas. Onde já se viu não escutar um pedido de desculpas.
Minha moto deu uma empenada na janta, mais deu pra rodar.  Cheguei na lanchonete  atrasada e com a roupa suja , o dono me olhou de cima abaixo e apenas disse que havia escolhido a outra candidata que chegou mais cedo , que gosta de pontualidade, e isso com certeza não era o meu caso . Fiquei furiosa com ele falando isso, ele nem me conhecia. Sai daquela lanchonete arrasada.  Em meses era a primeira entrevista e eu falhei . Estava perdida só tenho menos de uma semana pra pagar o aluguel e a dona do apartamento não me deixará ficar sabendo que não tenho um emprego e como pagar por o aluguel.

Ao voltar ao meu apartamento encontro uma Laura me esperando radiante . Dei um sorriso frouxo pra ela e subimos. Ela estava com uma sacola de mercado, falou que toda vez que vinha na minha casa nunca achava nada então resolveu já levar o que fazer. Ela havia levado os ingredientes de fazer macarrão com queijo e frango .  E meu estômago roncou, já havia passado da hora de comer e saber que comeria uma comida melhor fez o danadinho alegrar. Ela foi direto pra cozinha colocar água pra fazer o macarrão e eu fui tomar um banho e tirar a roupa suja por a queda. Tomei banho e quando cheguei na sala fui contar o que havia acontecido. Contei tudo mesmo.

-Amiga... Não acredito que você quase matou uma pessoa.

- Ei. Eu não fiz querendo sua louca, o freio da moto falhou. Aliás de tudo que te contei você só escutou isso ?
Falo abismada com essa amiga louca que tenho.

- Não ne Marina . Lógico que não!
Suspira alto.

- Sabe amiga, é tão difícil te ver passando por tudo isso. Você realmente é uma guerreira , me orgulho de você.

Termino de ajudar ela com o macarrão, havia ficado maravilhoso, fazia tempo que eu não comia assim. Repeti o prato e o que sobrou cuidei em guardar na geladeira, a comida de amanhã estava garantida. Laura estranhou eu ter comido tanto, sempre fui de comer pouco e realmente comi como uma esfomeada. Dei apenas de ombro com o comentário dela alegando que estava bom e que não tinha tomado café por causa da entrevista e toda enrola. Laura ficou durante a tarde toda e quando a noite chegou ela foi embora, fui pra minha rotina, ver TV, era a única coisa que tinha disponível, mais me alegrava por ainda possuir isso.



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