Fidúcia

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Seguiram até o final da selva sem problema algum, não fosse pela quantidade absurda de mosquitos que enchiam os viajantes de picadas, esta noite não estava iluminada pela lua o que dificultava bastante a locomoção, pisaram novamente no solo seco da terra castigada, agora seguiriam pela encosta oposta da cordilheira, já estavam além da metade da viagem segundo as lembranças do ferreiro, e o caminho que restava tendia a ser mais fresco pela quantidade maior de bosques do caminho, água também seria encontrada mais facilmente, assim como comida "A parte difícil da viagem" Dizia Mordundax "Já passou". Lançaram-se com tudo que os cavalos tinham para dar de si, em velocidade máxima alcançada pelos animais cortavam quilômetros como se fossem metros, a pouca visibilidade não infortunou os três, as montarias eram treinadas e acostumadas a solos piores do que os que percorriam, e mesmo quando o sol amanheceu não cessaram, as paradas periódicas para dar de beber aos cavalos não os desanimava, pelo contrário, era a hora de parar, olhar para trás e não mais ver o mesmo caminho, a mesma paisagem de antes, dormiam pouco porém o bastante, neste bom ritmo percorreram sete dias então, já estavam muito longe da selva, continuavam a treinar e caçavam sempre pássaros, lagartos e alguns outros pequenos roedores, os rapazes já tinham noções básicas de arco e flecha, mas continuavam com a mira torta, entretanto haviam melhorado muito com as espadas, quando descansavam dormiam pesadamente, era o resultado do cansaço da aventura, o sol havia deixado os rapazes mais bronzeados nos braços e rostos e o ferreiro por sua vez estava mais escuro que de costume, em certa noite deitaram-se para descansar embaixo de uma árvore, os galhos da árvore se lançavam tão longe que chegavam a quase tocar o chão, curvando-se em direção ao solo pelo peso das próprias folhas grandes, era de certo um bom lugar para ficar aquela noite, Mordundax falou para os garotos:

– Descansem bem esta noite rapazes, até onde me lembro não falta muito para chegarmos ao castelo. Amanhã chegaremos a Floresta Mendiácem e é nela que o castelo está, porém a floresta é gigantesca, o que nos dará muitos dias ainda de caminhada.

Deitaram-se então lado a lado, Lance estava a acariciar Silfáide, cada qual ficou quieto esperando ser vencido pelo sono, cada um perdido em seus pensamentos, talvez pensassem em como suas vidas poderiam mudar dali para frente, em como seria o novo rei e como ele poderia ajudá-los, Deric decidiu fazer a primeira campana da noite e então dormiram, alternando como sempre quem ficaria acordado.

Lance acabou por fazer a última campana, estava para amanhecer, a temperatura havia baixado um pouco e podia sentir-se o ar um tanto mais fresco, estava começando a clarear e enquanto os outros dormiam o rapaz se sentou com os joelhos dobrados e pôs-se a limpar sua espada, a arma continuava afiada e reluzente, retirou do bolso uma flanela e esfregou toda a extensão da lâmina e quanto mais esfregava mais brilho o metal ganhava tal como o seu pai fazia, contente com o resultado então recolheu a arma de volta a bainha , Pegou dentro de sua bolsa a faca que Doro a açougueira havia lhe dado antes de sua saída do vilarejo e também a deixou brilhando. Após isso levou a mão a sua cintura e puxou os dois saquinhos que recebera do seu pai adotivo, abriu o primeiro saco e o virou com a boca para baixo em cima da palma da mão, a pedra vermelha caiu sobre sua mão novamente, Lance pegou-a e a levantou na altura dos olhos, a pedra refletiu a dança que fazia a fogueira a sua frente, sua superfície era lisa, e sua transparência vermelha era hipnotizante, simples e bonita. O rapaz ficou a pensar uma utilidade para ela, mas desistiu, não parecia como as outras pedras que havia visto em rios ou qualquer outra de algum valor estimável, e a única ideia que tinha em relação à pedra era que poderia vendê-la caso a situação viesse a piorar um dia, abriu então o outro saquinho e observou o símbolo da Ave de asas abertas, era dourada e bem esculpida "poderia ser o símbolo de alguma sociedade, ou de um grupo secreto que seu pai fazia parte pensou", milhares de possibilidades cercavam o símbolo, fitou o objeto por algum tempo e foi surpreendido por uma pergunta:

A ESTRELA DO DRAGÃO - A DIVINA RIVALIDADEOnde histórias criam vida. Descubra agora