Nostalgia, lembranças e amizades (O ocorrido de 12 anos atrás)

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Sentado na cama Lance ficou a olhar suas mãos, penteou os cabelos e os prendeu, abriu sua bolsa e pegou os pertences que mais tinha de valor, não gostava da ideia de deixá-los no quarto, os colocou nos bolsos das vestes novas e abriu a porta do quarto, já estava para anoitecer e então bateu à porta do amigo Deric, que a abriu com certa cara de sono e preguiça na voz:

– Já está na hora? Nem havia percebido, chame Mordundax, vou calçar as botas.

O rapaz ruivo então bateu à porta do outro lado do corredor, não antes de ouvir um roncar forte lá dentro, sem resposta continuou a bater e os roncos pararam, o ferreiro abriu então sua porta também, com cara de mau humor e pediu para que Lance entrasse, esperou que o homem se arrumasse e saíram para o corredor onde Deric já os esperava, andaram lado a lado pelo corredor em direção à sala de jantar. Dois soldados estavam guardando cada uma das duas portas sendo uma em cada extremidade, abriram passagem para que os três passassem e então chegaram a uma sala com várias janelas e candelabros por todas as partes, vitrais com desenhos embelezavam o ambiente e o cheiro vindo da cozinha era tentador. Foram os primeiros a chegar, então às mesmas duas criadas de antes lhes mostraram seus acentos e pelo que Mordundax pode perceber não eram muito próximos ao acento do rei. Ali aguardaram por algum tempo, ficaram quietos o bastante para poder prestar bastante atenção a cada talher e a cada detalhe preparado para o jantar, flores também estavam espalhadas por todo canto. Então de uma das portas da sala de jantar mais precisamente atrás do ferreiro apareceu uma mulher, os rapazes puderam vê-la primeiro, mas Mordundax parecia ocupado em um mosaico de um animal no teto, a mulher tinha um andar selvagem, seu cabelo era esvoaçado, ondulado e negro, seus olhos eram penetrantes pouco mais claros que seus cabelos e sua pele era bronzeada e delicada, suas vestes era de cortes de panos vulgarmente feitos para se ter liberdade nos movimentos onde apenas escondiam suas partes íntimas tal como virilha e busto, usava nos pulsos e nas pernas pulseiras feitas com sementes e suas orelhas eram levemente pontudas, tinha sardas nas maçãs do rosto e unhas longas. Os dois jovens logo imaginaram ser da mesma tribo que a garota Alenia que encontraram na mata há dias, a mulher se aproximou até chegar às costas do ferreiro que agora prestava atenção em uma das janelas que revelava a copa de uma árvore, a mulher abaixou-se até o ouvido do ferreiro sem fazer nenhum som brusco, e falou baixinho em seu ouvido.

– Então é verdade? Mordundax Taxtor está de volta!

Os rapazes se levantaram e ficaram imóveis a apreciar a beleza que a mulher continha, era praticamente impossível não reparar suas curvas com aquela roupa tão curta, até mesmo os guardas tentavam evitar fitar o corpo dela. O ferreiro levantou-se sobressaltado com todo o lado direito do corpo arrepiado e visualizou a mulher, sua voz era extremamente doce e seus movimentos eram suaves como veludo. O ferreiro se virou e olhou-a de cima a baixo dizendo:

– Ivânia? A grande guerreira da selva, há quanto tempo não nos vemos – Não conseguia falar sem prestar atenção em seu decote, ato este que foi percebido pela mesma.

– Você não mudou nada Mordun... E quem são estes rapazezinhos lindos? Devem ter alguma importância já que o rei aprontou este jantar as pressas, minhas tropas não entenderam muito bem quando disse que precisava interromper o treino de caça aos Basiliscos. – Perceberam então que a mulher também continha o estranho sotaque da outra ao qual chegou a eles como um beijo.

– Ah sim, Este rapaz loiro é Deric Houfskór de Nômiha e o ruivo é... – Neste momento fora interrompido pela mulher.

– O filho de Lancemonth Doviel é claro, têm os traços do pai, tão bonito quanto. Este jantar vai ser muito interessante.

Lance gostou de ser reconhecido, gostou de ser comparado ao pai, mas ficou vermelho de vergonha com o elogio; então foram cumprimentar a mulher os dois garotos. Aproximaram-se dela e levantaram suas mãos para fazer o cumprimento da religião Fafinirsta, mas novamente foram interrompidos, Ivânia então disse:

A ESTRELA DO DRAGÃO - A DIVINA RIVALIDADEOnde histórias criam vida. Descubra agora