Lance revirou as roupas jogadas aleatoriamente pelo quarto, estava à procura de um pequeno cordão que usava para prender os cabelos, os quais já alcançavam seus ombros. Quando tinha lá pelos seus dez anos de idade os fios negros de sua cabeça começaram a adquirir a cor vermelha, era a herança sanguínea de sua mãe que começava a se mostrar. Era agora um garoto forte, com 1,80 m de altura e olhos cor de mel, que diga-se de passagem, lembravam muito os do pai, era o mesmo olhar desafiador e sério, porém um pouco mais ingênuo. Finalmente encontrou o cordão jogado atrás da mobília, abriu um sorriso de canto e com ar de satisfeito amarrou os cabelos bagunçados, saiu às pressas pelo corredor fora do quarto, desceu as escadas e passou pela sala bem-arrumada dirigindo-se a cozinha onde esperava encontrar algo para comer, logo que pisou no cômodo Mell virou-se para recebê-lo com um largo sorriso, a mulher tinha um ar maternal natural apesar de nunca ter tido filhos, voltou-se para o rapaz dizendo:
– Boa tarde, dorminhoco – lhe deu um beijo na testa, ação esta que teve de fazer nas pontas dos pés – Têm pão quentinho que acabei de fazer, e leite fresco em cima da mesa, coma e depois venha falar comigo, tenho uns afazeres para você hoje – disse isso e se dirigiu para uma outra porta na lateral da cozinha que dava no quintal da casa.
O Rapaz concordou e foi sentar-se à mesa de madeira, o pão ainda soltava fumaça e continha um aroma gostoso que o rapaz adorava, era leve e desmanchava na boca; comeu e foi lavar o rosto em uma bacia prontamente colocada em um dos cantos da cozinha, após isso caminhou até o lado de fora da casa a procurar por Mell. O dia estava maravilhoso, os pássaros cantavam em agradecimento ao sol quente que se destacava no infinito céu azul, a grama verde do lado de fora fazia desenhos engraçados ao rufar dos ventos e uma brisa que ostentava a sensação de liberdade acariciava tudo o que tocava. Mell estava dando de comer as galinhas, ato esse que sempre animava Lance, ver as galinhas empurrando umas às outras em busca do grão de milho maior e mais amarelo que encontravam, a mulher gorda e baixa que o rapaz a muito chamava de mãe, era dedicada ao cuidar da casa, costumava deixar tudo muito limpo e cozinhava nos melhores tempos financeiros da família como um chefe de cozinha de um reino honrado mundo afora, já tinha idade avançada e seus cabelos começavam a mostrar sinal da exatidão do tempo, o marido Férhoul era um tanto mais jovem, porém muito mais velho que Lance, era um homem magro de olhos cansados e que gostava de viver aos bons e velhos costumes que seus pais passaram para ele, e que ele gostaria de passar a frente; estava no campo avaliando se era a hora certa para colher os vegetais, afinal desde sua juventude a muito trabalhava com plantio e colheita, com anos e anos de trabalho duro a família conseguiu criar seu próprio espaço, uma boa terra para cultivar grãos e ter uma farta mesa de verduras e legumes de qualidade. A casa em que viviam fora dada a eles a doze anos atrás pelos pais sanguíneos de Lance, o senhor e a senhora Doviel. O garoto de cabelos parcialmente ruivos ajudou sempre que pode nas plantações, gostava de ver as sementes se tornarem mudas e logo darem frutos o qual parte comiam e parte vendiam para terem renda suficiente para viver, digamos não bem, mas com dignidade.
– Férhoul voltará em breve, foi apenas levantar os espantalhos que os malditos corvos se acham na obrigação de derrubar e avaliar se os frutos estão crescendo como desejado, enquanto ele não volta gostaria que fosse até a casa de Doro e me trouxesse de lá uma remessa de carne, pois a nossa está acabando e não quero ver seu pai reclamando de novo ouviu bem? Se quiser pode passar na casa de Deric como de costume, mas volte antes do anoitecer, pois tenho de fazer o jantar – Disse a mulher ao ver que o garoto encontrava-se a observar ela alimentar as aves.
– Tudo bem mamãe, tinha mesmo de falar com Deric, queria falar com ele sobre o meu sonho, tive de novo há três dias, e ainda não contei para ele, pois sempre que passo em sua casa ele está a ajudar o pai – respondeu o garoto.
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A ESTRELA DO DRAGÃO - A DIVINA RIVALIDADE
Fantasía"Cinzas cairão do céu quando o último dos seis dragões cair, guerreiros chorarão enquanto outros irão comemorar a tormenta vencida, as raças entrarão em conflito, o vento rufará em tufões que arrebatarão árvores e montanhas, as águas irão subir em o...