A ESTRELA DO DRAGÃO - A DIVINA RIVALIDADE

Desventuras

Seguiram cortando a estrada ao sul e apesar de ter amanhecido há pouco tempo já começava a fazer calor, iam a um ritmo rápido, não era o máximo que os cavalos podiam dar de si, mas era um bom início, Mordundax ia à frente e os dois garotos o seguiam, olhavam atentos para os lados se deliciando com cada árvore, cada morro e cada montanha que cortava os céus a esquerda deles, vez ou outra viam algum animal pastando, era tudo novo e emocionante para os jovens, Lance quis esboçar sua emoção:

– Estou ansioso por tudo a nossa frente, já não aguentava mais fronteiras e limites.

– Eu já pensava em provar novos horizontes a um bom tempo – Diz também o rapaz loiro.

– Pois eu na idade de vocês já lutava contra homens de todos os tamanhos, era um recruta do exército, me destaquei e consegui me tornar capitão, mas deixei as tropas para viver uma vida sossegada, nunca tive filhos e minha esposa morreu há muito tempo – Disse também o ferreiro.

– Não teve filhos até agora não é senhor, não pensa em se casar novamente – Quis saber Deric.

– Creio que não, as mulheres não se atraem muito por ferreiros, acham que somos brutos sem coração e que nossas vidas se resumem a batidas no metal, a verdade é que sinto falta de uma mulher em casa, mas não corro mais atrás disso até porque em Nômiha não existem muitas sozinhas da minha idade não é mesmo – Virou a cabeça sorrindo para os rapazes que sorriram de volta, então Deric falou diretamente à Lance.

– Quando pararmos para descansar poderíamos treinar com nossas espadas o que acha?

– Acho que deveríamos treinar em todas as nossas paradas, o senhor Mordundax poderia ensinar alguns movimentos a nós.

– Estou mesmo precisando rapazes, ah tempos que estou um tanto enferrujado, mas terei de usar uma de suas espadas, pois com meu martelo seria desigual a menos que já se encontrem aptos a enfrentar a Pata de Búfalo do velho Mordundax – Advertiu o ferreiro – Por hora esporem seus cavalos crianças, vamos cortar o máximo que conseguirmos destas terras – Atacou o próprio cavalo com os dois pés que relinchou e se atirou ganhando terreno à frente dos rapazes que apesar de fazerem o mesmo movimento continuavam a se distanciar a cada metro cavalgado.

Os dois rapazes trocaram olhares excitados entre si e assim seguiram por vários quilômetros. Pararam no final da manhã onde o sol se encontrava exatamente no centro do céu, desceram das montarias logo que chegaram a um pequeno lago que havia sobrevivido à alta temperatura que se encontravam, deixaram os cavalos saciarem a sede e eles mesmos beberam alguma quantidade de água, apenas um pouco, pois a água do lago não era de toda limpa para eles, já os cavalos se sentiam em um verdadeiro oasis. Deric retirou sua espada da bainha e apontou para Lance que amarrava novamente os cabelos que bagunçaram ao vento durante a breve viagem, o amigo retirou também a sua que continuava bela e brilhante, Mordundax se sentou ficou a observar os dois.

Colocaram-se em posição de batalha a mais ou menos três metros de distância um do outro e fitaram-se, Lance saltou em direção a Deric que bloqueou o ataque vindo por cima, os dois sentiram a diferença do choque entre espadas de treinamento feita de madeira e as de metal usadas para batalhas de verdade, aquilo acelerava a pulsação de ambos e aumentava a adrenalina nos treinos, perceberam também que era preciso agora um cuidado maior para não se machucarem em vão, Deric não demorou para contra-atacar girando e golpeando as partes baixas do amigo que defendeu bem atacando pelo lado oposto que também fora defendido, afastaram-se e recuperaram o fôlego, então o rapaz loiro iniciou o duelo desta vez atacando com uma sequência de maior dificuldade de bloqueio por atacar aleatoriamente somente a parte acima do tronco inimigo, sua espada dançava no ar, sendo bloqueada adequadamente pelo amigo que também mostrava-se muito perspicaz e esperava que o folego de Deric terminasse para então surpreendê-lo, o último ataque do rapaz loiro terminou com uma investida com o corpo para cima de Lance, o que não era esperado por tal, o qual também investiu pulando para trás erguendo a espada acima da cabeça desferindo um golpe certeiro na espada de Deric que esticou-se ao máximo tentando espetá-lo, a espada do rapaz loiro caiu no chão e Lance tão rápido quanto pode chutou o amigo no peito que caiu de costas com os braços abertos se mostrando indefeso e derrotado, o rapaz ruivo que ofegava, colocou sua espada próximo ao pescoço do combatente caído e disse: