Um passeio estranho pela capital

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Na manhã seguinte se encontraram do lado de fora do castelo, novamente naquela rua larga que era uma das quatro ruas principais da cidade, porém apenas esta levava ao portão de saída do cercado de pedra, era nesta rua que existia as casas mais nobres dando assim uma cara disfarçada de beleza para os visitantes; uma chuva fraca caía, e os garotos colocaram os capuzes dos casacos que os serviçais do castelo lhe cederam antes de saírem. Decidiram andar pelas ruas principais, que eram as ruas onde existiam as mercadorias, bares, oficinas e tudo o mais que fosse funcional as pessoas. Deric aproveitou o entusiasmo e disse ao amigo:

– Você escutou o que o rei disse Lance, você pode comprar o que quiser que a corte pagará tudo, podemos comprar, comer ou beber o que quisermos, isso é incrível!

– Ah sim, é verdade – Lance não fez uma cara de aprovação ao dizer isto, mas continuou a andar ao lado do amigo.

Seguiram em frente, fascinados com tudo a sua frente, aos poucos as pessoas começavam a sair de suas casas e fazer suas compras como de costume, Lance pensou que as pessoas da capital estivessem passando por algum tipo de toque de recolher, ou então que trancaram-se dentro de casa no dia passado por causa da chegada do trio de Nômiha; mas, ele tinha certeza de que o povo dali estava com medo de algo e pareciam um tanto perturbados, anciosos e frustrados, mas não comentou nada com ninguém, guardou para si como sempre. Então afastou este pensamento e disse ao amigo:

– Será que aqui existe alguma loja de pedras preciosas? Gostaria de ver o que é a pedra que meu pai deixou para mim.

– É uma ótima ideia Lance, mas não acha melhor perguntar para Mordundax primeiro, afinal de contas ele disse para tomarmos cuidado enquanto estivéssemos na capital não foi?

– Sim, mas, eu só vou perguntar o que pode ser, não acredito que um mercador poderia roubá-la de mim, todavia temos a proteção da corte, qualquer problema podemos reportar direto ao rei quando formos treinar.

– É, acho que você está certo vamos lá, mas antes, porque não tomamos uma caneca de cerveja? A cerveja daqui deve ser maravilhosa – Lance quase pode ver água escorrer pelo canto da boca do amigo ao olhar para uma taberna de teto baixo e ambiente escuro, a fachada do lugar não era nada espetacular e continha nada além de uma pequena placa escrita "Calabouço nobre" com uma caneca de cerveja desenhada ao lado.

– Não estamos acostumados a beber Deric, e eu quero estar sóbrio quando for falar com o mercador, vamos à obrigação primeiro certo? – E andou na frente, com o amigo lhe seguindo, não antes de resmungar baixo:

– Vamos à obrigação primeiro, sempre certinho – E gesticulou como Lance sempre faz com as mãos, mexendo no cabelo.

Até acharem uma loja que trabalhasse com o que estavam procurando levou um tempo, passaram em frente a mais dois bares e diversas lojas de tecidos, roupas, poções esquisitas e antiguidades, além de casas e pousadas para visitantes, o povo quase em geral era um tanto mal encarado e conheciam de longe que era forasteiro, o que os deixavam sem jeito quando perguntavam sobre uma loja de artigos preciosos. Após andarem por mais de uma hora e terem percorrido três ruas lotadas de lojas, encontraram-se na última rua localizada atrás do castelo, era aqui onde tudo era mais humilde, e também com artigos mais baratos e de menor qualidade; já próximos a desistir e encharcados pela chuva os garotos pararam em frente a uma loja de armas, Observavam ali alguns arcos e flechas, machadinhas, maças e lanças "todos os itens são artigos para caça apenas" Era o que a placa dizia, Deric quis entrar, mas Lance ainda queria ir até o final da rua averiguar melhor antes de começar a vasculhar as outras lojas. Um som de trote de cavalos e madeira se quebrando seguido por gritos desesperados fizeram com que os garotos se assustassem, uma pequena carruagem de dois cavalos vinha desgovernada na direção deles, um senhor gordo de bigodes grandes e um chapéu que ele se esforçava para segurar em sua cabeça vinha puxando as rédeas desajeitadamente, o que parecia piorar a situação, em um movimento de desespero Lance empurrou Deric para uma viela entre duas lojas e saltou atrás do amigo, caindo em cima do próprio, os cavalos desviaram de última hora estourando as amarras que os prendiam à carruagem, que tombou pesadamente, as rodas com o tranco estalaram e quebraram-se na curva acertando a vitrine da loja de armas em cheio, o homem gordo voou para dentro da loja e a madeira velha da carruagem estragou as armas e a entrada da loja que os rapazes olhavam a pouco, ambos estavam estarrecidos, se levantaram um ajudando o outro e verificando seus próprios corpos para saber se estavam bem, a carruagem havia destruído uma parte da lateral da parede da loja também, obstruindo assim a passagem por onde eles saltaram. Sendo assim eles deveriam seguir pela viela rumo a um beco para procurar por outra saída; Bateram as mãos pelo corpo limpando suas vestes do barro que havia encrustado o tecido do casaco, e andaram tossindo pela poeira vinda da madeira velha que a batida havia causado, na frente da loja o povo começava a se amontoar, curiosos e mais curiosos tentavam acalmar o dono da loja que segurava um porrete de madeira enquanto esbravejava ameaças contra o pobre homem gordo que não conseguia se levantar do chão.

A ESTRELA DO DRAGÃO - A DIVINA RIVALIDADEOnde histórias criam vida. Descubra agora