Capítulo 23

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Christian observou Ana tirar o cabelo do ombro numa mania e o mirar novamente.

Era estranhamente impossível como a garota estava sempre bonita. Até acordando ela parecia estar com a pele imaculadamente macia e limpa, com o cabelo brilhante e penteado e o rosto maquiado. Ele não havia reparado, mas suspeitava de ela passar maquiagem para dormir - e perfume, e hidratante, e pentear mil vez o cabelo.

Era um ritual realmente longo que fazia a garota permanecer pelo menos meia hora em frente a penteadeira antes de se deitar para dormir.

_ Christian? Sr. Grey - ela chamou.

_ Já pedi para não me chamar de Sr. Grey - murmurou ele, dispersando os pensamentos.

_ Bom, você não parecia estar me escutando. Mas então, nossa briga acabou? Estamos com as pazes feitas?

Às vezes, Ana parecia uma mulher adulta no corpo de uma garota de 18 anos; também tinha momentos em que ela parecia uma mulher de idade, sempre lhe dizendo para tomar chá e não vinho antes de dormir, ou dizendo que não andar descalço porque poderia pegar um resfriado, sem contar que ele não podia comer e tomar banho logo em seguida se não morreria - quem diz isso!? - e ainda ficaria com a alma presa no banheiro; e havia aqueles maravilhosos em que ela agia como uma garota de dezoito anos de verdade, vendo séries, lendo livros, gostando dos caras da TV e ouvindo música no último volume - quela abaixava sempre que o via achando que era falta de respeito com o marido; e então tinha aqueles como aquele, em que ela parecia uma criança de seis anos, tendo de ter o aval de um adulto - no caso ele - para tudo, tendo de ter suas perguntas sempre respondidas por ele e suas decisões tomadas por ele.

Era extremante irritante na maioria - todas - das vezes. No começo, Christian achou que fosse apenas porque ela tinha idade suficiente para dividir sua vida, para decidir se queria ouvir Coldplay no último volume, ou se queria ouvir Bath num calmo e sereno silêncio, se queria aprender a falar Mandarim ou Tailandês, se aquela conversa havia acabado ou não!

Mas talvez não fosse apenas irritação, e sim responsabilidade.

Sabe, ele havia ficado responsável por uma pessoa. Não era uma empresa, ou um cachorro, era uma pessoa! Uma garota de dezoito anos que tinha costumes totalmente diferente e aparentemente era tão inocente com as pessoas ao redor quanto uma criança de dois anos. Se ele decidisse algo errado? Se ele fizesse algo errado?

Ele havia levado - sobre sua total responsabilidade - Anastacia para os Estados Unidos, tendo de ser praticamente o tutor da garota em tudo.

Ele não sabia sobre ela, não a conhecia. Sua decisão era lei para a morena.

Ele tinha constante medo em decidir algo que ela queria, e ela não dizer que não queria. Ele não sabia se ela queria ouvir Bath ou Coldplay, se ela queria falar Tailandês ou Mandarim.

_ Então... - ela questionou, franzindo o cenho. - Tem certeza de que você está bem?

_ Sim, eu tenho - respondeu ele.

Não era hora de ficar pensando na garota daquele jeito. Não havia nem percebido da onde veio aqueles pensamentos sobre ela.

_ Ta', eu vou sentar aqui de qualquer forma porque precisamos conversar uma coisa muito séria - a garota disse, sentando-se no sofá. - Sente-se, por favor - pediu, pegando o travesseiro com o notebook em cima e colocando no próprio colo.

Christian obedeceu, suspirando.

_ Tem que ser agora?

De repente ele só queria um banho e esquecer aquela droga de dia.

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