Capítulo 55

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Ana se concentrou em não pensar demais enquanto apenas escutava Flynn.

John Flynn era seu psicólogo, ao qual foi obrigada a ir duas vezes por semana assim que saiu do hospital, seis meses atrás, pois segundo os médicos "ela tinha um trauma a ser tratado agora".

Na verdade, tudo o que resultou suas visitas à Flynn foi poder não estar mais tão confusa sobre tudo. Flynn a fazia entender que certas coisas estava tudo bem ela sentir e outras eram preocupantes. Ana estava passando por um processo difícil após os médicos confirmarem que ela não poderia ter outro filho, pois seria fatal a si e até mesmo para o bebê.

Depois disso, Christian simplesmente a obrigou a começar com as injeções anticoncepcionais, mesmo que fosse contra a sua cultura.

Que já não era mais tão sua assim.

Em todo caso, Teddy era o suficiente. E ele sempre seria. Teddy era a alegria do mundo de Ana. Christian junto à Teddy era a sua vida colorida.

Mesmo assim, Ana não entedia muitas coisas, o que levaria tempo, e Flynn tinha uma paciência incrível que o permitia exercer bem sua profissão.

_ Às vezes eu acho que sou obcecada pelo Teddy, eu não acho que seja normal o que eu sinto por ele - comentou ela.

Flynn lhe sorriu.

_ É o poder do amor de uma mãe, são obcecadas por seus filhos - disse ele.

Ana realmente não entendia nada daquilo, nunca sentiu tal amor tão infinito vindo de sua mãe, nunca sentiu aquela dependência vinda dela para si. Então ela tinha medo, e não sabia explicar o porque.

_ Eu sinto como se fosse morrer quando fico longe dele por algumas horinhas. Como agora. Isso é tão confuso - lamentou.

O psicólogo riu fracamente.

_ Não é crime amar de uma forma que você não sabe explicar, Ana - garantiu ele.

_ Como é o amor de verdade? - questionou ela.

_ Tem um monte de tipos de amor. E todos eles acaba um pouco com a nossa cabeça, sabe.

Ana riu.

Ela gostava de Flynn por causa daquilo: ele era espontâneo ao extremo.

_ Estou falando de amor, amor que seja bom - insistiu ela.

_ Todo amor é bom, Ana. Tem algumas pessoas que não amam de forma pura, mas todo amor é bom. Não é que existe um jeito certo de amar, mas tem pessoas que amam tanto que acabam estragando as coisas, entende?

_ Como a Elena? - atirou ela.

_ É um exemplo claro. A Elena ama da forma dela, é um tipo de amor obsessivo que é perigoso para quem é amado e é claro, quem está ao redor.

_ E você diz que não existe jeito errado de amar, sabe, ela me matou ao meu filho também.

_ Amor é amor, não importa se está machucando ou não. Continua sendo amor. Se você ama demais, acaba enlouquecendo. Se você ama de menos, acaba não amando. Você ama seus pais, mas não gosta do que eles fazem, não é? Você não gosta da forma que eles te tratam, mas acha certo porque eles são seus pais. Você ama sua amiga Kate, mas às vezes ela te magoa. Você ama o seu marido, mas nem sempre ele é a melhor pessoa do mundo com você. Está vendo? O amor pode fazer a gente se machucar. Mas mesmo assim, todas essas pessoas que você ama, também te amam, sabe, mesmo te machucando às vezes. Você também machuca as pessoas que te amam, e não por isso o amor que você sente por elas diminui. Cada um reage de uma forma diferente ao amor, alguns reagem bem, outros não.

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